Haviam passado alguns dias desde o ocorrido na casa de Tubarão e Débora, nove dias precisamente até o fim daquela noite de terça-feira em que Benício foi acordado bruscamente por alguém batendo insistentemente na porta do seu quartinho.
Naquela noite o rapaz já havia dormido fazia algum tempo quando escutou a porta sendo praticamente arrombada, sentiu um imenso pavor ao imaginar que seria assaltado. Mas concluiu que assaltantes não tinham por costume ou hábito a delicadeza de serem educados ao ponto de bater na porta de ninguém para cometer os seus delitos, ainda assim pensou em ligar para a polícia. Afinal de contas existia alguém desesperado atrás daquelas fortes batidas.
Percebeu através da janela que não precisaria se preocupar em chamar a polícia, pelo menos não por enquanto, afinal de contas era um policial que estava do lado de fora, por algum motivo o todo poderoso Tenente Tubarão Falconi lhe fazia uma visita altas horas.
Acabou por abrir a porta sem medo, desejou por algumas vezes o reencontro com brutamontes, agora não sabia se sentia alegria, desprezo ou tudo junto pelo cara a sua frente. Tratou logo de ver se ele não estava embriagado, analisou também o seu semblante, não queria passar por uma situação como a do último encontro.
- Oi Ben
- Oi Alex- Foda-se, pensou o rapaz quando percebeu o estranhamento do homenzarrão ao ser chamado pelo nome.
- Tudo bem?
- Um tanto assustado, não costumo receber visitas, muito menos perto da meia noite, pensei que era um assalto, ou uma notícia ruim.
- Na verdade não deixa de ser.
- Um assalto?
- Não, uma notícia ruim- sorriu com um semblante triste.
- O que está acontecendo? Me perdoe, mas depois da última vez não me sinto a vontade para te convidar para entrar, também aqui é muito pequeno e você desse tamanho pode adquirir uma fobia.
- Fica tranquilo, eu não vim te fazer uma visita, mas quero que saiba também que não vim fazer nenhum mal a você. Vim na verdade fazer algo que estava ensaiando há muito tempo.
- Desculpa, eu estou confuso, do que se trata?
- Eu preciso te pedir perdão rapaz, e te suplicar para que volte, o Julinho precisa, na verdade nós dois precisamos do seu retorno, precisamos de você.
- A comida tem sido tão ruim assim ao ponto de chamar o infiltrado de alguma organização criminosa para retornar a sua casa? - Falou brincando, mas acabou por não conseguir aliviar nenhum pouco o semblante cansado do antigo chefe, muito pelo contrário Tubarão ficou constrangido pelo rapaz ter cutucado a ferida, lembrando sua falha. Chegou a conclusão que jamais seria perdoado pelo rapaz.
- A comida está terrível sim, mas não é por isso que estou te pedindo para voltar, o Julinho não conseguiu digerir bem o seu sumiço, eu também não, nem tive coragem de contar pra ele o que tinha acontecido, o que eu fiz com você.
- Fez bem, ele iria sofrer muito, na verdade eu estou sofrendo muito também, o tempo todo pensando em como ele está, mas não posso voltar, não depois do que aconteceu- Ben havia projetado em sua cabeça que em algum momento o chefe poderia voltar atrás e insistir pelo seu retorno, mas já tinha uma decisão, jamais voltaria para o trabalho.
- Eu volto a te pedir perdão- Ben tentou cortar o homem, mas foi impedido pelo mesmo- Escute não estou fazendo isso da boca pra fora e nem justificando a minha atitude por conta da bebedeira, eu sei o que fiz, as minhas acusações foram sem cabimento nenhum, eu detesto reconhecer que estou errado, mas abomino injustiças, e eu fui a pessoa mais injusta do mundo com você, justamente naquele dia que você me ajudou tanto, eu não te dei a oportunidade de uma conversa decente e ainda levantei a minha mão contra você rapaz- Nesse momento ele abaixou a cabeça não tendo coragem de encarar Benício- Eu não tive sequer a hombridade de te procurar antes para agradecer aquele almoço incrível.
- Desculpa, eu não sei o que dizer- Ben analisava o pedido de perdão daquele homem, por mais que tivesse imaginado aquele momento de diversas formas o chefe conseguiu se superar, o rapaz ficou comovido pela notória sinceridade vinda do policial.
- Você não precisa se desculpar, a única pessoa aqui que tem motivos para isso sou eu, não diga nada por agora, apenas pense, pense no meu pedido de perdão e na minha súplica para que volte. Nós precisamos de você, o Julinho sente sua falta.
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QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)
RomanceLivro ainda não revisado. Uma história de pessoas comuns, com dilemas e situações observadas em nosso cotidiano. Descrita com muitos detalhes, apresenta personagens complexos que buscam o equilíbrio para viver numa sociedade em constantes mudanças...