REENCONTROS

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Ben teve cerca de um minuto para raciocinar e assimilar aquela situação, era difícil por conta da pressão das palmas e ter que acompanhar as palavras cheias de elogios, sabia que precisava ser educado e agradecer, mas também precisava saber o que ele estava fazendo ali. Viu que Allan foi o primeiro a se sentar.

O que aquele louco estava fazendo ali? Como ele tinha entrado na casa? Qual a desculpa que ele usou? Será que falou algo dos dois? Por que Dona Fatinha parecia ser tão íntima do rapaz? Por que todos os convidados não se incomodavam com a presença dele ali? Sabia que Allan era rápido em se espalhar e fazer amizades, mas era intimidade demais. Viu o rapaz dando comida na boca de Julinho e ligou os pontos, se negou a aceitar e tentou buscar outras possibilidades, mas o próprio Tubarão pôs fim as investigações.

- Benício deixa eu te apresentar a Vanessa, ela é a melhor amiga de Débora.
- Tá por fora Tuba, eu fui a primeira aqui a ver o Benício. Vi ele chegando na creche no dia que foi buscar emprego lá, comentei com a Débora e ela acabou ouvindo a conversa e não perdeu tempo.

Allan acompanhava a conversa atentamente, enquanto se dividia no exercício de comer e dar comida a Julinho. Benício não ouviu nada que Vanessa falou, nem a resposta de Débora, olhava para Julinho e Allan se dando tão bem.

- Os pais de Débora já conheceu, minha mãe também, então acho que só falta você ser apresentado ao meu irmão caçula, rapaz esse é o Allan. Mano esse é o Benício, nosso babá e chefe de cozinha- Tubarão ficou rindo enquanto os dois apertavam as mãos.

IRMÃO? os pensamentos de Ben gritavam.
BABÁ? os pensamentos de Allan respondiam como por telepatia.

- Sinto acabar com sua festa Vanessa. Mas acho que eu fui o primeiro aqui a conhecer o jovenzinho aí- Falou Allan, apesar das súplicas nos pensamentos de Benício para que isso não acontecesse, a telepatia já não funcionava.
- Como assim Allan, vocês já se conhecem? - Perguntou Fatinha.
- Como vocês são lentos, o roce... - Ben quase teve um ataque do coração- o Benício e eu estudamos na mesma universidade, e estamos graduando no mesmo curso. Pelo menos de vista deveríamos nos conhecer. Mas tivemos a oportunidade de trocar umas ideias.
- Que mundo pequeno- falou Vanessa.
- Calma aí, como assim? Você ainda não terminou a faculdade? - Perguntou Tubarão agora levando a conversa para outro rumo, deixando Benício mais aliviado- Pensei que tinha terminado no ano retrasado.
- Nota-se o como você não liga para o seu irmão caçula, termino em dois anos. Isso claro se meu novo projeto de intercâmbio não for aprovado.
- Ou se você não for jubilado antes, não é mesmo- provocou Débora.
- Não precisa se preocupar cunhada, tudo está sob controle. Não é mamãe.
- É o que você diz- Fatinha respondeu rindo.
- Ele diz muita coisa mãe, na maioria das vezes mentira como ter se formado dois anos atrás, vejo que você não muda seu muleque irresponsável. E não venha dizer que eu não ligo pra você, eu lembro exatamente das suas palavras dizendo que estava se formando já.
- E já estou, desde o primeiro período estou. Não precisa se preocupar mano, no dia que isso acontecer você com certeza será convidado.

O clima ruim entre os irmãos foi logo quebrado com os comentários sobre o banquete preparado por Benício.
O rapaz comeu pouco, estava muito chocado com a novidade. Quando tinha coragem de olhar para Allan via o cretino rir debochando da sua cara. Ele estava muito incomodado com tudo aquilo.

Resolveu ir buscar a sobremesa, comunicou o chefe que concordou com o rapaz. Ele sabia que aquela era a brecha necessária para Allan perturbá-lo e não demorou nem dois minutos para sua aparição na cozinha.

- Pensando aqui, eu bem que gostaria de uma babá, ops um babá como você roceiro. Eu não sei quanto estão te pagando, mas pago o dobro.

Ben olhou fundo nos olhos do rapaz e respondeu sem emitir nenhum som, obrigando o troglodita a fazer uma fácil leitura labial.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora