QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)

PÓLVORA

A véspera de ano novo iniciou com uma grande novidade, Tubarão através de um grande malabarismo conseguiu ficar em pé pela primeira vez desde o acidente na noite de natal.

Fez isso utilizando apenas uma das pernas e apoiado num dos braços, Julinho acompanhou passo a passo do pai, a princípio preocupado, mas em seguida dando risadas do estado lamentável do homem.

Era um verdadeiro boneco de lata, com dimensões gigantescas e todo remendado. Tubarão olhou pro filho e tentou ainda brincar com a situação.

- Acho que o seu super herói precisará passar por alguns reparos. Um pouco de mágica mão seria nada mal agora.
- Pois já rolou magia demais aqui, porque pra te tirar da situação que você estava, somente através de muitos feitiços aprendidos em Hogwarts.

Tubarão acabou não entendo a fala de Patrick, lhe pareceu mais uma piada interna, nunca tinha tido contato com a obra da Harry Potter, mas Julinho ficou admirado com o fato do doutor conhecer a fantástica escola de magia e bruxaria de Hogwarts.

Mostrou empolgado um dos livros da coleção que acabará de ganhar de Benício a Patrick. Estava ainda nas primeiras páginas, fazendo a junção de palavrinhas e tentando assimilar as informações contidas naquele livro. Segundo sua leitura Harry acabará de chegar ao espetacular Castelo de Hogwarts, tendo sorte Patrick lhe contaria mais detalhes do que aconteceria no futuro a Harry, Ron e Hermione.

O policial voltou ao leito um pouco cansado, estava desesperado para mostrar aos médicos que já estava bem, mas sabia que sua situação ainda estava muito limitada. Ficava tentando fazer cálculos para saber como daria conta de viver sem uma das pernas e um dos braços por mais vinte dias.

- E então Doutor Patrick estou pronto pra ter alta? Me diz que sim! Não aguento mais a comida desse lugar, e esse entra e sai de enfermeiro aqui o tempo todo me furando e coisa e tal.
- Ainda não sei, você está se recuperando de forma incrível, parabéns mesmo, aparentemente sem nenhuma sequela, isso é muito bom também. Mas esse cansaço aí, não é muito comum, não é mesmo, senhor atleta?
- Aí caralho, onde você quer chegar?
- Seu coração passou por muita coisa, sobreviver a três paradas cardíacas não é pra qualquer um, nesse primeiro momento coisas simples como ficar em pé podem ser um esforço muito grande pra ele. Isso ainda me preocupa muito, vamos fazer um eletro agora e ver como ele está se comportando. Não podemos nessa altura do campeonato, com tudo o que conquistamos, correr o risco de você infartar, não é mesmo?
- Vira essa boca pra lá doutor- Gritou Fatinha, já preocupada com a saúde do filho.
- Não brigue comigo dona Fatinha, só estou sendo cauteloso, e mostrando ao teimoso do seu filho que as coisas não são tão simples como ele quer. Hoje vocês deveriam estar na missa de sétimo dia desse senhor aqui. Se ele foi privilegiado com uma nova oportunidade, porque não fazer as coisas direito agora?
- Se é para esperar então vamos esperar então Dona Fatinha, vamos ouvir ao meu amigo doutor aqui. Escuta mãe, cadê o Benício que ainda não vi hoje?
- Está arrumando algumas coisas na sua casa, mesmo eu brigando dizendo que você vai ficar na minha casa até se recuperar.
- Ah, mas não vou mesmo, eu não vou ficar na sua casa. Vou para a minha casa ainda hoje e sem discussão.
- Foi exatamente por conhecer essa sua teimosia que o Benzinho me desafiou e foi fazer faxina na sua casa, coitadinho. Podendo aproveitar o último dia do ano pegando um Sol, foi se enfurnar dentro de casa pra fazer limpeza. Vai acabar não aguentando ficar acordado para assistir os fogos de Copacabana.
- E ele vai pra Copa?
- Não sei bem se é pra Copa, é algo assim.
- E vai com quem?
- Vai com seu irmão e os amigos da escola.
- Faculdade.
- Isso aí mesmo.
- Hum... Que bom pra eles, espero que se divirtam.

Tubarão falou isso já sem tanta empolgação para ir embora, a notícia de que Benício passaria a noite de Réveillon com Allan lhe caiu como um balde de água fria. Foi inevitável não lembrar dos dois transando.