QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)

QUEDA LIVRE PARTE 3 (CAPÍTULO ESPECIAL)

Três, dois, um, era a conta que Benício fazia para saber quantos metros teria que caminhar até a recepção. Não precisaria chegar até lá para perceber que um caos estava instalado. Alex berrava, como o rapaz jamais havia escutado, era amedrontador, alguém havia mexido com o rei dos mares e ele não estava para brincadeira.

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Dezesseis horas atrás...

Era uma noite de quarta-feira bastante agitada na Fire e em todo o Rio de Janeiro, a academia como de costume se encontrava bastante cheia, mas naquela ocasião um tanto mais. Era noite de FlaxFlu, algo que mesmo numa pelada de várzea mobilizava a atenção de muita gente, contudo não se tratava de algo tão simples assim, se tratava de dois dos melhores times do Brasil na atualidade disputando a liderança do principal torneio nacional.

Foi montado então um super esquema na academia, um plantão com todos os profissionais em prontidão, a lanchonete fornecendo lanches até mais tarde e o mais importante, dois telões foram instalados nos dois salões principais da Fire.

Se a academia havia se tornado um point para jovens e atletas daquela região, em estratégias de marketing como essas, na maioria das vezes pensadas por Tubarão fervia de gente.

Tubarão caminhava de um lado para o outro acompanhando seus muitos alunos treinando e acompanhando os lances do jogo. Ele mesmo não se importava com a partida, como um verdadeiro vascaíno estava mais preocupado com a sequência de derrotas que o seu time estava sofrendo e a proximidade real da zona de rebaixamento. Contudo sabia que noites como aquela eram muito positivas para a Fire, o número de novos cadastros era sempre motivador, o consumo interno também era surpreendente.

Era um mar de vermelho e preto e verde e grená, todos eles em belos corpos que estavam sendo esculpidos com o tempo e muita dedicação.

Em determinados momentos via surgir uma gritaria por parte de alguns torcedores inflamados, a voz de Allan na maioria das vezes era escutada de longe. O rapaz trajava as cores do Flamengo e se indignava com cada lance errado do time. Ao seu lado um tímido Benício, utilizando uma camisa nova do Fluminense. Apesar dele nunca ter sido fã das tricoletes (um apelido preconceituoso que utilizava desde a juventude), achou que Ben havia ficado muito bem com aquelas cores, Bem de fato combinava com cores vivas, vivas como ele mesmo. O rapaz não dava muita atenção ao jogo, estava mais focado em terminar a série de pernas que havia começado o que tirou a atenção de Tubarão por alguns segundos.

Apesar das horas demorarem a passar ao fim do jogo a movimentação para saída da academia foi muito rápida. Encabeçada pelos flamenguistas envergonhados com a derrota por um a zero já nos acréscimos do jogo e com a tristeza de ver o time das Laranjeiras os ultrapassar e assumir a liderança do campeonato já nas últimas rodadas.

Tubarão, via a academia se esvaziar, existia nele uma satisfação muito grande em dias como aquele, um orgulho e sensação de dever cumprido.

Luciano veio cumprimentá-lo antes de ir embora, deu um aperto de mão forte e um abraço no sócio, comemorando o sucesso da noite.

- E aí mano, bora tomar uma breja hoje? Acho que a gente merece depois dessa noite. Topa?
- Porra Lu, bem que eu queria, mas tô destruído, morto mesmo, e preciso descansar. Dormir naquele sofá tá acabando comigo, preciso dar um rumo na minha vida, pensar em alguma coisa, Débora vai acabar me fazendo infartar, as vezes o que eu acho é isso, que ela quer me matar - O policial falou sério.
- Calma mano, tu é o Tubarão, o grandão, o forte, tu é maior e melhor que isso, não se abate não velho, viu o show que foi hoje aqui, isso é retrospecto de uma boa administração nossa. Nós vamos longe ainda meu irmão.
- Valeu Lu, obrigado aí pela ajuda - Tubarão falou isso, esquecendo que Luciano de fato havia contribuído bem pouco para a ocasião.
- Que isso cara, somos irmãos, precisa me agradecer por isso não. Qualquer coisa cai lá no meu apê, tem um quarto extra com cama. Prometo não fazer muito barulho com a gatinha que vou levar pra lá.