PLANO MORTAL

2.1K 307 61
                                    

Débora havia programado minuciosamente cada detalhe do seu plano contra o marido, ela não poderia contar com nenhum tipo de erro, nenhum resquício de falha, deveria ser algo natural, sem levantar qualquer tipo de suspeita quanto ao seu nome.

Decidiu fazer isso possuída por uma afobação que tinha por objetivo trazer a liberdade que tanto buscava. Tubarão nos últimos meses mesmo tendo entendido que o divórcio seria o melhor remédio para os dois acabou por fazer corpo mole, isso segundo Débora que achava que o marido tinha por obrigação aceitar todos os seus caprichos. Afinal de contas quem mais perdeu em toda aquela história havia sido ela.

A loira entendia que já havia esperado tempo demais, e não estaria disposta a perder mais nenhum minuto da sua felicidade ao lado daquele homem. Se Tubarão decidiu não cooperar pelo seu próprio bem, iria cooperar com a sua própria vida. O que ainda iria gerar para Débora uma boa grana.

A médica sorriu ao ler aquela mensagem mais uma vez, já tinha feito isso seguidas vezes nos primeiros minutos. Ligou a câmera do celular e decidiu se olhar, queria olhar a sua expressão de vencedora.

- Boa noite viuvinha, como você está se sentindo minha querida? Eu sei que não vai ser fácil viver sem ele, mas pense o quão infeliz ele te fez, afinal ele te chifrou com tantas mulheres, te agrediu por tantas vezes não é mesmo? Te humilhou por tantos anos minha linda, você merece ser feliz- Débora iniciou um diálogo com o seu próprio reflexo.

- Eu tenho que te confessar algo. Viver sem ele vai ser fácil até demais, só pelo fato de não precisar viver mais no personagem da esposa sofredora eu me sinto maravilhosa - Débora agora trazia a tona suas reflexões e intenções mais íntimas

- Tubarão sempre foi um cretino mais nunca me encostou um dedo. Mas destruir a imagem do marido acabou de tornando um hobby viciante nos últimos tempos. Todo o esforço que o policial fazia pra mostrar ao mundo o bom homem que de fato era, ela demonstrava ser o contrário. Muitas pessoas, não todas, acreditavam nas falas da médica. Afinal de contas só quem conhece uma pessoa é quem convive intimamente com ela.

Tubarão mesmo não conseguia entender o fato de tantos amigos do casal do tempo da faculdade pararem de lhe dirigir a palavra. Como quando passavam por Débora e ele no meio do supermercado e trocavam os corredores para não se cruzarem os olhos com eles. Geralmente os homens ainda acenavam enquanto as mulheres viravam o rosto pra ele e olhavam pra demorar com cara de solidariedade. Enquanto Tubarão tentava refletir o que poderia estar acontecendo, Débora via o seu semblante triste da mulher sofredora - que sustentava um casamento de aparências com um homem cruel, tudo por conta do filho pequeno - se desfazer num sorriso maquiavélico.

- Era importante que todos acreditassem em mim, inclusive você que me enxerga através desse espelho. Era importante desde o primeiro momento você tomar partido, me defender do homem bêbado, fanfarrão, grosseiro, adúltero e hipócrita que é o Tubarão. Vocês não poderiam ver que essa jovem loira, linda e gentil na verdade era uma menina muito má. Não me critiquem, nem me castiguem, você quis acreditar em mim, eu desde sempre te mostrei quem eu sou.

- E você não se arrepende querida de destruir a vida de um homem bom? - Se questionou e prontamente respondeu a si mesma.

- Eu me arrependo de não ter metido uma bala na cabeça dele enquanto dormia, isso sim, e olha que oportunidades não faltaram - Olhou para o lugar no guarda roupa onde o policial sempre colocava a sua arma quando chegava em casa.
_________________________________________

O plano custou caro para Débora, a loira precisou se enfiar dentro de uma comunidade perigosíssima no subúrbio do Estado para encontrar o cara perfeito, aquele que não erraria, que faria um strike na montanha de músculos chamada Tubarão Falconi.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora