No alto de uma árvore uma mãe Calopsita pousava em seu ninho, nos próximos dias os seus filhotes viriam ao mundo e quem pudesse observar de perto toda aquela movimentação poderia pensar que a exaltação por parte da matriarca, era pela grande responsabilidade que tinha nas mãos.
Alguns metros abaixo um grupo de pessoas se encaravam de forma desafiadora, as faíscas trocadas antes da fala de Bárbara demonstravam que a conversa a seguir seria regada de trocação de tiros, porradas e bombas, o que possivelmente traria um grande desconforto a pobre ave e seu pequeno ninho.
- Eu entendi bem? Você disse que vai levar meu filho.
- Sim, esse é nosso objetivo.
- Mas nem fudendo.
- Tubarão- Fatinha repreendeu o filho que em meio a pressão se utilizou de um palavrão, mesmo estando próximo de Julinho.- Escute aqui rapaz, o que está esperando para levar o menino daqui? O pai dele e eu teremos uma conversa e não convém que a criança esteja presente- Bárbara dessa vez chamou a atenção de Benício para que retirasse Julinho dali.
- Pois saiba que ele não saí daqui, você querendo ou não, o Julinho fica- O pai falou exaltado.
- Fatinha seria muito pedir que nos trouxesse um café?
- Aí seria sim, tô super cansada de tanto andar, e agora tô mega curiosa pra entender essa fofoca, mas vou pegar o café, de hoje cedo, porque nem pensar que eu vou fazer café agora.
- Obrigada querida.
- De nada querida.Fatinha saiu se arrastando, detestava Bárbara tanto quanto detestava Débora. A socialite paulistana, tinha uma postura elegante, belos cabelos loiros, assim como os da filha, muito bem escovados. Era perceptível no rosto da mulher uma nova intervenção cirúrgica com botox espalhado em alguns pontos do rosto. Bárbara era uma mulher altiva, esguia, que intimidava só com o olhar.
- Tubarão, quando eu falo que vou levar o Julinho, não é com o objetivo de tirá-lo de você. Júlio e eu sabemos que você é o pai do Julinho, e que tem feito um bom trabalho na função.
- Ser pai não é função, ser pai é dom Bárbara, meu filho é uma pequena luz, eu só cuido dela.
- Eu entendo, mas se me permite continuar, Júlio e eu não queremos fazer mal algum ao nosso neto, só gostaríamos de passar uns dias, na verdade semanas com ele.
- Bárbara, vocês nunca foram disso, nunca levaram o menino pra ficar nem um final de semana com vocês, não me venha de conversa fiada agora.
- Porque sempre tivemos as nossas responsabilidades, nossos compromissos, e também porque acreditávamos que você e Débora estavam fornecendo uma boa educação ao Júlio.
- O Julinho está sendo bem educado, ele tem a mim, minha família e um babá fora de série que é a grande paixão dele, para nossa sorte a desequilibrada da sua filha não está por perto. A propósito onde você está a escondendo?
- Eu não sei do que está falando.
- Bárbara, com todo o respeito, foi muito bom te ver, na verdade não foi, mas, por gentileza, vá embora.
- Eu já disse que só saio daqui com o Julinho. Eu planejei uma viagem de férias, está tudo acertado, é só levá-lo.
- Como assim acertado? Acertado com quem? Você se esqueceu que eu sou o pai dele.
- Tubarão meu filho, você sabe como é sua sogra- Júlio, pai de Débora decidiu intervir.
- Ex sogra.
- Que seja, você sabe que a Bárbara é impulsiva, ela teve a ideia há quinze dias e organizou tudo. Eu que sou eu, que não gosto de sair de casa, estou animado. Eu te peço por favor, esqueça as diferenças de lado, e deixa o menino passar uns dias conosco. Estamos sofrendo muito com tudo o que tem acontecido, decidimos que seria importante fazermos algo para espairecer, quando estávamos fechando o pacote lembramos de nosso neto, precisamos da presença dele pra nós ajudar a ser fortes. Tivemos nossa casa invadida pela polícia, tudo foi retirado do lugar, nossa privacidade foi invadida por conta dessa guerra que vocês dois decidiram travar, sem parecer perceber que estão afetando muitas outras pessoas. Reconhecemos que nossa filha de repente se tornou uma delinquente foragida e estamos perdidos em meio há tantas informações.
- É aí que está o problema, como vou deixar meu filho perto de vocês sabendo que aquela doente pode aparecer há qualquer momento e fazer uma maldade com ele, eu juro que nem sei o que eu faço.
- Você não fará nada, porque a Débora não vai aparecer mais- Bárbara voltou a participar da conversa.
- Então não é verdade que não sabe onde ela está, eu juro que penso nisso tudo que vocês estão falando e deixo o Julinho ir, se vocês contarem onde ela está.
- Tubarão, eu apelo pro seu bom senso, eu sou mãe, não posso entregar minha filha, mesmo ela estando numa situação difícil, a única garantia que posso te dar, baseada na minha palavra é que Débora nesse momento não pode fazer nada contra ninguém, ela se encontra bem longe daqui. Agora me escute, eu te imploro que reconsidere e reflita. O quanto esse menino sofreu nos últimos dias, semanas, meses, mesmo que tenha um babá maravilhoso como você diz, ele esteve no meio de um turbilhão de coisas e ele ainda é uma criança. Tá vendo isso aqui, são passagens de 20 dias para Nova York e Orlando. No hotel temos ingressos para espetáculos da Broadway e em Orlando vamos levá-lo aos parques da Disney, é o sonho de toda criança.
- É o sonho de toda criança ir com os pais.
- Eu tenho certeza que muito em breve você poderá levá-lo, ele vai amar e do jeito que é inteligente, vai gostar muito de te explicar o que é cada uma das coisas. Mas agora, a oportunidade que criamos é essa, um tempo de carinho e diversão pra essa criança que tá sofrendo tanto, você já parou pra pensar em como a vida foi dura com ele?
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QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)
RomanceLivro ainda não revisado. Uma história de pessoas comuns, com dilemas e situações observadas em nosso cotidiano. Descrita com muitos detalhes, apresenta personagens complexos que buscam o equilíbrio para viver numa sociedade em constantes mudanças...