OUSADIA

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Mesmo morando tão próximo a Universidade, Benício acabou se atrasando naquele primeiro dia ali. Chegou com a aula já iniciada após deixar Julinho com as tias da creche.

A atendente estranhou vê-lo com o garoto, ele resumiu a história o máximo que pode e correu até o ponto de ônibus mais próximo.

Na sala de aula encontrou Tereza que ficou vermelha ao identificar sua chegada. Ele demorou a entender o porque daquilo, mas logo recordou o furo que a amiga tinha dado.

- Quer dizer que você anda passando meu número para qualquer um?- Questionou cochichando.

Tereza ficou mais vermelha ainda.

- Ben, aquele monstro me torturou eu juro.
- Como?
- Como o que?
- Como foi essa tortura?
- Ele me ameaçou de morte. Você acredita?

Ben encarou Tereza observando o cinismo daquela ruiva.

- Então vamos sair daqui agora e denunciar aquele psicopata.
- Denunciar? Acho que não precisa, não é para tanto né?
- Se ele te ameaçou de morte acho que é sim. Você não entrará para as estatísticas.
- Que estatísticas?
- Das mulheres vítimas de assédio e morte. Se bem que pode entrar na minha estatística.
- E qual é?
- Das que perdem a língua porque entregam os amigos por pura curiosidade.
- Curiosidade? não me diga que ele te contou.
- Contou o que Tereza?
- O que o Thomaz fez? ele te disse?
- Talvez tenha me falado, mas eu não te conto. Esse tipo de assunto só falamos com que temos confiança.

O ciúme da amiga futuramente precisaria de tratamento, e Ben resolveu desfazer logo aquela história antes que ela arrancasse o couro do noivo e o dele também.

- Isso era mentira, ele não sabia de nada, só te enganou para conseguir meu telefone, você foi mais uma vítima das brincadeiras idiotas do Allan.
- Ele vai me pagar por isso Ben, eu juro que vai, nem que ele me prometa fotos eu vou acreditar nele e falar mais nada sobre você.
- Entendi

O professor chamou a atenção dos dois que não paravam de falar, Ben achou que não era uma boa contar para a amiga o que tinha acontecido com o bonitão, ela faria um escândalo, então resolveu esperar um momento mais oportuno.

Mas no intervalo acabou contando de sua saga com a nova família, contou a situação da arma e a menina teve uma crise de risos. Ela acabou desejando sorte no novo emprego, e garantiu não contar pra ninguém sobre isso.

Nas últimas aulas Ben passou parte do tempo pensando em cada pessoa daquela família, no menino carente e incrivelmente doce, em Débora, uma mulher bonita e muito inteligente, mas um tanto estranha, tinha um sentimento de que não deveria confiar na loira plenamente.

Por fim dedicou mais tempo pensando no chefe da família, que homem era aquele, o típico cara que Pedro daria a vida para ouvir um oi. Um verdadeira montanha de músculos, o típico brutamontes.

Ben nunca se viu atraído por caras assim tão grandes, mas tanto Allan como o tal do Tubarão tinham caído no seu gosto pessoal. Allan pelo fato de observar a vida de uma forma muito peculiar e um tanto despreocupada. Já aquele homem, não sabia o porque, sentia que ele tinha uma presença muito dominante, de tirar todo o ar a sua volta quando aparecia, foi assim nos seus dois primeiros encontros.

Mas dessa vez não cometeria o mesmo erro que aconteceu com Fred, não tinha motivos reais para olhar aquele homem com outros olhos. Até porque imaginava que os seus dias estavam contados naquela casa. Possivelmente a conversa que teriam mais tarde seria decisiva quanto a isso. Lamentaria muito principalmente por conta do Julinho.

Foi despertado da sua série de pensamentos com o celular vibrando sobre a mesa, era uma mensagem do número de Allan que ele havia salvo ainda na madrugada.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora