METAMORFOSE

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Um chamado em plena véspera de natal acabou por tirar o sossego de toda uma equipe médica, de um hospital particular na baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro.

Uma mulher em pânico acabará de entrar em trabalho de parto, isso faltando ainda dois dias para a data até então agendada junto ao plano de saúde da gestante.

O primeiro dos problemas que o grupo encontrou foi a descoberta de que a mulher aparentemente estava sozinha em casa, contudo uma maior dificuldade acabou por gerar uma certa apreensão no médico que acompanharia o parto dali por diante, a distância entre o hospital e a residência da paciente localizada no subúrbio do Rio de Janeiro.

O que Patrick havia aprendido na curta carreira como médico era que esse tipo de imprevistos fugiam de todo e qualquer planejamento. Possivelmente aquela mulher, assim como tantas outras gestantes havia planejado um parto junto da família, com trabalho de fotografia e filmagens, algo que o próprio hospital oferecia as suas pacientes, com apoio dos convênios médicos que possuía. Mas naquela noite seria diferente, uma criança veria o mundo pela primeira vez, numa situação extremamente desconfortável, mas por sorte cheia de saúde.

Era um pouco mais da meia noite, quando a ambulância acabou por sair as pressas do hospital, no veículo, o motorista, um médico e um enfermeiro tinham a missão de fazer o impossível para que toda aquela loucura terminasse bem. Mas pra isso acontecer, eles teriam que conseguir chegar ao local, são e salvos, o que desde o primeiro momento ficou difícil graças às intervenções do enfermeiro Nicholas.

- Isso não está acontecendo comigo, só pode ser brincadeira- Reclamou apoiando a cabeça no joelho, o enfermeiro estava irritado com o fato de ter sido obrigado a sair de sua tão confortável cama naquele início de madrugada- Eu tô puuuuuuto viado, eu tô muito puto, pra quê eu fui trocar essa porra de plantão me diz? Trabalhar no natal, e ainda aturar uma galinha lá da puta que o pariu cacarejando na minha cabeça. Você viu como ela gritava no telefone? Vou chegar dando uma moca nela já pra desmaiar.
- Fica quieto Nicholas, se for pra ficar enchendo a porra do saco também é melhor que nem vá.
- Falou o doutor fodão, se fosse só por você Patrick, eu nem iria mesmo, a sua presença me da agonia. Vou mesmo porque o motorista é o Mariano, vai que enquanto você trabalha, ele e eu não conseguimos acertar esse fogo antigo que temos um com o outro- Falou passando a mão na perna do motorista.
- Vai se fuder viado, se ficar de saliência vou te enfiar a porrada, tá ouvindo doutor Patrick? Se esse cara ficar me  enchendo ele vai arrumar merda- Falou dando uma cotovelada no rapaz.
- Aí porra, isso doeu, quem vê assim até pensa que você não está louco por mim também.
- Já estou te avisando, vou te arrebentar viado. Tô nem dando liberdade pra ficar falando merda.
- Mariano, faz como eu, além de não dá liberdade, não dá confiança. Ele já está no aviso prévio, em duas semanas não seremos obrigados a aturar mais tanta falta de profissionalismo.
- Aí Patrick, esse negócio de não dá liberdade, não dá confiança deve ser difícil pra você né querido. Porque o seu curso é medicina, mas a sua especialidade é dar não é irmã? Você deveria me respeitar, na verdade deveria se respeitar primeiro. Enfia todo esse seu profissionalismo no olho do cu, vou sair sim, mas saio por cima, inclusive fica a dica Mariano, por cima eu adoro- Falou levantando a bunda do assento e rebolando com dificuldade.
- Vá se fuder, já falei pra não usar meu nome em merda nenhuma- Falou Mariano em tom agressivo.
- Fica calmo negão, só estou te dando a oportunidade de ficar com o delicinha aqui enquanto trabalho naquela espelunca, assim que sair, o que vai te sobrar é a doutora incubada aqui. Patrick será a rainha soberana das fadas.

Nicholas seguiu falando bobagens, provocando tanto o médico como o motorista, mas os dois acabaram por ignorá-lo por completo.
Fizeram uma viagem em altíssima velocidade por cerca de uma hora, isso graças a contribuição que o trânsito deu naquele início de madrugada. O clima de tensão seguia acompanhando o médico Patrick que sabia que teria uma missão das grandes pela frente.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora