Aquela tarde nublada de domingo acabou sendo extremamente entediante para Benício, ele preferiu não fazer nada para comer, encontrou num aplicativo no celular um restaurante que fornecia comida japonesa. Era o que ele precisava para assimilar bem o que tinha visto logo pela manhã, iria acabar com sua tristeza comendo bem.
Sabia que o seu relacionamento com Allan não era bem um relacionamento, eles ficavam juntos, mas o brutamontes jamais lhe prometeu nada. A culpa talvez nesse caso fosse dele de tentar romantizar algo que para Allan era apenas um gostoso sexo entre parceiros.
Não vou chorar por isso - Pensou- Se controla rapaz, seria pretensão demais sua querer ter um cara como o Allan só para você.
Ben ao mesmo tempo que tentava se culpar por ter começado a criar uma expectativa junto a Allan, também sentia raiva do brutamontes que lhe deu esperanças insistindo tanto para que ficassem juntos.
Ele pensou que ocupasse um espaço especial no coração do grandalhão, o que possivelmente fosse até uma verdade, mas dentro da filosofia de vida de Allan, a vida era curta demais para se restringir a relações individuais ou monogâmicas apenas, ele sentia a necessidade de conhecer outros corpos, explorar novas experiências.
Mas o que ele viu naquela manhã não tinha nada de novidade, foi um vale a pena ver de novo, Allan tinha na sua cama a companhia de Damião o caseiro da casa de praia dos Falconi. O mesmo que ele havia enchido a boca para falar bem nos dias em que estiveram na casa de praia. Talvez Damião sim fosse um cara especial na vida do Brutamontes.
Se arrependeu de não ter pedido uma bebida bem forte para acompanhar a refeição, queria afogar aquilo que estava sentindo. Por certo tinham passado a noite inteira trepando, visto a maneira como estavam jogados na cama, Allan deitado por cima do caseiro bonitão. Talvez Damião mostrasse ao troglodita a experiência que o babá não tinha.
Parou de se autoflagelar, não era nenhum inocente no meio daquela confusão toda, mas também não era um culpado.
Não tendo muito o que fazer tentou dormir, mas se revirava de um lado para o outro imaginando a traição do rapaz, acabou por levantar-se e ir até a janela, viu que chuviscava naquele entardecer. Decidiu então que deveria aproveitar a sua própria vida de alguma forma, pensou num jogo de futebol no Maracanã, mas viu pela internet que naquele final de semana nenhum dos times cariocas utilizaria o espaço, foi então ao shopping, acabou gastando cerca de um salário em novas roupas. Nunca foi um consumista, nem de desperdícios, mas sabia que precisava daquilo para distrair a cabeça.
Já era noite quando o babá ia voltando a casa, dentro de um reconfortante táxi olhava assustado o número de bolsas que carregava. Se surpreendeu ao identificar um motoqueiro parado em frente ao quartinho em que morava, o homem estava debaixo da chuva esperando por ele. Ben pagou ao taxista e saiu do carro fingindo que não estava vendo Allan ali.
- Espero que no meio de tanta bolsa tenha comprado algo bacana pra mim- Allan tentou chamar a atenção do rapaz sendo irônico, mas Benício acabou não dando ideia para o brutamontes, tentava achar o molho de chaves para abrir rapidamente o portão, não queria conversar com o traidor naquele dia, mas estava tremendo muito para conseguir se concentrar em achar as chaves.
- Qual foi roceiro? Vai ficar se fingindo de surdo pra cima de mim- Allan falou isso descendo da motocicleta e caminhando em direção a Benício que continuou com dificuldade para pegar o molho de chaves.
A chuva engrossou e a chave acabou caindo no chão. Ben abaixou rapidamente e retornou com a chave certa a encaixando na entrada da fechadura, mas era tarde demais, Allan já estava ali junto ao seu próprio corpo, num rápido movimento acabou o prensando contra a grade do portão.
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QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)
RomanceLivro ainda não revisado. Uma história de pessoas comuns, com dilemas e situações observadas em nosso cotidiano. Descrita com muitos detalhes, apresenta personagens complexos que buscam o equilíbrio para viver numa sociedade em constantes mudanças...