ENTREGA

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Ben ainda relutou o que pode contra Allan, odiava aquela forma dele agir, o odiava pelo pânico que o causou alguns minutos atrás, mas também se odiava por saber que em tão pouco tempo aquele imbecil tinha ganhado um lugar especial na sua vida.

Ele sentiu aquela boca tentando invadir a sua, aqueles braços fortes controlando os seus que ainda se rebatiam em fúria. Ele sabia que tinha mentido para Cadu mais cedo, que ele não teria forças para resistir às investidas daquele cara e não teve, ele deu a passagem que Allan buscava, correspondeu ao beijo, agora sentindo sua saliva, sua língua ligeira, seu gosto forte de homem.

Allan sentindo a entrega de Benício, não se deteve ao fato de ter tranquilizado o rapaz, muito pelo contrário resolveu investir tudo naquele beijo, pressionou o seu corpo contra o daquele pequeno raivoso.

A força de Ben, foi o tempero que Allan precisava para tomar aquela decisão, tinha ficado impressionado com a beleza do rapaz quando o viu pela primeira vez na sala de Cadu. Naquele mesmo dia o procurou pelo refeitório e contou com a sorte ao achá-lo caminhando sozinho em direção ao ponto do ônibus, o pouco tempo que teve antes de ser percebido comeu aquele cara com os olhos.

Decidiu que de qualquer forma iria ter aquele rapaz, dar carona foi o primeiro passo, ele sabia que sua persistência era o seu forte, mas precisou apelar para convencer o interiorano a subir na sua moto.

No caminho sentiu-se excitado ao ter Benício colado ao seu corpo, pensou seriamente em levar o rapaz para sua casa e resolver de uma vez aquela situação. Mas percebeu algo diferente nos olhos de Benício, sabia que ele estava com medo e que precisou confiar muito para responder ao seu desafio, o rapaz estava ali com os braços abertos sentindo a adrenalina de andar de moto.

Resolveu então que não trataria aquele rapaz como qualquer outra de suas muitas presas. Mas não pode evitar de tirar uma casquinha apertando aquelas coxas, que tremiam de medo envolvendo seu quadril.

Ele sabia que o rapaz precisava de proteção, não de um cafajeste naquele momento. Então limitou a sua abordagem a levá-lo ao seu destino.

No dia seguinte acordou disposto a procurar aquele roceiro, queria conhecer aquele carinha. Mas foi surpreendido por uma tremenda gata no caminho e acabou caindo em tentação. Viu Benício todo atrapalhado recolhendo os livros de uma colega, e não pode perder a oportunidade de provocar o rapaz. Ficou constrangido com a resposta, um dedo o mandando tomar no seu orifício anal. Voltou a se atracar com a garota para tentar fingir que nada tinha acontecido, mas não tinha mais clima, dispensou a moça e foi atrás do rapaz, mas ele estava acompanhado no almoço.

Decidiu então esperar, mas deu bobeira e quando foi ver o rapaz já havia sumido, acabou não o encontrando mais naquele dia.

No dia seguinte acordou disposto a perturbar o roceiro, viu quando ele passou distraído em frente a sua sala no sentido que levava ao refeitório. Aproveitou e foi almoçar também. Em boa parte do tempo discutiram, mas ele sabia que Ben fazia isso tão atraído por ele, como ele de fato também estava pelo rapaz.

Na saída ofereceu a carona, e novamente Benício fazia doce, resolveu então provocá-lo, roubou sua carteira e colocou no meio das suas calças. Foi inevitável não sentir tesão ao ver o espanto do rapaz ao ver os seus documentos, nos documentos do bonitão.

Logo Ben estava na sua moto, mas o ignorava, então Allan resolveu que estava na hora do rapaz dar atenção que ele merecia e acelerou com tudo. Agora ele tinha o rapaz ali grudado no seu corpo, aos berros. Ele só sabia rir com aquela cena, mas logo estava experimentando a fúria de Benício. Ele precisava fazer alguma coisa para controlar aquela situação e o beijo foi a única alternativa que veio a mente.

Agora tinha o rapaz entregue a ele, e já experimentavam um beijo longo, pegado, forte. Experimentava aquela boca, aquelas curvas, aproveitava realmente aquela situação.

Benício também curtia ao máximo possível daquele homem. Deslizava suas mãos por entre aquele corpo. Amava o gosto daquele beijo, saber que aquele homem todo estava ali com ele.

Ambos não tinham vontade de concluir aquilo, tinham muito interesse em continuar se experimentando. Mas foi Ben que parou o beijo.

- Chega, estamos na rua seu maluco.
- Na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê. Que beijo gostoso roceiro.
- Eu também gostei, mas já chega. Tenho que... Nem lembro mais o que tenho que fazer.

Os dois riram.

- Lembrei, tenho que procurar emprego. Vai me solta Allan.

Allan ainda continuava prensando o corpo do garoto na grade.

- Só com mais um beijinho.
- Não já chega por hoje- Allan o encarou com cara de menino pedindo mais- Tá bom só mais um.

O beijo que era para ser um selinho, logo havia voltado aquela invasão de bocas repleto de chupões. Ben teve novamente que intervir.

- Chega. Vai me solta.

Allan foi soltando o corpo aos poucos.

- Amanhã eu vou querer mais roceiro. Vou querer mais beijinho.
- Amanhã é outro dia, vai que você encontre uma gata perdida antes que te coloque em tentação. É para de me chamar de roceiro. Me chama de Ben eu já disse.
- Não vou encontrar gata nenhuma, eu acho- E começou a rir.
- Sai pra lá seu cretino. Tenho que ir embora, conversamos depois.

Ben pegou o endereço do escritório que deveria ir, viu que estava a duas ruas do local.

- O da roça. Está esquecendo de nada não?
- O que é troglodita?

Allan sem o mínimo de pudor abriu o zíper da calça, Ben ficou completamente constrangido com o que via. E se passasse alguém por ali. Allan agora com parte da sua cueca branca a mostra, enfia a mão dor dentro e retira a carteira do rapaz, em seguida a jogando nas mãos de Benício.

- Você é um tosco, não acredito que colocou minha carteira aí dentro.
- Já te imagino dormindo cheirando isso.
- Vá se fuder seu imbecil.
- Vou é te fu... ops beijar se não for logo roceiro.

Ben decidiu deixar Allan falando sozinho. Saiu limpando a carteira enquanto ele falava alguma coisa atrás.

Como ele poderia ser tão lindo e tão idiota ao mesmo tempo- Ben pensou- O rapaz ouviu o ronco do motor e viu Allan seguindo na direção oposta.

- É senhor Benício, quero ver como você vai conviver tendo esse galinha por perto?

Ben fez a pergunta a si mesmo não sabendo a resposta, estava seguindo a filosofia daquele louco, viver e ver no que iria dar.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora