EXPOSIÇÃO

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Tubarão acordou sentado no banco do carona do carro que ele havia alugado após o seu acidente, lembrou rapidamente da ligação que havia recebido mais cedo para pegar o seu novo automóvel, de ter calculado que não seria inteligente usar o carro alugado para ir a Zona Sul, porque seria um motorista para dois veículos, preferiu então pedir carona a Débora por conta disso.

Logo em seguida veio uma fisgada na cabeça e uma dor generalizada por todo o corpo, olhou para o lado com dificuldade e viu Benício dirigindo o carro um tanto preocupado. O rapaz viu seus olhos abertos, passou a mão em seu rosto e voltou a se concentrar no trânsito.

O último contato que ele teve com o babá foi algo semelhante a isso, as mãos macias do rapaz em seu rosto dizendo algo que ele não entendeu, mas que parecia ser muito reconfortante.

- Julinho - Alex berrou dando um tremendo susto no motorista Benício - Onde está o meu filho? O que aquela louca fez com ele? O que eu deixei ela fazer? - Alex se remexia por todo o carro procurando o menino que não estava ali, havia sido um sonho, uma alucinação, Débora tinha levado o seu filho, ele não suportaria isso, não suportaria viver sem Julinho, o homem arrancou o cinto de segurança, o que obrigou Benício a parar o carro.

- Alex, Alex, por favor fica calmo, eu estou aqui - O policial por sua vez chorava de soluçar- eu tô aqui e o Julinho está a salvo, está bem, ok? Acabei de deixá-lo na sua mãe - Ben falou isso com as mãos novamente no rosto do patrão, o homem se tranquilizou, mas não parou de chorar.

Aquela imagem partia o coração do rapaz, ver um homem como Alex se derramando em lágrimas era demais pra ele.

- Eu quero o meu filho, quero ver o Julinho agora. Me leva até ele, melhor, deixa que eu dirijo, eu com certeza dirijo melhor que isso aí.
- Estou dirigindo dessa forma pra você não sentir mais dor, você vai ver o Julinho assim que voltarmos do hospital. Ele está muito impressionado, está assustado, e você precisa estar bem para encontrá-lo. Por hora vamos estancar essa merda que aquela demônia fez na sua cabeça.

Alex resolveu não questionar Benício, não quanto a isso, precisava estar bom para encontrar o filho, e sabia que um carro velho do início do século estava melhor que ele. Julinho com certeza já estava traumatizado demais para ter que conviver com a imagem do pai completamente destruído.

- Você sabia de tudo, não diga que não sabia, porque eu sei que sabia. Você era cúmplice dela? É isso Benício? O cara que eu mais confio estava acobertando uma porra dessas.
- Não fala besteira Alex, eu nunca fui cúmplice dela, eu sabia dos casos, mas não tinha certeza de nada, nem provas, fui hoje atrás disso. Não queria te falar algo e você não acreditar em mim. Ela é uma ordinária e sabe inventar mentiras tão convincentes que eu sei que você me chutaria pra fora da sua casa se falasse isso pra você.
- Você pode não acreditar, mas eu acreditaria em você. Porque por mais que a Débora seja manipuladora, era você, eu repito isso no passado, porque isso fica no passado, mas era você a pessoa que eu mais confiava no mundo. Mas você não foi capaz de ser sincero comigo. Desde quando sabia que estava sendo trouxa assim? O corno do ano como ela fez questão de jogar na minha cara.
- Eu não sei há quanto tempo, algumas semanas, alguns meses, mas eu não sabia como te dar uma notícia dessas.
- Tentasse porra. Você não tem noção da vergonha que eu senti quando te vi naquele hospital hoje. Me senti o cara mais iludido do mundo, o cara enganado pela esposa e enganado pela pessoa que ele mais - Alex refletiu antes de dizer  o que de fato pensava - por você.
- Não faz isso Alex, não faz isso comigo, eu não vou conseguir viver com esse peso de você achar que estava te enganando, eu só estava tentando te proteger de si mesmo.
- Eu vou te fazer então uma pergunta, uma única pergunta e quero que me responda com essa sinceridade que diz ter por mim. O que mais você está me escondendo? O que mais você sabe da Débora? O que faz com que ela tenha medo de você? Porque você com certeza não a fez desistir de levar Julinho só pela sua braveza.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora