AÇÕES E REAÇÕES

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Aquela era uma manhã de quinta-feira, diferente da cidade onde vivia no interior, Ben não acordava ao som de pássaros, ou dos filhos dos vizinhos. Eram barulhos constantes e assustadores, em partes vindo do trânsito, mas em maior escala vindo do edifício em construção logo em frente.

Era um quebra daqui, uma furadeira do lado, a obra aparentemente já se encaminhava para sua reta final, mas não deixava de ser um imenso transtorno. Inclusive para o recém chegado Benício.

Não eram nem sete da manhã e a barulheira já estava lá. Benício não podendo controlar o incontrolável se levantou com seu travesseiro babado do seu sono pesado. Foi guiado pela sua consciência até o banheiro e em três minutos começará a correria diária para não chegar atrasado na universidade.

No ônibus se martirizaria por ter sido tão irresponsável em deixar o celular despertar mais de cinco vezes. Esse hábito ainda não havia sido mudado infelizmente. De qualquer forma nesse dia o rapaz contou com a sorte. Com um trânsito livre e em tempo recorde ele estava lá, dentro da sala antes de alguns de seus colegas e do Professor responsável pela primeira aula. Aproveitou para tirar um cochilo, pensou que essa talvez fosse uma boa estratégia, já dormir arrumado, levantar e pegar o ônibus, chegar mais cedo e dormir antes da aula.

Acordou com Tereza mexendo no seu cabelo.

- Ainda está zangado gatinho?
- Agora não, mas quando eu acordar estarei e muito.
- Entendi, te comprei uma fatia de torta de prestígio, mas sabe como é né?
- Cala essa boca Tereza, enfia sua torta no cu, tô com uma asia desgraçada de umas porcarias que comi ontem depois que fui humilhado por sua causa.

Tereza ignorou o rompante do amigo.

- Vi uns brindes lindos para os padrinhos de casamento, estou escolhendo o recheio do bolo, e a cor da festa. Vim trazendo essa revista, olha! Você acha que eu deveria comprar um vestido desses que vem lá da China, alugar ou fazer um modelo só meu?

Ben levanta a cabeça, pegou o garfo e a metade da torta da mão da amiga e começou a comer.

- Você é insuportável. Sério? As sete horas da manhã e já está falando dessa porra de casamento.
- Ben você é minha madrinha, não tenho com quem conversar.
- Sou tua o que? Não me faça falar bobagem logo cedo Tereza. E quanto ao vestido nenhuma das três opções, porque comendo desse jeito até lá você vai estar vestindo uns dez número a mais.
- Nossa você hoje acordou azedo, intragável, não fala mais comigo.

Ele lhe respondeu com um sorriso falso, cheio de chocolate preso aos dentes. A amizade entre os dois só crescia, Tereza com toda a certeza foi um dos grandes presentes que a cidade grande o trouxe. Ela tinha muito de Pedro, mas ao mesmo tempo era mais preocupada com o bem estar do amigo.

Ben sabia que a raiva dela passaria em instantes, ela esqueceria rápido suas palavras. Nisso talvez ela fosse muito melhor que ele.

O rapaz tentava esquecer, mas toda aquela situação vivida no dia anterior havia deixado algumas marcas. Estava com receio de como seria buscar um emprego naquele novo dia, não queria ser maltratado e pensou seriamente em desistir da ideia.

As primeiras aulas naquela manhã passaram voando, Tereza já havia perdoado os ataques do amigo, buscava uma aproximação, mas de fato Benício não estava para muitos amigos.

A última aula seria com Cadu. Ben ficou feliz ao ver o professor com saúde, procurou alguma marca roxa na cara, mas aparentemente Allan não o tinha machucado.

- Benício- Cadu o chamou no final da aula. Tereza já havia adiantado que ficaria pela biblioteca estudando ao longo da tarde. E se despediu secamente do amigo.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora