AFRONTA

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Não faltou trepidação nem embargo na voz de Benício, enquanto ele tentava buscar uma saída para a cilada que havia se enfiado.

Inventou então que precisava do número do registro geral da loira para o religamento do serviço de televisão e internet da casa, que estava fora do ar. Foi uma tirada de mestre, tendo em vista que de fato estavam sem o sinal por conta de uma manutenção na região, sobre a tal manutenção o babá já sabia, mas precisava daquela desculpa com urgência.

- Escuta aqui sua bichinha mequetrefe, a próxima vez, escuta bem, a próxima vez que eu te pegar mexendo nas minhas coisas, eu te coloco pra fora dessa casa abaixo de chute nesse teu rabo largo. Vá assistir televisão no quinto dos infernos, eu não te pago pra isso.
- Você é uma babaca mesmo.
- Como é que é? Do que me chamou? Perdeu a noção do perigo viado?
- Se o perigo for você, eu não tenho com o que me preocupar Débora, você é previsível, e logo vai estar afogada no seu próprio veneno.
- Saí daqui- Falou aos berros, acompanhando Benício lhe obedecer, mas não como um rapaz indefeso, ali na sua frente ela viu o babá lhe encarar com igualdade, e isso acabou lhe deixando ainda mais enfezada.

A desculpa aparentemente colou, Débora acabou não percebendo nada de estranho em sua bolsa, mas Benício estava seguro de que tão logo pegaria a mulher de Tubarão com a boca na botija.

Naquela semana Benício acabou por receber uma ligação de Berê pra lá de chateada. A irmã se queixava do abandono do rapaz, que pouco se importava em se comunicar com os únicos parentes que tinha.

- Você só quer saber dessa família Falconi, parece nome de família de mafioso.
- Para de bobeira Berê, eu também estou com saudade de você, a minha Rosa cresceu muito, na foto que me mandou tomei um susto e de onde surgiu tanto cabelo assim?
- Nem me fala, ela está apaixonada por esse cabelo, quer comer cenoura o tempo todo, porque acha que vai crescer mais, já escolheu até o tema da próxima festa Frozen.
- Vai ser a princesa mais linda, que saudade dela.
- Saudade nada seu falso, você nem liga mais pra gente, mandou aquele recado ridículo agradecendo os nossos parabéns com cinco palavras. Saudade do tempo da carta, onde as pessoas valorizavam a comunicação com quem estava longe.
- Para de drama Berenice. Eu precisava te dar um tempo, com a sua família, vocês precisavam se acertar aí.
- Só não esquece que você também é minha família, é nossa família. E agora tudo se acertou, o surto que o Fred teve foi embora, voltou a ser o marido e pai de sempre, ainda bastante vaidoso, mas presente. De certo foi alguma piranha sulista que tentou virar a cabeça dele, mas na cama eu me garanto.
- Por favor Berê, não me venha com as suas intimidades, me diz, já está cozinhando melhor? - Benício preferiu mudar rapidamente de assunto, saber que a tal piranha sulista, na verdade tinha sido ele, ainda gerava um certo incomodo.

Mas por sorte tanto Fred quanto ele agora estavam bem.

Allan seguia impossível, havia decidido que começaria a fazer dança de salão e levou Benício a tira colo. O babá se surpreendeu ao perceber que o namorado tinha muito jeito para aquilo, o brutamontes mandava bem em todos os ritmos. O problema era a tal professora, também conhecida como a tia da fenda (por utilizar uma fenda no vestido que quase chegava na região da sua roupa íntima, é claro que se ela usasse uma).

A tia da fenda acabou ficando muito interessada no seu novo aluno bonitão, Ben por algum motivo não conseguia sentir ciúmes daquela situação, mas achava vexatória a forma como aquela mulher se esfregava em Allan.

O brutamontes percebendo o incomodo de Benício decidiu que deixaria o curso, o que acabou aliviando o coração de Benício que se considerava uma negação para a dança.

- Se você quiser continuar eu não ligo, só tome cuidado com a tia da fenda lá, ela está quase te estuprando.
- Eu não quero, sou bom demais para aquela merda de lugar, vou procurar depois um lugar maneiro, pra aprender algo sério.
- Bom, é você que sabe.
- Tô ligado, e eu já sei o que faremos a partir de agora.
- Allan não inventa ideia, tu não vai sossegar até me ver todo quebrado. O que vem agora, skate, surf, rally? - Ben estava realmente preocupado com as invencionices do namorado.
- Relaxa porra, nós só vamos treinar juntos, viu, nada demais.
- Tô tanto tempo fora da academia que nem sei mais se dou conta desse ritmo todo de treino.
- Claro que dá, quero vê esse bundão lá no alto, fica sossegado os profissionais da Fire são ótimos.
- Fire? Você está brincando que quer me levar pra treinar na academia do seu irmão.
- Claro que não estou, o Tubarão da cinquenta por cento de desconto pra funcionário, como você é funcionário dele com certeza, vai ficar super em conta roceiro.
- Allan não é pelo preço, é pelo traste do Luciano, ele me envergonhou a última vez que pisei naquele lugar.
- Pois chegou a hora de darmos um troco. Não acha?
- Você está arrumando ideia. É claro que está seu troglodita.
- Confia em mim roceiro, apenas confia.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora