O TEMPO PARTE 3 (CAPÍTULO ESPECIAL)

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Ben estava deitado no sofá da sala quando viu Tubarão sair do quarto naquele fim de noite de quinta-feira. O policial vestia roupas de sair, uma calça jeans clara, com uma camisa social branca, aberta um pouco abaixo do peitoral, seu perfume poderia ser sentido talvez a cem metros de distância de tão forte, seu pouco cabelo estava perfeitamente penteado de forma bastante alinhada, a barba também havia sido feita, essa foi a última percepção do babá até constatar que o chefe iria sair para uma noitada.

O que lhe pareceu estranho foi o fato do policial não ter muitos amigos naquela região. Na verdade no pouco tempo que estavam na casa de praia, Tubarão não apresentou nenhum conhecido sequer aos familiares, nem mesmo demonstrou disposição para um bate papo com os tantos chefes de família que curtiam os dias ensolarados ali.

Talvez por ser uma região de veraneio- Pensou Benício- o que dificultava o estabelecimento de novas interações, porque somente os moradores fixos e comerciantes permaneciam ali naquela região ao longo do ano. Outros tantos, como eles mesmos, apareciam na região, vez ou outra para desfrutar do paraíso como forma de descanso e lazer.

O babá também não tinha conhecimento de estabelecimentos na região que tivessem o perfil noturno, na maioria das vezes quando tentaram sair às ruas no entardecer o silêncio já dominava a região, eram os turistas e o comércio que movimentam o local que demonstrava diversos opções para atividades diurnas.

Mesmo com tantas constatações em pouco tempo, o babá tinha uma certeza, Alex estava prestes a sair, e pela sua euforia a procura da chave do carro, carteira e celular, deveria estar atrasado.

Benício, mesmo incomodado com a situação não demonstrou nenhum interesse em saber o que o policial faria, ficou se mordendo de curiosidade, mas alimentou o seu orgulho, não deixando transparecer a sua chateação.

Foi Fatinha que ao sair do quarto por coincidência que acabou colocando o filho contra a parede.

- Onde você pensa que vai essa hora Tubarão?
- Não enche mãe, vou dar uma volta.
- Volta onde Tubarão? Esse lugar não tem nada pra fazer a noite.
- Pois eu encontrei e farei, agora na boa, eu tenho quase quarenta, a fase de ter que ficar te dando explicação do que eu faço já passou faz tempo.
- Tudo bem, não falo mais nada- Fatinha demonstrou indignação sentando no braço do sofá onde Benício estava deitado, o babá fingia acompanhar alguma programação na televisão- E porque você não leva o Benício com você? Esse menino vai ficar vesgo de tanto assistir televisão.
- Onde eu vou não é lugar para o Benício.
- Ah não, vai pra onde então? Não me diga que pra puteiro? - Fatinha esqueceu a sua promessa de não falar mais nada, a curiosidade lhe consumia.
- Dona Fatinha não mexe com minha boca que eu acabei de escovar meu dente. Já disse que não te devo explicação nenhuma, tô saindo, e vai dormir, que não está na hora de velho e nem criança estarem acordados.

O policial saiu batendo a porta. Fatinha foi até a janela com a cara amarrada. Acompanhou o cinismo do filho a encarando sorrindo, enquanto ligava o veículo.

- E você não diz nada Benício?Francamente meu filho, ele te chamou de criança, e eu de velha. Filho da puta, só não desejo mal, porque esse fudido já anda fudido demais, e praga de mãe pega.

Benício seguiu em silêncio, tinha sentido a indireta do policial, mas não se deixaria abater por aquilo. Na verdade já estava saturado daquela situação, e já não via a hora de voltar para casa.

Viu Fatinha retornando para o quarto ainda revoltada, em seguida ligou o celular e passou a observar as imagens postadas pelos amigos da universidade em redes sociais, a maioria deles em locais paradisíacos, aparentemente acompanhados de pessoas queridas curtindo as férias.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora