Aquela madrugada demorou aparentemente uma eternidade para passar. Logo que Fred saiu do quarto, Ben pode sentir ali sozinho, aquilo que ele sabia que viria após um ato impensado como o que ele acabará de fazer, o peso da culpa.
A ação minutos antes executava com a colaboração do cunhado, trouxe como reação pensamentos que o acusavam de ser um covarde, um traidor, um adúltero. Pensou imediatamente em contar para Pedro, mas sabia que o amigo faria festa com a novidade, e ele precisava era sentir o julgo de sua traição, e sua consciência fazia isso com maestria.
Se enrolou num lençol, estava ainda com o resultado daquele encontro espalhado por parte do seu corpo. Não teve coragem de sair para se limpar, não queria encontrar com Fred novamente e agradeceu que a família iria embora ainda naquela madrugada.
Fred aliás havia se comportado de uma forma inexplicável, como ele entrou ali, fez o que fez e não usou uma palavra sequer? Agiu feito um animal que ataca sua presa, devora o que pode e em seguida deixa os restos abandonados.
De onde surgiu aquela situação toda? Quando começou o interesse do cunhado por ele? O cunhado nunca havia demonstrado nada e na surdina aparece no seu quarto com aquela excitação e com aquele beijo. Ele se lembrava que antes de tudo, Fred disse não estar bem e que tinha vindo para se despedir. E que despedida foi aquela.
Ele decidiu então que não carregaria aquela culpa sozinho, Fred era tão inconsequente como ele, na verdade muito mais, ele era o mais velho ali, era ele o cara casado, foi ele quem o procurou no silêncio daquela noite.
Contudo e quanto a ele? Não fez nada para impedir, não o resistiu, se entregou aquele primeiro beijo e todos os que vieram depois, se entregou as suas carícias, aos seus abraços, se entregou ao sexo com ele.
Quanto a isso ele não poderia questionar, Fred havia sido carinhoso ao seu modo, mesmo aparentemente perdido, fez o que tinha que ser feito, ele ainda poderia sentir o roçado da barba do cunhado em sua nuca, enquanto era penetrado e puxado para mais perto dele.
E lá estava ele pensando novamente no ato, voltou a se flagelar pensando na irmã e sobrinha que estavam ali ao lado, na mesma casa, inocentes da ação daqueles dois homens.
Depois disso ele não conseguiu mais dormir, o corpo ainda doía, mas a dor física, não se comparava a dor emocional. Eram por volta de quatro da manhã quando ele percebeu a movimentação em toda a casa, a família estava se preparando para a mudança. Berê entrou no quarto e lhe deu um beijo no rosto, ele fingiu estar dormindo.
Minutos depois a casa estava ali, vazia, a família já estava na estrada, pronta para sua nova vida. E aquela história com Fred precisaria ser superada. Eles não iriam se encontrar tão cedo, era o tempo que precisaria para esquecer aquela noite, e sim, esquecer definitivamente daquele sentimento que tinha por ele.
Com a casa livre, tomou um novo banho, se livrando das evidências daquele ato, as marcas possivelmente passariam em dias, as lembranças esperava que também.
Após o banho tirou as roupas da cama, colocou para lavar, e deitou-se sobre o colchão puro mesmo, os demais lençóis estavam todos empacotados para levar na viagem. Não demorou muito a pegar no sono.
Acordou por volta de onze horas da manhã, com a buzina de um caminhão no seu portão, era a empresa que faria a mudança da irmã para o Sul, demorou aproximadamente duas horas até terminarem o serviço. Nas horas seguintes fez um lanche, alguns exercícios, preferiu não pensar no que havia acontecido na noite anterior.
O tédio era grande, haviam desligado a internet, a televisão havia sido enviada com a mudança, decidiu então se enfiar nos livros da faculdade, rever sua grade, em dois dias assistiria sua primeira aula.
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QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)
RomanceLivro ainda não revisado. Uma história de pessoas comuns, com dilemas e situações observadas em nosso cotidiano. Descrita com muitos detalhes, apresenta personagens complexos que buscam o equilíbrio para viver numa sociedade em constantes mudanças...