CAMA DE GATO

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Na manhã seguinte Débora acordou linda, loira e plena. Estava feliz demais com a discussão da noite anterior com o marido, finalmente Tubarão tinha caído em si e pedido o divórcio.

Ela foi até o banheiro e tomou uma ducha com a água fervendo, pensou que naquele início de dia, merecia uma banheira cheia de espuma para hidratar a sua pele macia. Algo que era uma grande mentira, sua pele estava pra lá de ressecada, mas a futura ex-mulher de Tubarão jamais admitiria isso.

Voltou ao quarto e se jogou na cama ainda usando um roupão de seda roxo, talvez tudo fluísse com tranquilidade e ela não precisasse sujar nenhuma unha com o sangue do marido, mas se fosse necessário ela iria até às últimas consequências para por fim de uma vez por todas naquela história.

- O que você está me dizendo Débora?
- Não grita mãe, é exatamente isso que você ouviu, essa é a sua vitória Dona Bárbara, o Tubarão e eu nos separaremos como você sempre desejou.

A loira não havia contido a ansiedade e ligou para a mãe para compartilhar sua boa nova, isso antes mesmo que Bárbara tomasse o seu farto café da manhã sozinha no belíssimo duplex que possuía na grande São Paulo.

- E como isso aconteceu? E o que você disse? E a guarda do Julinho?
- Fica calma porra, vai acabar tendo um infarto com essa ansiedade toda. Tivemos mais uma discussão, ele tentou se fazer de engraçadinho na frente do pirralho e do viado do babá que agora é nada mais, nada menos que o cunhado dele você acredita? O desgraçado do Allan tá comendo o sonso do Benício- Débora não deixou a mãe responder, seguiu compartilhando a novidade- Então, depois disso eu o humilhei, ele e sua família medíocre, ao ponto do Tubarão ficar tão puto que chegou a conclusão que devemos nos separar.
- E o que você disse?
- Eu não disse nada ainda mãe, tenho muitas reinvindicações a fazer, quanto a guarda do capetinha não existe discussão para isso, será toda dele, se bem que eu posso usar isso ao meu favor em algum momento.
- Débora, por favor não faça bobagem, assine esse divórcio o mais rápido possível e vá viver a sua vida minha filha. Seu pai e eu esperamos tanto por esse momento, de te ver livre desse fardo que é estar casada sem amor, com um homem muito aquém do que seu pai e eu poderíamos ter te ajudado a escolher. Você poderia hoje estar casada com um grande político, ou empresário bem sucedido, mas resolveu dar um tiro no próprio pé se casando com um relés policial militar. Quanto ao seu filho, deixe de ser insensível, entendo que a guarda deverá ser compartilhada entre os dois, se for preciso seu pai e eu alugamos um apartamento aí no Rio e te ajudamos nos dias em que o Julinho estiver contigo.
- Mãe, sem ladainha, fique tranquila, vou assinar o divórcio no tempo certo, mas antes vou tirar tudo do Tubarão, me ouviu bem? Tudo. Ele vai voltar a estaca zero, vai voltar a ser um pé rapado como o homem que conheci quinze anos atrás. Um morto de fome que contava as moedas para comer alguma coisa na lanchonete mais suja da universidade.
- Você não precisa fazer nada disso minha filha, deixa as coisas como estão, por favor, faça isso por seu pai e por mim.
- Não preciso de nada disso Dona Bárbara, mas eu quero- Falou enérgica- Vou tirar cada centavo dele pedindo uma gorda pensão, e vou querer mais, vou exigir a parte que ele possuí na FIRE.
- Não seja tão vingativa, a FIRE é um sonho dele e você não fez nada para ajudá-lo nisso, muito pelo contrário, fez de tudo para que ele não tirasse do papel. Quanto a pensão você sabe que não precisa desse dinheiro, seu pai e eu temos de sobra.
- Já falei que eu quero porra, nunca apoiei a FIRE e não apoiaria, mas aquilo é uma máquina de gerar dinheiro hoje em dia, sem contar que está ali o principal  motivo de vida do Tubarão, aquilo que o deixa orgulhoso feito um pavão, sim ele vai perder a FIRE, quero ver esse homem sofrendo mãe, comendo o pão que o Diabo amassou. Sobre a pensão, é um direito meu, nada mais justo do que eu receber uma bem rechonchuda, se ele morresse seria isso que aconteceria não?
- Débora já te pedi para parar com esse papo de morte. O Tubarão jamais será o genro dos meus sonhos, isso porque ele não tem o nosso nível social, mas ele nunca te fez mal, não foi o pior dos maridos, deixe ele seguir a sua vida também, deixe que seja feliz.
- Nunca, o Tubarão jamais será feliz, ele merece o sofrimento apenas pelo simples fato de ter me feito perder quinze anos da minha vida ao lado dele, quinze anos sem amor. Agora ele vai pagar caro por ter cruzado o meu caminho e ter me feito juras de um falso amor.
- Minha filha, foi você que agarrou nesse cara feito um carrapato, tentando desafiar o seu pai e eu. Fez o possível e o impossível para conquistá-lo. Ainda está em tempo de se arrepender, aceita o divórcio sem questionamentos e vá viver sua vida Débora. Pare de pensar em vingança, deixe de tanta maldade, pense que tudo que você faz reflete no seu filho.
- Foda-se esse muleque- Perdeu a paciência- Você sabe melhor do que eu, que eu nunca quis essa peste, que fiz de tudo para que ele não viesse, e ele veio por obra do acaso. Que eu tenho nojo dele tanto como tenho do Tubarão. Quer saber, pensei que fosse ficar feliz, mas você não tem jeito dona Bárbara, sempre do contra caralho, agora só me falta pedir para permanecer casada, fiel e feliz. Vá tomar no cu.

Débora desligou o telefone, antes que a mãe reprovasse os seus xingamentos desnecessário e iniciasse um novo sermão, não naquele dia, ela estava exultante demais para ter aquele embuste lhe perturbando. Decidiu então mandar mais uma mensagem para o seu grande parceiro.

- Dia de comemoração gatão, em uma hora, no lugar de sempre, quero suíte presidencial, porque nós merecemos.

A loira saiu de casa, antes mesmo do marido, filho ou babá acordarem, saiu vestida com o tradicional uniforme branco, aquele que já havia utilizado para enganar ao policial por tantas vezes dizendo que estava de plantão. Como ele era burro- pensou- Por baixo do uniforme tinha uma lingerie nova, guardada para uma ocasião como aquela, uma grande celebração.

Débora sabia que não seria fácil fazer o marido aceitar suas reivindicações, mas ela estava disposta a tudo. O olhou estirado no sofá, ainda dormindo, pensou em como uma marca de bala ficaria excelente naquela testa, ou um ferimento a faca na região do coração marcaria bem aquele corpo.

No caminho desejou como em todos os dias que alguém desse cabo da vida do policial, tentava se apoiar na fé, mas sabia que não teria tanta sorte assim.

Ele chegou primeiro no motel, acompanhado de sua poderosa motocicleta, mandou mensagem com o número do quarto falando para que não demorasse pois estava louco de tesão. Ela por sua vez se apressou até o encontro dele, abriu a porta e lhe encontrou sobre a cama completamente pelado, com um lençol fino e sedoso cobrindo parte do pênis a meia bomba, sua pele era incrivelmente lisa, não existia sombra de pelos sobre ele, desde a cabeça até as pernas musculosas.

Ali ficariam durante todo o dia até ficarem exaustos de ter um ao outro. Por sorte aquilo não precisaria ser feito mais as escondidas, em pouco tempo os dois amantes poderiam expor ao mundo aquele antigo romance.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora