Benício cabreiro da última noite resolveu esperar o policial acordado, não queria amanhecer no sábado da mesma forma que o dia anterior.
Se surpreendeu ao ouvir o carro do policial estacionando na garagem cerca de uma hora e meia depois de ter saído. Mesmo sabendo que seria praticamente impossível Tubarão estar tão bêbado como das últimas vezes, o rapaz decidiu se esconder no banheiro.
Ficou ali por alguns segundos, esperando ouvir os passos do homem entrando dentro de casa e depois no quarto, mas o que ouviu foi um som bastante diferente.
O riso de uma mulher, um riso alto e estridente. Em seguida a voz do policial e gemidos abafados.
Benício sentiu seu mundo desabar, era o tiro de misericórdia que precisava. A situação ainda piorou quando o rapaz abriu a porta do banheiro tentando não fazer barulho e encontrando na sala, no seu sofá, porque ele usava tanto aquele sofá que chegava ter a marca das suas costas e bunda que poderia sim dizer que era dele. Mas quem estava ali agora era uma mulher sobre o colo do policial. Uma moça branca dos cabelos negros, lisos escorridos. Usava um tomara que caia, que para o desespero do babá já havia caído a altura do umbigo. O seu corpo parecia lindo, algo que fascinaria qualquer homem, algo que possivelmente fascinou o seu policial.
Ben teve que se esconder na cozinha, para não ser percebido pelo novo casal em seu cortejo nupcial até o quarto de Tubarão. Por aquele ângulo, viu os seios da moça junto ao peitoral de Alex, mas não era só isso que os dois tinham fixos no outro, se beijavam intensamente, o que esfaqueva o babá aos poucos.
O rapaz queria fugir dali, procurou um carro para o tirar daquele lugar, mas naquele horário já não existia nada.
Decidiu que seria impossível ficar dentro da casa ouvindo os gemidos do casal, passaria as horas seguintes na laje, no seu ponto preferido, o que dava de frente pra rua, o mesmo que daria uma visão da praia caso não fosse noite. Mas no fundo sabia que ficou por ali, porque queria se torturar mais um pouco, queria ver quando aquilo terminaria, calcular o tempo que eles ficariam juntos.
A sua grande surpresa foi ver que espantosamente a moça saiu de dentro da casa instantes depois ao dele ter subido a laje. O babá tentou se esconder, mas acabou ouvindo a conversa de Tubarão com a mulher.
- Linda, me perdoa, eu juro pra você que eu não sei o que me aconteceu.
- Relaxa gatão, isso acontece nas melhores famílias.
- Não quer voltar?
- Não, eu estou com um pouco de dor de cabeça, acho que bebi demais.
- Deixa que eu te levo em casa então- O policial insistia.
- Não, não precisa, eu moro na outra rua e conheço tudo aqui, obrigada mesmo, mas agora eu preciso ir.
- Nossa, eu não sei o que rolou, ou tá rolando na minha cabeça, desculpa mesmo.
- Relaxa boy- Tubarão tentou dar um beijo na moça, que acabou virando o rosto, fazendo com que o beijo fosse na bochecha. A mulher revirou os olhos demonstrando não tesão e sim pouca paciência com a situação.Ben acompanhou a situação confuso, não sabia ao certo o que tinha acontecido, a única certeza era que Alex tinha levado uma mulher pra passar a noite com ele.
Aguardou um tempo antes de descer da laje, mesmo assim foi inevitável não dar de cara com o policial sentado na varanda. O homem o mirou com os olhos vermelhos em chama, como se lhe culpasse por algo. Ben o encarou, incrédulo ainda com o que presenciou minutos antes.
Alex se levantou, se aproximou do babá, com a boca espumando. Ben notou que ele não usava mais a camisa preta, e que o botão de sua calça estava aberto. O policial seguiu o encarando, mastigando os próprios dentes, ficaram assim sem falar nada, até que Alex entrou dentro de casa batendo a porta e entrando no quarto revoltado.
Na manhã seguinte, Ben se levantou por volta das dez horas. Acordou banhado de suor, o calor era o mais forte visto no verão. O babá sabia que todo o estresse que vivia nos últimos dias tinha muito da contribuição do forte calor, tudo o deixava irritado, as vezes deprimido, ele torcia por uma mudança de tempo, como uma criança torcia por doce.
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QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)
RomanceLivro ainda não revisado. Uma história de pessoas comuns, com dilemas e situações observadas em nosso cotidiano. Descrita com muitos detalhes, apresenta personagens complexos que buscam o equilíbrio para viver numa sociedade em constantes mudanças...