RETORNO

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- Isso é sério?
- É sim, é claro que vocês aceitando.
- Por mim tanto faz- Falou Débora chegando a casa e acompanhando a cena tocante com nenhum tipo de empolgação.
- Pois não se fala mais nisso. Você não sai mais dessa casa- Falou o policial animado.

Ben não sabia o que de fato tinha feito com que ele tomasse aquela decisão. Sabia da importância que Julinho tinha para si, mas ainda não confiava nenhum pouco em Alex. Na verdade ele sentia que a convivência com aquele homem era extremamente superficial, não conseguia saber a certo o que se passava pela sua cabeça.

Percebeu que a dependência fez com que Alex abrisse mão do seu orgulho próprio para pedir ajuda, incomodava em Benício o fato de que ainda assim o homem lhe percebia como uma aberração, uma coisa feia por ter uma condição sexual diferente daquilo que estava habituado.

Ben também tinha a curiosidade de saber quem de fato era Débora, tinha a impressão que a descoberta da mulher ter dois amantes e o desejo de ver filho e marido mortos, fez com ele entendesse que o ataque de fúria do menino Julinho poderia ter alguma motivação nesse ódio demonstrado pela mãe.

Nos dias seguintes, a rotina da casa seguiu normalmente, Benício acabou por não aguentar o impulso e voltou a cozinhar para todos da casa, verificava agora que o casal não tinha controle de suas rusgas, entrando em choque muitas vezes perto dos dois. A ironia de Débora e o temperamento difícil de Alex faziam com que Ben percebesse o anúncio de uma tragédia.

Ele sabia que já contribuía demais com as questões da casa e preferiu de forma alguma intervir nessa situação.

Acabou tendo que tomar conhecimento de outros problemas, dessa vez vindos do Sul do Brasil. Estranhando o constante sumiço de Berê, o rapaz decidiu entrar em contato com a irmã, fez isso numa tarde de sexta-feira enquanto Julinho dormia.

- Alô- Atendeu o telefone uma criança.
- Alô minha linda
- Quem tá falando? - Perguntou Rosa curiosa
- Quer dizer que você já não reconhece a voz do seu tio favorito? - Respondeu Ben, provocando a menina.
- Tio Beeeeeeen, que saudade de você.
- O Tio também está com muita, muita saudade. Como você está? E onde está a mamãe?
- Está na cama, muito triste.
- Como assim triste? Está tudo bem com vocês?
- Está tudo bem, mas a mamãe está triste porque o papai sumiu, e eu sei que não é esconde esconde como ela disse, porque eu já contei até um milhão e nada.

Para Benício não era nenhum tipo de surpresa essa maneira de Rosa se comunicar, mesmo sendo tão nova a menina sempre possuiu uma oratória madura para sua idade.

- Meu amor, deixa eu falar com a mamãe, preciso conversar com ela também.
- Tudo bem tio, beijo.
- Beijo gatona do tio.

Ben acabou por pensar que a sobrinha tinha desligado o telefone ou esquecido da sua missão, mas foi Berê mesmo que estava fugindo da conversa e demorou algum tempo até responder.

- Oi Ben
- Olá Dona Berenice, você vai me contar o que está acontecendo ou terei que pegar um avião pra arrancar essas informações pessoalmente.
- Sendo sincera, queria muito você aqui, mas não podemos ter tudo o que queremos não é mesmo?
- Que discurso derrotista é esse Berenice?
- Para de me chamar desse nome porra.
- Me fala, o que está acontecendo? Que história é essa do Fred ter sumido? Está tudo bem?
- Ben, vai tudo de mal a pior.
- Como assim? Vocês brigaram?
- Só fazemos isso desde o dia que chegamos aqui, tudo está mal, eu não sei se ainda é o tempo de adaptação ou algo do tipo, mas o Fred se tornou uma pessoa irreconhecível pra mim.
- Como assim?
- As coisas foram surgindo aos poucos, uma grosseria, um comentário maldoso, um grito, um esfriamento e por fim sumiços constantes. Eu já pensei em amantes, mas não acho que seja isso que esteja acontecendo.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora