FUGA

2K 246 22
                                    

Era uma manhã de segunda-feira e Alex acordava de mais uma noitada daquelas, o homem tinha o corpo cansado da sequência de dias ininterruptos de bagunça, desde que tinha ressuscitado o Tubarão Falconi não lhe faltavam festas e bebedeiras com os amigos da academia e polícia.

Ia a bares com gente bonita e comida boa, agora também curtia shows e baladinhas. Era gostosa demais a sensação de liberdade, fazia isso agora pela primeira vez em muito tempo como um homem solteiro. Se sentia jovem novamente e livre para fazer o que gostava. As oportunidades de ficar com mulheres espetaculares eram inúmeras, trocou beijos e sarradas com algumas delas, mas não chegou aos finalmente, algo o estava bloqueando, não conseguia se excitar como em tempos atrás.

Pensou pela primeira vez na vida em comprar um estimulante sexual, fez isso ao pegar uma morena há duas noites atrás, mas na hora do vamos ver, se sentiu incomodado, o pau deu sinal de vida, mas não existia desejo algum, entendeu que a transa não faria sentido e deu uma fugida da moça.

Se levantou naquela manhã mesmo assim exausto, ainda usava a roupa da noite anterior, não sabia ao certo como tinha chegado em casa pilotando sua própria moto, só sabia que estava ali são e salvo.

Sentiu na calça o celular vibrar, por certo seria o despertador informando que estava na hora de trabalhar. Se surpreendeu ao ver o nome da antiga sogra no visor.

- Alô
- Bom dia Tubarão, como vai?
- Estou ótimo e a senhora?
- Bem também obrigada, que bom que está ótimo, pensei em te encontrar em frangalhos depois de toda aquela palhaçada do último mês.
- Se você chama de palhaçada eu ter quebrado aquela porra de hospital, eu tenho que concordar, foi uma palhaçada e eu um grande palhaço, por perder a cabeça por conta de uma pessoa tão desprezível quando a sua filha.
- Você sabe que a minha recíproca sobre você é a mesma, eu também te acho um ser desprezível, mas não foi para te ofender que eu te liguei, eu queria de fato saber como estava, confesso que andei preocupada contigo.
- Tardia a sua preocupação né Bárbara?
- Eu sei que poderia ter ligado antes, mas nesse mês tenho tentado colocar juízo na cabeça de Débora.
- Não falo do último mês, falo dos últimos quinze anos, de toda uma vida que você cumpriu a máxima de ser a pior sogra do mundo, você nunca demonstrou nenhum tipo de preocupação comigo.
- Porque você não precisava disso, não merecia que eu perdesse um minuto do meu tempo me preocupando contigo.
- E lá vem coice.
- Não sou nenhuma égua rapaz, na verdade você não merece a minha preocupação porque nunca precisou, você é admiravelmente forte. Forte como um touro, inabalável e eu me orgulho de você por isso.

Alex pela primeira vez ouviu algo de Bárbara a seu favor, estava achando aquela conversa estranha demais.

- O que você quer Bárbara? Esse papo de elogios não faz seu tipo.
- Não faz mesmo, e eu vou parar por aqui. Não quero nada demais, só de fato estava tomando coragem para expressar minha preocupação. Débora passou de todos os limites contigo e com o Julinho, e apesar de nossa relação tumultuada entendo que nem mesmo você merecia passar por algo assim.
- Sei, e como ela está?
- Incontrolável, Débora enlouqueceu, somente ela não percebeu isso, infelizmente não temos mais controle sobre ela, sei que a qualquer dia verei minha filha sendo presa por algum crime, ou numa clínica psiquiátrica sei lá. Ela precisa de ajuda, mas não aceita isso vindo de ninguém. É importante que tenha muita cautela, com a sua vida e a vida do meu neto está me ouvindo?
- Pode deixar Barbara, o cuidado está sendo tomado, o rapaz que toma conta do Julinho é de muita confiança.
- Eu sei que é, mas Débora o detesta assim como você. Ele também corre risco de vida, e não será a primeira vez que ela vai tentar algo contra a vida dele, ela se orgulha de quase ter dado fim a vida dele no último mês, e pelo que me contou o perturba diariamente com ameaças.
- Como assim? Do que você está sabendo que eu não sei?
- Ela tentou matá-lo no dia do seu escândalo no hospital, o feriu com um bisturi numa das veias. Ela disse que não vai sossegar enquanto não concluir o serviço. Você imagina o meu sofrimento Tubarão? Eu tenho uma filha psicopata. E o pior de tudo é que não sei mais o que fazer para tentar controlá-la. Eu não tenho coragem de prendê-la, só preciso que tomem cuidado.
- Eu também não sei o que fazer Bárbara, mas isso agora se tornou um problema seu.
- Não Tubarão, vai ser pra sempre um problema nosso. No meio de toda confusão existe um elo que une pra sempre nossas famílias, que é o Julinho. Eu só te peço para que por favor cuide do menino, e se cuida também.
- Tudo bem, obrigado mais uma vez pela sua preocupação.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora