PARCERIA

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No outro lado do bairro Luciano permanecia sem saber o que fazer com Débora, a loura seguia com o plano de assumir um relacionamento com o sócio do marido, o que Luciano entendia ser uma jogada estupida.

- Querido, a comida chegou - Débora havia pedido comida japonesa para o jantar, havia preparado a mesa e aguardava o amante sentada. Aquele ambiente para a médica era bastante familiar, ela tinha contribuído e muito para que o parceiro conseguisse aquele imóvel bacana, no ponto mais caro do bairro.

Luciano foi ao encontro de Débora, estava enrolado numa toalha branca e ainda molhado após o banho. Tinha um andar altamente masculino, era sensual, com o corpo repleto de músculos devidamente localizados. A iluminação refletia em seu corpo negro, parecia uma pedra preciosa, raro e belíssimo.

- Que visão é essa hein negão? Estava louca por essa comida japonesa aqui, mas você chegando assim tão sexy, me abriu um outro apetite.
- Não seja boba Débora, nada do que tem aqui é novidade pra você, não é mesmo?
- Tens razão, eu conheço esse corpo como a palma das minhas mãos, e falta palmas nas minhas mãos pra segurar o que mais gostoso tem nele, bom eu conheço, e aquelas velhas cafonas cheias do dinheiro que você saia também. Enfim, experimenta esse sushi, tá divino - Débora fez com que Luciano enfiasse a contragosto a comida na boca - Delícia, não é?

- Débora, isso está indo longe demais, faz tempo na verdade que estamos indo longe demais, a qualquer hora o Tubarão pode bater aqui e estragar todos os planos que fizemos nesses anos. Hoje a cada vez que alguém passava próximo a porta do escritório eu gelava imaginando ele entrando e me confrontando. Você tem noção disso? De viver com medo.
- E desde quando você tem medo daquele merda? Você é muito mais homem que ele querido, não deveria se acovardar.
- O medo não é de uma briga Débora, é de perder tudo o que conseguimos, isso justamente quando estamos prestes a conseguir tudo o que buscamos - Luciano falava olhando dentro dos olhos de Débora, tentava fazer com que a médica refletisse, mas há algum tempo parecia inútil.

- E o que é mesmo o que buscamos Luciano? - Débora perguntou enfática - Porque nos últimos meses você não deixou isso claro, eu tive que fazer um monte de coisas sozinha pra me livrar daquele encosto, enquanto você ficou aqui coçando esse sacão seu.
- Você não sabe o que está falando, eu só não sou nenhum idiota a ponto de fazer as coisas sem premeditar as consequências futuras, olha onde você está agora por ser tão impulsiva.
- Impulsiva, idiota... É isso o que você acha de mim agora?
- É isso que você tem demonstrado.

Débora engolia a seco as palavras do amante, encarava cada uma delas como se estivesse engolindo  cacos de vidro. Tinha vontade na verdade de enfiar os dois palitos que tinha nas mãos dentro dos olhos de Luciano, por mais bonitos que eles fossem.

- Pois saiba que a idiota aqui tem um plano, que vai acabar de uma vez por todas com o Tubarão, já decidi, vou atacar aquilo que ele mais ama, vou destruir aquele desgraçado.
- Está vendo, lá vem você falando merda de novo. Escuta o que estou dizendo, só fala em destruição, em morte. Acorda Débora. A partir de agora, eu assumo essa porra, não vai fazer absolutamente nada com o Tubarão e muito menos com o Julinho.

- Olha... E desde quando você se importa com o capetinha? Desde quando o seu instinto paterno começou a gritar dentro desse peito aí - Débora debochou do amante.
- Não é pelo muleque porra, e por nós dois, já parou para pensar que qualquer coisa que acontecer com eles dois, você e eu seremos os suspeitos imediatos? Você por ser a esposa infiel e eu por ser o sócio dele.
- Hum, e o que você pensa em fazer? Porque só vejo você me recriminando, mas até agora não trouxe nada de novo. Se a cabeça de cima funcionasse tão bem como a debaixo estaria feliz pra porra.
- Primeiramente preciso te tirar daqui, você precisa de um lugar seu, onde não se comprometa, nem me comprometa, depois preciso saber até onde o Tubarão sabe, e por fim pensar numa estratégia para conseguir a Fire de uma vez por todas.
- E se eu não quiser sair daqui?
- Vai ter que se acostumar com a ideia de ver o Tubarão feliz, porque é isso que ele vai ser. Você não pensa mesmo?
- Eu duvido muito que ele esteja feliz depois de saber da galhada dupla que estava ganhando. Aquilo é um tremendo otário.
- Pois saiba que ele já está feliz, talvez nem saiba disso, mas está. Tem o apoio de um monte de gente no momento.
- Ah o apoio da velha patética da mãe dele, dos viados dos irmãos e do babá é grande coisa? - Débora falou ressentida.
- Não falo deles, falo de quem tá acompanhando a história.
- As pessoas naquele hospital logo vão esquecer tudo isso, sem contar que ninguém sabe o meu nome e o dele.
- Como é possível ser tão bonita e tão ingênua. Débora, só se fala nisso. Vocês são assuntos nas redes sociais. Tem muita gente condenando o Tubarão pelas merdas que fez no hospital, mas a maioria das pessoas está do lado dele, principalmente pelos seus vídeos chamando a mulher lá de gorda e sapatão.
- Você só pode estar de brincadeira, alguém divulgou o meu rosto? Eu vou processar esses infelizes. E ela era o que? Vou chamar de fofinha? Ah por favor.
- Você precisa se controlar.
- O caralho, já que estou na moda, vou usar toda essa mídia pra me autopromover. Quem sabe não entro até em algum reality show depois disso.
- Débora, não me faça rir, o que você não entende no final disso tudo, é que após todo o nosso esforço, o Tubarão saiu grandão disso. Ele é motivo de chacota, mas é o coitadinho pra muita gente. E sabe por quê isso? Porque você está entregando na mão dele tudo o que ele mais precisa nesse momento pra se livrar de você.
- Foda-se o Tubarão, foda-se todo mundo.
- Uma mulher infiel, não faça cara de brava, é isso que você é, vai dar todos os méritos pra ele, a sociedade vai te julgar como uma adúltera filha da puta, uma verdadeira prostituta, no divórcio vai perder tudo, eu sei que você não precisa de dinheiro, mas depois de todos esses anos, de tantas humilhações, deixar tudo com aquele desgraçado?
- Ah Luciano, não me venha com pauta social sendo machista ao mesmo tempo, isso é contradição.
- Onde estou sendo contraditório porra?
- A sociedade vai te julgar e você é uma adúltera filha da puta - Débora imitou Luciano.
- Onde está a contradição nisso?
- Você fala sobre o machismo da sociedade e ao mesmo tempo me aponta por ter traído. Vocês traem e traem compulsivamente e são sempre vistos como os cavalos puro sangue, nós mulheres somos as putas.
- Débora agora é você que está se fazendo de besta usando esse discursinho, até porque ser feminista não faz o seu estilo, você sempre detestou todos esses argumentos de igualdade e blá blá blá.
- Porque isso é uma tremenda bobagem, não existe nada mais gostoso do que ter um homem te controlando, te dominando e te possuindo. Mas não falo isso apoiada nas chatinhas, falo isso apoiada no que eu vivi, o Tubarão me traiu, você me traiu e eu estou aqui plena, viva e incrivelmente feliz. Porque agora devo me preocupar com um monte de gente sem ter o que fazer me julgando.
- Você tem razão, não deve se preocupar com isso, mas quer saber, vai se preocupar, porque vai ver o seu querido marido sendo alçado como um herói, já está vendo na verdade, e você a adúltera que traiu o seu esposo com vários homens, inclusive com o seu melhor amigo. Vai ver o Tubarão sendo feliz tendo tudo o que ele sempre quis, e você vai ser jogada nos cantos como uma qualquer. Você não é ingênua Débora, não nasceu pra sair perdendo em nada na sua vida, não nasceu para os restos, você sabe disso.
- Eu não vou sair perdendo, ele não vai ser feliz se eu matá-lo antes.
- Não seja idiota.
- Não me chama de idiota, você não, não mais uma vez - Débora começou a ficar possessa com aquela sucessão de ofensas gratuitas recebidas de Luciano.
- Então não se comporte como uma. Se você matar o Tubarão, vai ter que se acostumar com a ideia de conviver o resto da sua vida num presídio imundo, cercado de mulheres que não tem o seu nível.
- Eu não me importo.
- Mas vai se importar, porque a primeira coisa que vão fazer com você é raspar esse seu lindo cabelo - Luciano falou isso tocando numa mecha loura do cabelo da mulher, a bagunçando com os dedos, causando um efeito frizz que Débora detestava - depois vão te cortar e te marcar como uma vaca, em seguida sabe o que vão fazer, te humilhar fazendo você limpar merda, ah e sem luva querida, depois vai ter que conviver com os piolhos, pulgas e todas as bostas daquele lugar encantador. Vai ter que conviver em acordar no meio da noite com alguém cagando ao lado da sua cama, isso se tiver cama, porque não existe luxo, não é uma suíte e o prazo de estadia não é controlado por você. É isso o que te espera.

Débora pensou e repensou nas palavras duras de Luciano.

- Faça o que tiver que fazer, mas faça rápido.
- Boa menina. - Luciano se abaixou, curvando-se a vontade da sua rainha.

- Desgraçado, eu só espero que você não esteja pensando em me dar um pé na bunda Luciano. Porque eu posso ser muito pior com você, muito mesmo. E nem mesmo a ideia de ser uma presidiária imunda vai me impedir de fazer você em pedacinhos. Como esses pedaços de sushi.
- Não fala bobagem.
- Não pague para ver. Agora tem uma coisa, o babá, dele eu não vou ter pena. Aquele bostinha vai saber a espessura do salto do meu scarpin no meio da testa dele.
- Já disse para ir com calma, está muito estressadinha.
- Não fode, se você soubesse o ódio que estou daquele verme você não brincaria comigo. Quero o sangue dele, tudo deu errado por culpa dele.
- Tudo deu errado por sua ingenuidade, eu disse desde o início que aquele viado era problema. Agora precisamos ter calma, eu também quero ver o sangue dele, mas tudo a seu tempo. Então, estamos combinados, amanhã você caça um lugar pra ficar. E eu assumo essa parada.
- Tudo bem, vou te dar esse voto de confiança, acho que preciso tirar umas férias e voltar maldita para o desfecho final disso tudo.

Luciano deu um sorriso de canto de boca, estava satisfeito vendo que tinha conseguido o que queria.

Débora ia pegando um sashimi quando Luciano pegou a comida na mesa e levou até a pia da cozinha. Débora o olhou indignada, mesmo com aquele andar tão gostoso, a médica queria matá-lo.

- O que diabos você pensa que está fazendo agora? Ainda estou com fome.
- Eu também.

Luciano levantou a mulher da cadeira, a virou de costas, puxou pelos seus cabelos, torceu o seu braço e a debruçou sobre a mesa.

- Vai dar seu voto de confiança pro teu macho é?
- Porra Luciano, isso tá me machucando.
- E isso aqui também está? - Luciano falou isso tirando a toalha e ficando completamente nu. Pegou o pano e amarrou no pescoço da amante começando um sufocamento.
- Filho da puta.
- Não xinga minha mãe vadia, a única puta aqui é você, minha putona. Paro ou continuo a brincadeira?
- Se parar aí sim, eu juro te mato - Débora falou com o rosto vermelho, com uma certa dificuldade na voz.
- Hoje a única que vai morrer aqui será você, mas de prazer.
- Eu espero que sim

Luciano afrouxou a toalha, mas não a pegada violenta. Em poucos instantes estavam numa foda selvagem primeiro sob a mesa, em seguida no chão da sala.

Era bonito o contraste de suas peles se fudendo, ela super branca, ele negro como a noite. Ele deixava a marca dos seus dedos por todo o corpo dela, ela o arrancava a pele com as unhas.

Mas a beleza nos dois se encerrava ali. Era um casal disfuncional, possuídos pelo desejo do poder e de fazer mal a quem tentasse atrapalhar os seus planos. Mesmo que esse alguém fosse justamente um ou o outro.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora