HORIZONTES

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Haviam passado seis dias desde àquela noite de segunda-feira na casa de Fred e Berê. A agitação daquele dia demorou a acabar, era madrugada quando todos foram se deitar.

Na manhã seguinte, Ben e a irmã pediram folga no trabalho para começar a organizar a mudança, e tudo precisava ser feito com muita rapidez, cerca de uma semana depois a família deveria estar morando em novas cidades.

Fred saiu cedo para se despedir dos amigos e acertar os trâmites de sua demissão e admissão na nova função. No período em que Rosa esteve na creche os irmãos procuraram imóveis para alugar, tanto na cidade do Rio de Janeiro, como em Curitiba. Quanto mais procuravam, mais se assustavam com os valores.

Mas acabaram encontrando.

No dia seguinte a família inteira viajou longas horas até a capital do estado para fazer a matrícula de Ben na universidade. Fazia alguns anos que ele não visitava a cidade e teve a oportunidade de observar tudo com novos olhares, via tudo agora como um futuro morador. E a beleza daquela cidade ia além das canções.

De fato o Rio de Janeiro continua mais que lindo.

Na viagem Berê e ele lembravam das novelas que assistiam quando mais novos, e se imaginavam morando no Leblon, andando de metrô, trem e bicicleta pela orla de Copacabana.

Ele sabia que sua ida para a cidade maravilhosa, não seria tão maravilhosa e glamourosa como nos sonhos juvenis. Iria morar num pequeno quarto no bairro da Tijuca até conseguir um novo emprego e buscar algo melhor.

Com as economias que tinha conseguiu deixar pago dois meses do aluguel, que após muito choro nas negociações conseguiu deixar por oitocentos reais. Na sua conta restariam cerca de três mil reais, valor que daria para pagar mais dois meses do aluguel, e se alimentar nos primeiros meses.

Mesmo com o desafio de se manter na cidade, se sentia muito feliz por estar conseguindo dar os seus primeiros passos sozinho.

Ao chegar na Universidade tanto ele como o restante da família tiveram um espanto. O lugar era maior que qualquer edifício da pequena cidade onde moravam, aliás tudo ali era grande, era uma cidade universitária, e o curso que Ben cursaria tinha seu próprio prédio.

Houve um estranhamento inicial quanto as pessoas ali presentes, era todo tipo de gente, cabelos coloridos, corpos marcados, roupas dos mais derivados estilos, gente sorridente, gente emburrada. Várias etnias e nacionalidades, logo na matrícula conheceu uma estudante angolana que faria o curso de pedagogia.

O rapaz em algumas horas conseguiu acertar toda a sua situação na universidade, pegou orientações sobre meios de transporte que deveria pegar para chegar ali, lugares onde poderia comer e coisas do tipo.

Seu curso seria apenas na parte da manhã, algo que o deixou mais tranquilo sabendo que poderia trabalhar na parte da tarde e noite.

- Calma Ben, não pensa em trabalho ainda. Você precisa focar em recuperar o tempo perdido.

E de fato Berê tinha razão, ele já havia perdido bastante coisa. Como ele só passou na última reclassificação, perdeu aproximadamente cerca de 1 mês e meio das aulas que já haviam iniciado, perdeu a semana inaugural e o trote cultural.

Teria que correr contra o tempo para alcançar o que os outros alunos já tinham visto. Foi até a coordenação do curso e pegou todo o material que já tinha sido passado. Era tanta coisa que ele precisaria ler, que o pobre rapaz não sabia por onde começar.

No mesmo dia conheceu o lugar que iria morar na próxima semana, era um quarto num condomínio bastante agradável, ele já estava mobiliado com uma cama de solteiro, armário embutido, uma geladeira pequena e um fogão. O que ele entendeu ser mais que suficiente.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora