ESCONDERIJO

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O mês de julho passou voando, e com ele foram embora as primeiras férias universitárias de Benício. Passou tão rápido que Ben pouco pode aproveitar, logo agosto tinha chegado e o rapaz teve de montar sua nova grade de disciplinas, a maioria delas, um segundo módulo das disciplinas de introdução cursadas no semestre anterior. Por sorte teria Cadu por mais um semestre como seu professor, assim como alguns outros docentes o carismático professor voltaria a ministrar as aulas para a turma de calouros. Tereza acabou por construir uma grade idêntica ao do rapaz, Ben sabia que não era coincidência, a ruiva queria continuar próxima ao melhor amigo.

Na casa dos Falconi, uma novidade havia surgido. Após a grande discussão que tiveram semanas atrás, depois de um jantar catastrófico onde Débora colocou todo o seu veneno para fora, o policial o procurou falando sobre a possibilidade de se divorciar da médica. Benício como sempre preferiu não se intrometer, sabia que aquele era um assunto estritamente particular, e somente o casal poderia chegar a alguma conclusão acerca daquilo.

O assunto acabou se tornando recorrente na casa, não raramente escutava o tema sendo abordado pela mulher de Tubarão em ligações, Débora sempre que percebendo sua presença mudava de assunto, ou diminuía o tom da voz.

Julinho por sua vez não voltou a tocar no assunto de um possível relacionamento entre o pai e o babá. Benício sabia que aquilo criaria diversos problemas dentro da casa e agradeceu inconscientemente pelo menino ter esquecido daquela bobagem.

Do Sul vieram notícias que fizeram daquelas férias um pouco mais leves, Berê contou para o irmão que Fred havia mudado radicalmente o seu comportamento, e tinha voltado a ser o marido apaixonado e alegre de sempre, que estavam vivendo uma segunda lua de mel. Ben acabou se sentindo pra lá de aliviado com essa informação, não suportava a ideia de que o cunhado pudesse abrir a boca para falar do que tiveram meses atrás. Acabou por contar sobre o namoro com Allan, o que foi comemorado aos berros pela irmã.

- Espero os dois no natal aqui. Quero conhecer meu cunhadinho pra ontem. Estou muito feliz mano por tudo estar dando certo aí e aqui também.
- Obrigado Berê, fico pra lá de feliz por saber que vocês estão bem.

Ben dizia isso com toda a sinceridade possível, sabia que o que um dia teve com Fred deveria ser superado, guardado numa caixa de boas lembranças e só.

Quanto ao seu namoro com Allan isso sim seguia de vento em popa, o brutamontes voltou a frequentar a casa do irmão- para o ódio latente de Débora- Mas acabou por entender que ali não era o melhor lugar para fazer nenhum tipo de gracinha. Os dois se encontravam agora aos finais de semana, e descontavam todo o desejo acumulado em bons momentos juntos.

Numa dessas ocasiões Allan levou Benício até o casarão do amigo jornalista. A bela casa que ele era encarregado de cuidar enquanto o amigo estava fora do Brasil trabalhando como correspondente na Ásia.

Ben pode conhecer a casa por dentro e ficou encantado com tudo o que viu. Era um dia pra lá de frio, e Allan fez questão de acender a lareira presente no canto da sala.

Lareira era algo que Ben só tinha visto em filmes estrangeiros, acabou ficando hipnotizado observando o fogo aquecendo a sala fria que não percebeu o sumiço repentino do namorado.

Só notou que até então estava sozinho quando ouviu um barulho vindo do topo da escada, de lá agora descia Allan vestindo um belíssimo terno, com uma gravata fina, estava tudo perfeitamente alinhado ao corpo do grandalhão.

Allan tinha nas mãos duas taças e uma garrafa de um vinho que Benício jamais tinha visto, mas percebeu pelas poucas palavras contidas no recipiente se tratar de um tinto francês.

Não pôde conter o riso e a ansiedade de ver o brutamontes daquela forma, Allan andava com dificuldade, era engraçado, mas altamente provocante e sensual.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora