DEDILHAR

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Ben despertou no meio de total escuridão, uma corrente de ar frio entrava por um lugar que ele acreditou se tratar de uma janela.

- Não, aquilo não poderia ter sido apenas um sonho- pensou- Seria com certeza a maior das covardias que a vida poderia lhe pregar, tudo havia sido tão real, tão perfeito.

Mas uma respiração forte ao seu lado, seguida de uma leve dor na região do seu ânus dava a impressão que tudo o que achava que tinha vivido, tinha sim a chance de ser verdade.

A curiosidade fez com que se mexesse na cama, não entendia o porquê de tanta escuridão. Era impossível enxergar um palmo a sua frente.

Sentiu então um braço o envolvendo e o puxando para junto de si.

- Eu pensei que o belo adormecido jamais iria despertar. E olha que já beijei o seu corpo todo enquanto estava dormindo.
- É você mesmo Alex?
- Como assim Ben, quem mais poderia ser?

Ben respirou fundo ao sentir o corpo nu de Alex junto ao seu.

- É que isso tudo é inacreditável, eu pensei que tinha sido um sonho bom.
- Pois se era sonho, ainda estamos nele. E se depender de mim, não saíremos nunca mais daqui.
- Que loucura cara, então foi tudo verdade- O babá ainda seguia tentando se reconectar com o mundo.
- Quer que eu te belisque, pra você confirmar?
- Talvez seja uma boa solução.
- Não seja por isso.

Alex puxou Benício ainda pra mais perto, deixando seus corpos intimamente colados, dedilhou a cintura do estudante. Apoiou o seu rosto sobre o do rapaz e surpreendeu Benício tirando a língua pra fora e lambendo sua bochecha, até chegar a sua boca. Um beijo calmo e curtido teve início. Eles passaram a sentir um ao outro e confirmar que de fato, tudo aquilo era mais que real.

- Isso é tão bom- Falou Benício após Alex retornar ao lugar.
- Achei que fosse melhor que um belisco.
- Foi melhor do que todos os beliscos que já ganhei na vida.
- Obrigado, precisando estamos aí.
- Que loucura ouvir isso de você Alex.
- O que?
- Que me beijar não é um incomodo pra você.
- E não é, na verdade desse vez foi.
- O que houve dessa vez? Me diz, o que há de errado?
- Você tá com um bafo do caralho.
- Mentira, é sério? Que vergonha.

Ben tentou se levantar da cama, mas foi agarrado por trás de uma forma feroz por Alex. Ambos ficaram de joelhos sobre o colchão, Benício na frente, Alex o abraçando por trás o segurando nos peitos.

O babá tentou fugir, mas Alex o dominou forte. Só neste momento Benício entendeu que o policial não estava brincando com ele, ou como ele. Alex estava duro mais uma vez e respirava pesado ao ter o corpo de Ben preso ao seu.

Um silêncio tomou conta do lugar, apenas o som das árvores vindo do lado de fora, e a brisa que entrava pela janela eram perceptíveis aos dois.

Benício deitou a cabeça sobre o ombro de Alex, o policial, mesmo em meio a toda a escuridão não errou a localização da boca do babá.

Se beijaram dessa vez mais forte, Alex não demonstrava nenhuma timidez ao fazer isso ao desbravar o corpo de Benício com as mãos, era um toque não bruto, mas audacioso, atrevido e voraz. Ben por sua vez sentia uma sensação diferente ao receber as pontas dos dedos de Alex em suas curvas e músculos. O toque do homem era íntimo, como se estivessem unidos pela eternidade, sentia que Alex não desnudava seu corpo, mas sim sua alma.

- Eu te amo.

Ben escutou Alex falando novamente a frase que jamais esperou escutar do policial.

- Eu também te amo.

Os dois voltaram a se deitar na cama. Ben aquela altura já sabia se tratar do cama do quarto de Alex.

- Eu tô com fome.
- Quando você não está? - Questionou o policial sorridente.
- Por que essa escuridão toda? Cortaram a luz da casa, ou você que apagou tudo mesmo.
- Na verdade nenhuma, nem a outra opção. Toda a região está sem luz, caiu o mundo de chuva. O Damião veio aqui mais cedo dizer que estamos ilhados, que foi uma chuva histórica e que possivelmente vamos ficar sem luz por algumas horas. Ninguém entra e ninguém sai daqui, nem pra voltar para o Rio conseguiremos, pois existe risco de deslizamentos nas encostas.
- Que loucura isso Alex, não imaginava que tivesse chovido assim.
- Você sequer viu a chuva Ben, depois que você apagou, eu te dei um banho, te coloquei na cama, tirei suas roupas da piscina, as coloquei na varanda coberta e foi aí que vi que estava chovendo pra valer. Muito vento e muita água, lá fora tá tudo revirado, amanhã teremos maior trabalho. O Damião tá chateado pelo jardim que ficou  destruído.
- E sua mãe, ligou pra Fatinha? Ela está sozinha em casa, e vi mais cedo que o tempo lá estava tão feio como aqui.
- Choveu muito também, mas na minha mãe está tudo tranquilo, nada para se preocupar, eu liguei antes de acabar a luz, ela estava fazendo churrasco com os amigos do botequim, música alta e gritaria, sabe como tudo pra ela é motivo de festa. Disse que estavam festejando a primeira chuva do ano.
- Que doideira. Espero que ninguém tenha se ferido ou perdido nada.
- A parte de feridos infelizmente ainda não tive informação, agora de desabrigados certamente teremos muitas histórias, se aqui nós passamos um dobrado, imagina nas casas mais simples.
- Então, não deveríamos fazer alguma coisa?
- Ben, não existe nada a fazer no momento a cidade está toda sem luz, sair assim é arriscado pois podemos causar algum acidente, ou mesmo ficar atolados.
- Eu agora estou preocupado. E se a luz não voltar até amanhecer? Teremos esperar a noite toda nessa aflição?
- Não fica assim, falou Alex subindo sobre Benício e o cheirando a pele, o pior já passou, não chove tem umas quatro ou cinco horas já.
- Como assim quatro ou cinco horas? Quanto tempo eu dormi?
- Muito tempo rapaz, me deixando sozinho aqui.
- É sério Alex, que horas agora?
- Eu não sei, gastei toda minha bateria jogando no celular, o seu não sei onde ficou? Mas já é madrugada rapaz, e certamente já passam das duas da manhã.
- Que loucura, como eu dormi tanto assim?
- Eu não sei, pensei até que tinha te matado, mas você respirava e sorria ao mesmo tempo, então achei melhor deixar você hibernar.
- Que doido isso, acho que foi estresse, esses últimos dias não foram nada legais.
- Eu sei, e a culpa foi minha né?
- Sinceramente? Foi sim, você é muito estranho Alex, não sempre, mas na maioria das vezes.
- Eu nem vou te pedir desculpas, pois o que eu fiz da sua vida não tem perdão- Alex voltou ao seu lugar na cama, se afastando de Benício- E também não vou tentar me justificar, não tenho justificativa plausível pra isso. Fui o pior dos caras. Mas pra mim não foi e não está sendo fácil conhecer esse novo caminho, não tem nada haver com você Ben, mas ao mesmo tempo tem tudo haver contigo. Quando eu digo que você é o culpado de tudo, é porque você é a razão de tudo.
- É isso que me confunde, você parece bipolar as vezes, não sei como vai ser amanhã, se vou encontrar o cara maravilhoso que está comigo aqui na cama, ou se encontrarei o monstro que tem prazer em me machucar.
- Eu também não sei Ben, hoje eu fiz uma escolha, de dar voz aos meus desejos, mas não é fácil isso tudo, não peço sua compreensão, mas a minha cabeça me confunde as vezes.
- Esse papo tá me dando mais fome ainda.
- Calma aí, eu fiz um lanche pra você, tá aqui no frigobar, é um sanduíche e suco, tá gelado, mas não tem como aquecer sem luz.
- Fica quieto e me dá isso.
- Calma hominho.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora