PROTÓTIPOS

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Benício acabou por sequer desconfiar do que aconteceu naquela madrugada. Seguiu a vida normalmente, vendo o chefe de esquivar dele em algumas ocasiões.

- Alex eu preciso de dinheiro para ir ao mercado.
- Minha carteira.
- Alex sua mãe ligou.
- OK
- Não vai ter mais nenhum jogo de futebol não?
- Tô vendo.
- Vendo o que?
- O dia.

E assim, seguiram os dias com diálogos extremamente monossílabicos, sem que o babá entendesse o que estava passando na cabeça daquele maluco. Benício apenas ria, sem demonstrar muita preocupação para aquilo.

Sua preocupação se encontrava na reta final de mais um período, e em como desvendar o caso de Débora.

A situação da universidade era mais tranquila, na verdade estava tudo muito bem encaminhado para mais uma sequência de boas notas, nos últimos meses a dupla Tereza e Benício se tornou um quarteto com a chegada de Diogo e Adriana, "a Drica". A formação do novo grupo teve a gigantesca contribuição do professor Cadu que resolveu reunir quatro de seus melhores alunos num projeto.

Os quatro teriam a incumbência de montar um protótipo de um livro, que contasse a história da nação brasileira como uma nação de refugiados, o projeto deveria ser construído em quatro épocas distintas, mas não seria mais um livro de história e sim um romance atemporal. Contando estórias de amor, ódio, cobiça, lutas, opressões e liberdade, para chegarmos ao país de hoje. Onde mesmo através de tanta pluralidade, tudo o que é plantado nessa terra se torna um com ela, faz parte dela, é ela.

As reuniões do grupo passaram a acontecer todas as terças e quintas-feiras a noite geralmente na casa de Tereza, que era a mais espaçosa, a casa e a própria garota. Do trabalho acabou surgindo uma grande amizade e cada um passou a ajudar o outro nas suas principais dificuldades.

O grande problema é que tamanha proximidade trouxe também sentimentos inesperados. E Benício mais uma vez, ficou no meio de um furacão, o rapaz logo percebeu um interesse de Drica em Diogo, porém o que estava na cara de todos era que Diogo também era gay, e nutria interesses pelo próprio Benício.

Conclusão, as reuniões se tornaram objeto de climão, principalmente quando Allan estava por perto, e via os olhares de Diogo voltados para o seu roceiro. Era sempre Tereza a responsável por quebrar o gelo, falando do seu casamento que já estava as portas. O que gerava uma risadaria no grupo que já não sabia mais o que fazer para calar a boca da jovem.

Num desses encontros Cadu acabou aparecendo acompanhado do marido Daniel. O que acabou sendo motivo de uma agitação geral, meio que descontrolada das meninas e um pouco mais comedida dos meninos. Daniel era a personificação de um homem dos sonhos, cabelo loiro escuro, estupidamente forte, barba por fazer, jeitão rude.

Fazia com toda certeza um casal incrível com Cadu, que também era um homem pra lá de bonitão - Benício pensou isso mentindo para si mesmo, tanto ele como todos os outros alunos queriam mesmo era furar o olho do professor bonitão.

A noite acabou sendo muito agradável, os alunos acabaram por apresentar as ideias iniciais do projeto e Cadu acabou se impressionando com os rumos de cada estória. Ajudou apontando alguns caminhos tentando conferir um pouco mais de originalidade em cada parte. Ele era um cara fantástico, e era motivo de grande orgulho para todos os alunos o escutar, não só aos alunos como ao próprio Daniel que só conseguiu concluir o ensino médio e nunca se imaginou numa universidade por se achar ignorante demais.

O ambiente era de festa até que Allan entrou na sala acompanhado de Thomaz, surgiu ali um baita climão, não apenas pela presença de Diego, mas também pela presença de Cadu é Daniel.

O rapaz logo chamou Benício para ir embora fingindo uma dor na coluna. Ben não questionou, também estava muito cansado. Daniel e Cadu também logo foram embora deixando apenas Tereza falando do casamento com Thomaz, e Drica tentando alguma coisa com Diogo.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora