O que ele sabia? Ben pensou que possivelmente Allan tinha dado com a língua nos dentes e contado sobre os dois para o irmão. Mas isso não era motivo para aquela palhaçada toda.
- Eu já sei, e não adianta mentir mais.
Alguns minutos antes
- Qual foi Luciano? O que está acontecendo de tão importante pra me tirar da varanda daquele jeito? Se for problema na FIRE relaxa brother, vamos curtir o dia, vamos beber.
- Tubarão, eu lembrei desse carinha, o tal babá. Ele foi procurar emprego na academia e eu o coloquei para correr.
- Sério? Ele não disse nada. Mas e daí, por que colocou ele para correr? O que ele fez de errado?
- Eu não lembro bem, acho que ele ficou insistindo querendo trabalhar lá, falando que era muito bom e que não tinha profissional melhor que ele no mercado.
- Ta, mas e aí? O que tá pegando?
- Tubarão, você não percebeu ainda? Porra cara tu trabalha na polícia. Esse cara tá mandado. Primeiro na nossa academia, depois vem parar direto na sua casa.
- Não viaja cara, eu conversei com ele, dei uma investigada no rapaz, ele é de boa.
- Mano, pensa bem. O cara surge do nada, aparece na sua academia tentando emprego, depois na sua casa, cheio dos predicados. Pode acreditar, ele veio mandado, não sei porque, por quem e qual o objetivo, mas tem algo muito sujo por trás dessa história. Tem alguém tentando te fuder.
- Eu não sei, acho que é viagem.
- Ele chegou resolvendo todos os problemas da casa, sem nenhuma reclamação. Cuida de uma criança, da limpeza, alimentação. Já vejo a hora que vou entrar aqui e ver todos vocês mortos envenenados.
- Chega porra, o cara é de boa, eu sei que é.
- Tudo bem, mas não diga que eu não te avisei meu irmão. Só deixa eu te falar a última coisa que ele disse quando eu o expulsei da FIRE, lembrei disso aqui agora.
- O que ele falou?
- Que voltaria por cima, que eu o serviria quando ele entrasse lá. Ou seja, como o dono, tá ligado nessa porra Tubarão?Luciano deixou Tubarão com uma pulga atrás da orelha, ele custava a acreditar que aquele rapaz poderia ser alguém ruim. Mas e se o amigo estivesse com razão. Histórias como essa não eram novidades nos noticiários e nas delegacias. O efeito da alta quantidade de álcool fez com que ele já não conseguisse raciocinar bem, ele tinha que resolver essa história de uma vez por todas. Como faria ele não sabia, bebeu mais ainda agora trocando as pernas. Encontrou com Benício, não conseguiu olhar para o rapaz sem desconfiar. Foi para a cozinha e pegou uma garrafa ainda cheia de cachaça, sentou na cama e virou de uma vez, arrancou a camisa, o tênis e deitou na cama, se revirou de um lado para o outro ficou nessa movimentação por cerca de cinco minutos até que se levantou e foi atrás do babá.
O viu entrando no banheiro e ficou esperando até o rapaz abrir a porta, pegou pelo braço e o levou para o seu quarto para cobrar a verdade.
Na varanda da casa Débora, Vanessa e Luciano conversavam enquanto observavam os mais velhos um pouco distantes.
- Amiga como o Allan está gato, pena ser um pouco mais novo que eu. Já pensou sermos cunhadas.
- Não me faça rir Vanessa, não é de hoje que você sabe que o Allan não quer nada sério com ninguém, muito menos com uma cafona como você. Pelo que sei também, os interesses recentes dele são mais diversos, mais voltados para o público que você também tem muito apreço.
- Você está dizendo que ele virou gay?
- Não estou dizendo nada, até porque quanto ao meu cunhado não existem verdades absolutas, nem rótulos, ele tem opiniões e conceitos rapidamente mutáveis e nem para ser um gay ele tem foco.
- Bom, pelo que sei ele anda cortando para os dois lados sim- Contribuiu Luciano.
- Que vocabulário mais antiquado Luciano, eu tenho pena de vocês dois. Aliás Vanessa eu começo a achar que você tinha razão, que o Luciano e você se merecem.
- Amiga que constrangimento. O que o Luciano vai pensar de mim?
- A verdade, que é uma desesperada, louca por um macho com o abdômen sarado e um cérebro minúsculo.
- Sua ridícula, Luciano não liga pra ela, deve estar chateada porque a mamãe não muda aquela cara de maracujá azedo- Luciano deu um sorriso sem graça em retribuição.
- Aí mãe, vem pra conversa, a Vanessa está tecendo elogios maravilhosos a seu respeito, quer saber o tratamento que anda fazendo na sua pele- Dona Bárbara ignorou o convite da filha para o alívio de Vanessa.
- Sua louca.
- Você ainda não viu nada.
- Nem quero ver
- Que bom
- Viu amiga- Débora estava confiante que após as últimas palavras Vanessa iria ignorá-la pelo restante do dia, como na maioria das vezes acontecia, mas dessa vez ela veio com colete a prova de Débora.
- O que? - A médica revirou os olhos em sinal de tédio.
- O almoço, acabou não sendo o fiasco que imaginou. Na verdade correu tudo muito bem. Por mais confraternizações de domingo como essas não é Lu? - Falou Vanessa empolgada se apoiando em Luciano.
- Pra você não precisar fazer comida e vir comer da minha casa de graça sua abusada?
- Credo Débora.
- É que você me irrita, o sucesso desse almoço tem apenas um nome o Benício. E olha que eu pensei que Tubarão e minha mãe fossem se matar mais cedo, mas a comida acalmou os ânimos. Esse rapaz me saiu melhor que a encomenda.
- Pena que está com os dias contados, na verdade horas contadas aqui- Falou Luciano enigmático.
- Do que está falando agora Luciano? - A mulher de Tubarão perguntou curiosa.
- Esse rapaz veio para essa casa mandado. Eu não sei por quem, mas ele não é flor que se cheire. Você sabia que ele tentou emprego antes na FIRE?
- Não seja ridículo Luciano, ele só veio parar nessa casa porque eu o encontrei na escola do pestinha do Julinho. Depois da tarada da Vanessa ter visto ele chegando e achado uma gracinha. Não tem relação nenhuma a tentativa de emprego na FIRE com ele está trabalhando aqui, entendeu?
- Claro, eu também acredito em duendes e escola de bruxaria- Vanessa começou a rir da piada de Luciano, deixando Débora ainda mais nauseada com os dois- esse tipo de coincidência não existe, e meu amigo Tubarão já se ligou que tenho razão no que estou falando.
- Você foi falar com o Tubarão, no estado dele sobre isso? Bêbado do jeito que ele está? Foi falar uma bizarrice dessa?
- Falei, falei sim, afinal de contas não vou deixar o meu amigo e a família dele correndo risco de vida. E pelo que conheço do Tubarão a essa hora ele deve estar tirando as devidas satisfações- Débora o encarava com ódio.
- Escuta aqui seu idiota, me poupe dessa sua preocupação barata. Eu espero que o imbecil do seu amigo não tenho feito nenhuma merda ainda. Da próxima vez que for ter algum tipo de preocupação conosco pensa em cuidar direito da porra da academia que confiamos a você administrar. Não cruze no meu caminho Luciano, porque a parceria acaba e você não vai querer me ter como opositora.Débora levantou as pressas, o marido e o babá não estavam as vistas, conhecendo o gênio difícil de Tubarão ele já teria feito alguma trapalhada. Procurou os dois pela casa e nada, foi ao quarto do filho e viu que o menino brincava com Allan, no banheiro não tinha ninguém. Foi na direção do quarto e viu que a porta estava fechada. Começou a esmurrar a porta. Não demorou muito até ver a porta se abrindo e Ben passando voando por ela.
No chão do quarto encontrou Tubarão caído com a mão nas partes íntimas. Fechou a porta indo na direção do marido perguntando o que ele tinha feito.
- Eu ia dar uma surra naquele farsante, mas ele acabou me pegando de jeito antes. O Luciano me disse Débora, ele não presta.
- Quem não presta é você e o desgraçado do seu amigo. Você chegou a bater nele? Me diga que não fez isso por favor.Débora acabou não obtendo nenhuma resposta do marido, Tubarão perdeu totalmente a consciência por conta do efeito do álcool.
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QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)
RomanceLivro ainda não revisado. Uma história de pessoas comuns, com dilemas e situações observadas em nosso cotidiano. Descrita com muitos detalhes, apresenta personagens complexos que buscam o equilíbrio para viver numa sociedade em constantes mudanças...