DUPLICIDADE

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O pai de Julinho voltou a acordar quando uma copeira entrou no quarto levando o café da manhã do menino, nesse tempo Benício havia se virado para o outro lado do sofá, Alex não deixou de agradecer mentalmente ao rapaz por conta disso.

O que aquela moça acharia de dois marmanjos agarrados no sofá? - Se condenou por ter permitido um risco como aquele.

Levantou se espreguiçando enquanto acompanhava a moça que possivelmente estava no primeiro emprego de tão novinha acordar o menino. Percebeu nesse momento que a região do seu peito direito estava toda molhada, o filho da mãe do babá era um verdadeiro babão.

Voltou sua atenção a moça que agora tentava fazer Julinho comer algo, mas o exercício era em vão. O homem acabou por agradecer a copeira e se encarregou ele mesmo de servir o café ao menino.

- E então campeão, como você está hoje? - Falou bocejando, não animando nenhum pouco o filho.

Julinho não respondeu. Desde aquele terrível dia que foi deixado sozinho na casa pelos pais o menino não tem se comunicado direito.

- Não quer falar? Tudo bem, mas comer você vai não é?

Julinho balançou a cabeça negativamente

- Vai sim, se não a pessoa que veio te visitar vai ficar muito triste, e o papai fez um grande esforço em trazer ele aqui, afinal de contas você insistiu tanto querendo vê-lo.
- Quem papai? - Falou fraco tendo uma sequência de tosse como acompanhamento.
- Eu vou deixar você mesmo descobrir, é só olhar bem para o sofá.

O menino se virou com preguiça, mas logo não conteve a alegria com a surpresa preparada pelo pai e o amigo Benício.

- Tio Ben- tossiu duas vezes- Tio Ben

Benício acordou ouvindo a voz da criança, levantou muito rápido e caminhou se contorcendo na direção do menino, lhe deu um abraço e um beijo na sua testa.

- Que saudade garoto. Quer dizer que eu não posso ficar fora uma semana que você me dá um susto desse tamanhão.
- Eu pensei que nunca mais ia te ver, senti a sua falta Ben.
- Sentiu sim- Confirmou o policial- E ficou doente de tanta saudade, mas acredita que mesmo você vindo visitá-lo ele me disse que não quer comer.
- Não queria Alex, porque agora ele vai comer tudo. Não é Julinho?
- Tá bom tio Ben.
- E depois vai escovar os dentes, porque está com um bafo de dragão que tomou cerveja azeda com comida estragada.

O menino deu uma daquelas risadas que Benício tanto amava.

- E o papai?
- O que tem o papai?
- Vai colocar ele para escovar os dentes também?
- Claro que sim, o dragão dele tem por costume beber muita cerveja- Alex o olhou contrariado, mas sabia que aquilo era um fato.
- Pois eu acho meu filho, que você e eu é que devemos colocar o tio Ben para escovar o dente, porque parece que ele bebeu chá de cera de ouvido e comeu biscoitos de titica de pombo.

O menino correspondeu ao contra-ataque do pai com uma nova gargalhada, dessa vez seguida de muitas tosses.

- Vamos com calma rapaz, você ainda está muito fraco- falou o médico entrando no quarto para a primeira consulta do dia, chegou acompanhado de Júlio e Bárbara, os avós maternos do menino que viajaram preocupados ao Rio após a mensagem recebida do genro no dia anterior.

- Vovô, vovó... Vocês também vieram, que dia incrível, para ficar perfeito só falta o meu tio Allan e a vovó Fatinha.
- O tio Allan vem mais tarde com sua avó meu filho- respondeu Tubarão- Aí vai ficar perfeito mesmo.
- Pra ficar perfeito a mãe dessa criança deveria estar aqui, onde está minha filha Tubarão? - perguntou Bárbara com cara de poucos amigos enquanto via o marido já babando o neto.
- Excelente pergunta Bárbara, mas se você que é a confidente da sua filha não sabe, eu menos ainda- Respondeu irônico- Tentei falar com ela o dia todo e ela não deu as caras.
- Mas você é o marido dela, deveria saber.
- Sua filha, muito com a sua contribuição é claro anda esquecendo disso faz algum tempo.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora