O trajeto da residência da família Falconi até a casa de praia demorou cerca de três horas. O empreendimento era alugado pela família há cinco anos e servia como local de descanso no pouco tempo livre de Débora e Alex.
O imóvel Ficava numa área do Estado do Rio de Janeiro que Benício nunca tinha visitado, conhecia muito pouco da região da Costa Verde, a cidade Mangaratiba, nome que Benício achou curioso e engraçado ao mesmo tempo, tão curioso e engraçado como o nome da própria praia chamada de Ibicuí.
Já a vista era incrível naquela tarde de sexta-feira. Enquanto Fatinha conversava com os dois filhos o babá de Julinho observava tudo a sua volta com grande admiração, o verde por todas as partes, as pequenas casinhas vistas por dentro do carro, as pessoas caminhando de um lado para o outro movimentando a economia do local. O Rio de Janeiro não cansava de surpreendê-lo, era lindo em cada ponto.
Ben pensou que Alex poderia sempre planejar viagens como essas, apesar da agitação do chefe a recompensa acabou sendo muito boa.
Julinho por sua vez dormia sentado na cadeirinha, ficou brincando com Allan cerca de meia hora até se desligar. O tio do menino em contrapartida estava muito bem acordado trocando constantes farpas com o irmão policial.
- Você responsável por reforma de casa Allan, você não sabe nem a diferença de prego e parafuso. Quem é o louco que te deixa fazer isso?
- Pois saiba você que dou um banho em muito engenheiro por aí. A obra ficou top. Aceite ou não Tubarão eu sou foda, segura mais essa seu otário.
- Chega vocês dois- interrompeu Fatinha- Não gosto desse palavreado Allan, acho que você Tubarão está bem crescidinho para se envolver nessas briguinhas de menino com seu irmão.
- Sempre defendendo o queridinho não é dona Fatinha? - o policial acabou por criticar a atitude da mãe de sempre puxar sardinha para o lado do filho caçula.
- Tubarão sem esse mimimi por favor, fatos são fatos, a velha só é justa- Allan aproveitou a situação para continuar implicando com o irmão.
- Velha é a puta que o pariu- Fatinha respondeu ao filho com um xingamento a ela mesma, percebendo a confusão resolveu mudar o sentido da conversa- Filho, faz tempo que você não vai para essa casa não é? Como ela está? Pelo tempo sem usar, vamos ter que dar uma faxina lá.
- Relaxa minha velha, eu pedi ao caseiro, o Damião se lembra dele? O que planta mandioca na casa dele. Então pedi para dar um jeito na casa pra gente. Vamos chegar com tudo certo e ainda vai dar para pegar o pôr do Sol.A casa de fato estava organizada, o tal Damião que Benício havia achado por puro preconceito se tratar de um idoso desdentado e barbudo, na verdade era um tremendo tipão. O caseiro acabou por esperar a família chegar no portão da casa com seus três filhos, dois meninos e uma menina, usava uma sunga de praia típica dos anos noventa azul turquesa e nada mais. O homem tinha "o bronzeado", natural de quem vive a serviço da praia, um corpo bem bombado e a rusticidade de um homem aos olhos de Benício altamente atraente.
Não queria aceitar, mas aquele tipo de homem agora era o seu tipo de homem. Tomou cuidado para não transparecer seu súbito interesse nos atributos do caseiro, tendo em vista que o belo pai de família, deveria ter uma esposa bem ciumenta e sua heterossexualidade pra lá de convicta, ledo engano do rapaz.
O homem praticamente o devorou quando soube que o rapaz era babá do único filho de Tubarão, como se o fato de Benício cuidar de uma criança o conferisse o título de gay do ano. O safado fez questão de apresentar cômodo por cômodo da casa ao rapaz lhe dando uma boa conferida sempre que possível.
- Bom Ben- Riu do nome do rapaz o que deixou Benício bolado- ou bem bom- continuou os trocadilhos com um tom de safadeza- Sempre que precisar estou ao seu dispor, para tudo- frisou a última parte- Me chamo Damião.
- Prazer Damião.
- Satisfação rapaz, prazer é outra coisa.
- Estou vendo que o safado do Damião entrou na concorrência- Falou Allan fingindo uma crise de ciúme quando o caseiro já havia ido embora com os filhos.
- Gatão ele cara, gostoso de verdade, mas muito descarado, não deve valer um centavo.
- Você sabe que tenho valores bem distorcidos não é roceiro? Pois na minha bolsa de valores o Damião vale uns bons dólares. O cara manda muito.
- Do que você está falando? Não me diga que vocês dois já? - Ben ficou com vergonha de concluir a sua pergunta.
- Fudemos? Fudemos- Allan abriu um sorriso ao concluir a pergunta e logo responder ao babá- E não cabe nas duas mãos o número de vezes.
- Estou chocado, ele até saber que eu era babá do Julinho estava se portando como um verdadeiro machão.
- E não deixa de ser em nenhum momento, mesmo na hora "h", o cara não perde a masculinidade. Aquele rabo ali da trabalho.
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QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)
RomanceLivro ainda não revisado. Uma história de pessoas comuns, com dilemas e situações observadas em nosso cotidiano. Descrita com muitos detalhes, apresenta personagens complexos que buscam o equilíbrio para viver numa sociedade em constantes mudanças...