O corpo de Benício havia passado por grandes transformações desde que havia entrado na academia, a rotina de treinos diários fez com que ele ganhasse muitos músculos. E definiram partes que desde sempre foram muito proeminentes.
Sua estatura mediana era algo que o incomodava, seu um metro e setenta e cinco de longe não era o que ele gostaria de possuir. Ainda no ensino médio entrou para o time de vôlei do colégio, ponteiro por natureza foi perdendo espaço quando os grandalhões iam chegando e não conseguiu nem mesmo permanecer como líbero.
Sua esperança era de pelo menos ter a altura do seu pai, que passava de um metro e oitenta e cinco, mas isso não aconteceu. Não tendo sucesso no esporte, decidiu investir todas as suas energias nos treinos da academia. Sabia que se não mantivesse uma rotina de exercícios físicos, teria sérios problemas com o peso, tendo em vista que comia, comia não devorava tudo a sua volta.
Ainda na infância sofreu com cortes na alimentação por conta de diversos problemas de saúde que surgiram após essa mania de comer tudo pela frente.
Na adolescência com essa crise alimentar vencida voltou a comer tudo em exagero, mas por incrível que pareça conseguia manter o peso. Foi nessa época que começou a escutar a famosa frase.
- Não engorda de ruim.
Mas sabia tudo o que havia passado quando criança, sendo privado dos deliciosos doces, refrigerante e pão. Quem nega pão a uma criança?
Com a puberdade em fervente movimentação, o rapaz foi ganhando corpo e começou a escutar outro tipo de comentário. Na maioria das vezes do pervertido Pedro, o amigo gordinho.
- Sua traça, você não para de comer mesmo né?
- Comer é vida Pedro.
- Eu queria ter essa sorte de engordar e ir tudo para a bunda.
- Mas a bunda não é desse tamanho por conta da comida, seu gordo. Cresce a medida que falam mal de mim. Só você faz ela crescer uns dez centímetros por mês. Não tira o meu nome dessa sua boca podre.
- Ah é? Mas essa sua analogia é péssima, você conhece alguém mais mal falado que eu? Se fosse assim eu seria a própria mulher abóbora.Geralmente os encontros com Pedro sempre se encerravam com essas pérolas inesquecíveis. Mas essa mania de falar do traseiro do menino, não era exclusiva do amigo. Em todos os lugares surgia algum tipo de comentário assim, suas brigas com Berê sempre acabavam com ofensas a poupança do garoto.
Contudo a boa fase acabou, com a morte da mãe, o transtorno alimentar, peso e problemas de saúde retornaram com tudo. Era colesterol alto aqui, glicose e pressão alteradas do outro lado e o menino teve que voltar a se cuidar.
Sem fazer dramas, focou na sua recuperação, malhou pesado e em pouco tempo conquistou um corpo de dar inveja a muitos ratos de academia. O problema é que o assédio veio contudo. Sua bunda agora não era motivo de piadas, era motivo de esbarrões propositais, passadas de mãos e muitas cantadas. Na maioria das vezes por mulheres mais velhas, muito mais velhas por sinal.
O rapaz começou a ficar mais vaidoso, alcançou o seu objetivo em regular a sua saúde, mas gostava do assédio gerado sobre o seu novo corpo. Aqueles mesmos rapazes do tempo da escola que o zuavam de baleia ou peitinho de moça, agora o procuravam buscando orientação. O seu peitoral aliás, só não fazia mais sucesso que sua bunda. Nos momentos mais acalorados com os poucos namorados, era ali que boa parte deles se focava.
Mas o que reinava absoluto eram seus glúteos. Berê se queixava disso.
- É um absurdo você ter uma bunda dessas, seu ridículo.
- Qual foi Berenice? Que bobeira é essa agora? Você sempre teve uma poupança e tanto também.
- Primeiro, não me chama disso, você sabe que eu odeio esse nome todo, e segundo eu não estou reclamando só pelo tamanho, reclamo da injustiça de ter herdado todas as celulites sozinha.
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QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)
RomanceLivro ainda não revisado. Uma história de pessoas comuns, com dilemas e situações observadas em nosso cotidiano. Descrita com muitos detalhes, apresenta personagens complexos que buscam o equilíbrio para viver numa sociedade em constantes mudanças...