XEQUE MATE

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Ver o cano do revólver apontado para sua cabeça, somado a imagem daquele homem, seu olhar de fúria e por fim sua voz, fez com que Benício perdesse completamente o equilíbrio.

Ele tinha total pavor das armas de fogo, e sabia que possivelmente morreria só de ter uma daquelas direcionadas a ele, talvez viesse a óbito antes mesmo de puxarem o gatilho, pelo absoluto pânico que tinha daquilo.

Nessa ocasião Benício pela primeira vez na vida experimentou algo que tinha grande curiosidade. Como seria cair desmaiado. Por sorte Tubarão teve um excelente reflexo e conseguiu segurar aquele sujeito estranho em seus braços. Instantes depois Débora chegava aos berros tentando entender o que acontecia.

Ben demorou muito tempo ao recuperar de fato a consciência. Ele se lembrou de ter sido despertado com o cheiro de álcool colocado por Débora em seu nariz, dessa vez quem gritava era aquele homem, um tempo depois, algo que não soube mensurar bem o quanto, estava no seu colo sendo guiado para algum lugar. Por fim, ele estava ali despertando de um pesadelo deitado na cama que Débora havia dito mais cedo que seria sua.

Ele ainda escutava, meio que distante os gritos do casal. Percebeu que Julinho havia despertado e chorava, foi dar atenção ao menino enquanto não conseguia entender o que acontecia no outro quarto.
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No quarto ao lado.

- Eu já disse, ele vai embora amanhã cedo. Sou eu que mando nessa porra.
- Você se meta a fazer isso e vai ver quem sai.
- Você estava completamente louca em achar que iria deixar você trazer um macho para morar na minha casa. Não sabe nem de onde saiu esse merda, pode ser um viciado, um marginal disfarçado, eu sou policial porra. Você esqueceu disso?
- Nesses anos todos, você me fez esquecer de muita coisa Tubarão. Ser policial ou não é uma das coisas que menos me importam.
- Você se importando ou não, eu sou e esse cara não vai ficar morando no meu teto, nem tomando conta do meu filho.
- Então é assim que você deseja? Pois bem, a partir de amanhã quando esse rapaz cruzar a porta de saída, será você quem vai se sacrificar por esse moleque. Eu voltarei a viver minha vida, não vou abdicar de mais nada por essa família falida. Você leve-o até a escola, trate de buscar, de dar comida, banho e o que mais for necessário.
- Você não seria capaz de fazer isso.
- Pague para ver.
- Cuidar dele deveria ser uma alegria pra você, eu sempre me pergunto quando foi que você se tornou esse monstro.
- Não venha com acusações, eu nunca quis ter filhos, nossa vida era muito melhor sem ele. E convenhamos que a sua contribuição na criação desse pirralho é bem abaixo do que deveria.
- Eu reconheço Débora, e prometo mudar nesse sentido, vamos dividir melhor as coisas- Tubarão tentou ser um pouco mais compreensivo, vendo que a mulher de fato estava a beira de um ataque de nervos- E prometo também começar a procurar uma babá para ele amanhã, vou pedir ajuda aos amigos, vai aparecer alguém eu garanto.
- Que lindo marido- falou com ironia- bom saber que quer ser um pai melhor, mas não se preocupe com uma babá, já temos um e tenho certeza que é dos melhores, e digo isso não apenas pelo fato de saber que ele não vai engravidar. O moleque dormiu em tempo recorde com os cuidados dele.
- Sobre isso não abro mão, o carinha lá cai fora amanhã.
- Então veremos.
- Veremos

Tubarão saiu do quarto em busca do esperado banho, decidiu passar no quarto do filho para ver como estavam as coisas com o menino e o novo inquilino. Se surpreendeu ao ver o rapaz dormindo com a cabeça apoiada na cama de Julinho e o filho dormindo em seus braços. O cuidado do rapaz chamou sua atenção, mas ele jamais aceitaria conviver com outro cara dentro da sua casa. Naquela casa só havia uma pessoa para cantar de galo, e essa pessoa era ele. Pensou que de fato Débora só poderia estar enlouquecendo.

Tomou um banho demorado, bastante ensaboado. Mesmo detestando o que Débora se tornou sentia falta do calor da mulher, tentou idealizar a Débora que conheceu ainda na Universidade, há quinze anos atrás, linda e alegre contagiando todos a sua volta com o seu jeito mandona de ser, não ficou surpreso ao ver seu pênis corresponder rapidamente as lembranças, estava absolutamente carente e isso o deixava louco de tesão. Não eram poucas as oportunidades que surgiam para sair daquela secura, mas ele tentava se manter fiel a mulher.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora