MASSAGEM

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O dia do aniversário de Fatinha enfim chegou e com ele uma grande agitação pela frente.

Ben havia planejado descansar naquele sábado pela manhã, para enfrentar a maratona de trabalho do aniversário de Fatinha, mas foi acordado logo cedo por Alex, o homem surgiu com o seu habitual desespero militar de sempre, antes de ser aniversário da mãe, era o dia do futebol, ou seja algo sagrado.

Em cerca de vinte minutos todos estavam no carro e seguiam para o campo de grama sintética alugado pelo policial e alguns amigos. A ansiedade de Alex vinha pelo fato das partidas estarem acontecendo com uma frequência menor que a habitual, isso desde que ele e Benício tinham formado a dupla de centroavantes mais perigosa da Ilha do Governador.

O time rival tinha como capitão agora Luciano, ele se encarregou de trazer novos reforços para aquela partida, algo que não preocupava em nada Alex. Benício acabou descobrindo que Allan havia sido jogado para o banco de reservas depois do último massacre de gols que ele sofreu, o brutamontes sequer apareceu.

Ben sabia que Allan não curtia ser colocado de escanteio e com toda a certeza iria dormir até tarde, muito tarde mesmo.

O jogo acabou sendo mais fácil ainda que a última partida, mesmo Luciano tendo conseguido um bom centroavante que acabou por fazer dois gols logo no início do jogo, a dupla Ben e Alex deu conta do recado, foram mais treze gols para a conta dos artilheiros da Ilha, oito de Benício e cinco de Alex, e um festival de comemoração e risos entre os agora grandes amigos. Era assim que eles viam um ao outro, não mais como patrão e empregado ou vice versa, mas como bons amigos.

Amizade essa que vinha dia após dia sendo desgastada com Luciano. No final da partida um carrinho desleal acabou desmontando Tubarão no chão, Benício sentiu vontade de socar a cara do brutamontes, mas sabia que a chance de sair como perdedor do embate era muito grande. Mas os choques entre os dois não se resumiam apenas aquele gramado sintético, dentro da FIRE o relacionamento era super pesado, recheado de grandes discussões e acusações.

Tubarão seguia achando a condução do sócio junto a academia displicente, enquanto Luciano achava que o amigo só olhava as coisas ruins (que não eram poucas) e esquecia de avaliar também a sua dedicação exclusiva ao espaço. Não foram poucas as vezes que teve que ficar dias seguidos indo ao lugar, cancelando os seus compromissos, porque Alex estava trampando na polícia, ou com os seus costumeiros problemas familiares.

Se dedicando ou não, Luciano não tinha jeito nenhum para a administração, de fato a visão de muitos dos amigos de Tubarão era real, ele era um folgado e havia se acomodado naquela posição.

Benício acabou por ajudar Alex a entrar no carro, ele ainda mancava depois da dura entrada que recebeu no último minuto de jogo.

- Valeu cara.
- Sem essa, vai precisar repousar essa perna agora a tarde, quer que eu dirija?
- E você sabe dirigir rapaz?
- É claro que sim, eu até tenho carteira de motorista.
- Sei não Benício, tu deve estar acostumado a dirigir trator ou carroça lá na sua cidade, já pegou uma máquina dessas? - Alex falou rindo, mesmo sentindo fisgadas na perna.
- Você está ficando tão engraçadinho como o Allan e suas piadas cheia de xenofobia.
- Que porra é essa de xenofobia? Eu nem implico mais com o fato de tu ser viado cara- Falou rindo novamente.
- Xenofobia não é repulsa a condição sexual de ninguém seu ignorante, é... - Viu a cara de Alex o observando debochado- Ah quer saber chega logo pra lá- Falou isso dando um soquinho na perna ruim do brutamontes que deu um sonoro berro.

Quando ia saindo com o carro Ben viu Luciano aparecer bem na frente, sua vontade era de estar de fato dirigindo um trator e passar por cima daquele cara repugnante.

- Mas que porra é essa? - Luciano falou assustado ao perceber que era Benício quem dirigia o carro do sócio- Está assim agora Tuba? Deixando a bichinha levar o teu carro, se eu fosse tu eu tomaria cuidado que ele pode pegar outra coisa fingindo estar atrás do freio de mão. Sabe como é né?

Benício se preparou para uma série de xingamentos, mas não foi necessário, Alex acabou fazendo isso por ele.

- Mas que porra é essa mano? Vá se fuder Luciano. Acordou virado hoje porra? Primeiro tu me quebra no campo e agora chega aqui cheio dessas piadinhas de mal gosto. Não tá vendo o Julinho aqui não caralho? - Falou esquecendo que também estava utilizando uma série de palavras feias, as quais havia pedido ao filho para não falar nunca- E outra, me escuta bem- Falou apontando o dedo para o sócio- De agora em diante eu quero que você respeite o Benício, ele é parte da minha família e eu não vou tolerar esse tipo de desrespeito com ele. Tá ouvindo porra? Seu cuzão de merda.

Luciano ainda tentou se desculpar com um sorriso amarelo, mas Benício acelerou o carro e seguiu em direção a casa dos Falconi. Gostou de ver Alex o defendendo do cara mais infeliz que ele já conheceu, ficou feliz em contar com a proteção do policial naquele momento.

Chegando a casa, viu uma sequência de áudios de Fatinha no celular, a mulher estava super ansiosa com a festa e colocou em Benício mais uma responsabilidade o de ser o seu conselheiro pessoal.

Ouviu metade das mensagens no tempo em que foi até o quarto pegar roupas e toalha para Julinho que estava no banho. Colocou o menino para fazer os deveres da escola e voltou a sala se jogando no sofá, ainda suado, viu Alex jogado no outro sofá com mão apoiada sobre a perna ruim.

Terminou de ouvir os áudios, respondeu aos que pode, e começou a pensar na logística que faria para conseguir dar conta de tanta coisa ao qual estava encarregado. Acabou sentindo pena de Alex que seguia fazendo cara de dor.

- Senta aí que vou dar um jeito nisso, um marmanjo desse tamanho quase chorando de dor não é nem um pouco bonito de ver sabia?- Foi ao banheiro e pegou um remédio que traria um cerro alívio imediato, para isso teria que ser aplicado na região da dor. Voltando a sala, encontrou o chefe o aguardando- Onde é que está doendo?
- Cara é aqui na região da minha coxa, a coxa esquerda, começa por aqui- Apontou na metade da coxa- E chega próximo a virilha- Alex fez o caminho com o dedo, se não viesse dele Benício acharia aquela gesticulação bastante indecente- Quer que eu tire o short?
- Não- Benício gritou, já estava arrependido da ajuda só de saber que parte da dor vinha da virilha do policial- Apenas suba o short.

Ben aplicou o medicamento e começou uma massagem na região dolorida, Alex o observava com uma cara estranha, já Benício tentava não demonstrar o tremor dd suas mãos ao tocar aquela pele máscula, via alguns pêlos finos descerem da região genital do policial, se impressionou também ao estar tão próximo daquele monte assustador que ele carregava entre as pernas.

Alex agora tinha a cabeça apoiada no encosto do sofá, apertava com as duas mãos as almofadas ao lado. Fazia uma cara de autocontrole quando sentiu as mãos do babá chegar mais acima, Ben pensava que era pela dor, mas não era apenas isso. Acabou perdendo uma mordida que Alex deu nos próprios lábios.

Ambos estavam há um passo de cometer uma loucura, estavam no limite do autocontrole, mas não teriam mais tempo pra isso, não depois de serem surpreendidos por ele.

- Será que estou interrompendo alguma coisa? - Allan falou seco após um pigarro.

Benício se jogou no chão enquanto Alex olhava para o irmão assustado, eles tinham uma justificativa plausível, mas ambos sabiam que estariam mentindo se a usassem, o que acontecia ali era tudo menos uma simples massagem.

Allan olhava de um para o outro com um sentimento estranho, tinha a impressão de estar sendo chutado para o escanteio, e aquela posição era a que ele mais detestava.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora