BAGUNÇA

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Benício despertou com uma dor insuportável na cabeça, estava confuso, não conseguia de fato entender o que estava acontecendo, sentia algo gelado escorrendo pelo seu rosto, via carros agitados se movimentando de um lado para o outro e um balançar desnecessário embrulhava todo o seu estômago.

Percebeu alguns segundos depois se tratar de quebra molas que Alex não respeitava, dirigia como se estivesse dentro de uma competição de auto velocidade. Dentro de sua cabeça um estalido fez com que soltasse um berro de dor.

Se lembrou nesse instante de parte do quarto em que dividia com Julinho caindo sobre a sua cabeça. Se desesperou ao procurar o menino e ver apenas os seus pés no banco de trás, queria ver Julinho por completo, mas a sua posição não o favorecia naquele momento.

Sentiu o carro sendo freado as pressas, em instantes, Alex saiu do automóvel e o abandonou ali naquela situação. Aquilo não era possível, não estava acontecendo. Procurou o registro que confirmava o menino no carro, mas foi em vão, ele estava ali sozinho, sem forças, largado a própria sorte.

Abriu a porta do veículo, e já ia saindo com muita dificuldade quando sentiu os braços fortes de Alex o pegando no colo. Foi colocado numa maca e em seguida voltou a apagar.

Aquela era a primeira vez que Benício passava uma noite no hospital, acordou na manhã seguinte sentindo-se em caquinhos. Estranhamente a primeira pessoa a ver na sua frente, se tornou a mais linda surpresa naquele tempo difícil em que vivia. Um sorriso revigorante saiu de si alimentando a sua alma.

- Acordou né dorminhoco?
- Você sabe que o sono sempre foi minha fraqueza.
- Eu sei. Que saudade eu estava de você meu menino, não me perdoaria se acontecesse algo contigo e eu não estivesse por perto.
- Pois saiba que só de ver o seu rosto eu já tenho energia pra correr por todo esse lugar. Como eu precisava de você aqui minha irmã.
- Como eu precisava de você Ben- Falou Berê segurando na mão do irmão- Como está se sentindo? A doutora falou que você acordaria na próxima meia hora e que assim que isso acontecesse deveria chamá-la para te examinar. Mas quando eu vi você abrindo esses olhinhos decidi que gostaria de ter você só pra mim, mesmo que fosse só um pouquinho. Eu lembro de quando você nasceu, lembro que seus olhos ficaram fechados por quase um mês, vivia dormindo, e sempre ficava com os olhos apertadinhos com medo da luz. Eu fui a primeira pessoa que viu você abrindo os olhos quando neném sabia? Fiquei te olhando, e de repente eles se abriram, e logo você sorriu, sorriu com a boquinha e com os olhos e logo soltou um bocejo. Fiquei ali te admirando por muito tempo, até que mamãe e papai chegaram e foram tentar entender porque eu quase estava dentro do bercinho com você. O meu menino preguiçoso dos olhos sorridentes.
- Você quer me fazer chorar é?
- Não, quero te dizer que te amo, e que estava morrendo de saudade e doida pra te dar um abraço, mas não vou fazer isso porque você deve estar todo dolorido.
- Estou sim, me diz aí, tô intacto? Ou perdi algum membro do corpo.

Berê fechou o rosto com um semblante sério deixando Benício preocupado. Ele logo tentou mexer os pés, não estava pronto para viver um drama como aqueles de novela. As pernas o responderam já no primeiro momento, respirou aliviado, mas tentava ainda entender o que estava acontecendo com a irmã.

- Teve uma complicação Ben.
- Que tipo de complicação? Não me diga que estou com o rosto desfigurado. Aí fudeu.
- Não, não é seu rosto que está desfigurado.
- Então o que porra? O que houve comigo?
- Fica calmo, é que... Berê seguiu com o suspense... Enquanto você dormia as enfermeiras desse hospital arrancaram parte da sua bunda, parte não, toda ela.
- Vai se fuder Berê, não brinca com coisa séria.
- Tô falando sério Benedicto, a sua bunda virou assunto nas rodinhas médicas. Me senti super orgulhosa pela nossa genética- Berê seguiu rindo- Ei fica tranquilo, você está perfeito, tudo em seu devido lugar.
- E o Julinho? - Essa era a primeira pergunta que faria a Berê, mas estava tentando evitar de fazer o questionamento, com receio da resposta.
- O menino está ótimo, ontem estava brincando em todo o hospital com o Allan. Menino, o que é esse Allan? Tu fez cu doce pra arrumar um namorado, mas acertou na mega sena.
- Não foge do assunto Berê, como ele está?
- Está ótimo, não teve nenhuma lesão, aparentemente o herói na minha frente caiu por cima dele o protegendo.
- Você não sabe o alívio que estou sentindo.
- Fica tranquilo, ficou tudo bem.
- E a Rosa, você trouxe a minha Rosa?
- Não, ela ficou com Fred, mas te mandou um desenho, vou pegar na minha bolsa e já volto. Acho que tenho que chamar a doutora pra te ver.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora