PRIMAVERA

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As horas passavam com um certo desânimo naquele hospital, a falta de novas notícias gerava toda uma atmosfera de apreensão na família Falconi. Já haviam se passado dois dias desde que encontraram Tubarão vivo naquele lugar, mas dois dias exatos sem nenhuma reação do policial.

Fatinha era a única dos membros da família liberada para visitas, os demais familiares a aguardavam trazer boas notícias, mas o semblante triste não os tranquilizava nenhum pouco.

Ben se dividia em boa parte do tempo com a sogra no hospital. Só saiu dali por duas vezes nas últimas quarenta e oito horas. Uma para contar a Julinho o que estava acontecendo e outra para dar seguimento a sua acusação contra Débora, ele tinha absoluta certeza de que a forma como Alex havia sido encontrado não era fruto de um simples acidente, o policial havia sido vítima de uma tentativa de assassinato, e essa não seria a primeira vez que a médica  tomaria uma atitude assim.

Saiu da delegacia com a promessa de que uma investigação seria iniciada, Tubarão era um cara muito querido em meio a corporação. Se o babá tivesse sorte dessa vez a loira não escaparia ilesa de mais uma de suas inconsequências.

Com o filho do chefe o interrogatório também foi grande, o menino chorou e disse que sentia que algo de ruim estava acontecendo com o pai. Pediu pra vê-lo no hospital e fez pirraça ao saber que somente a avó tinha acesso a Alex.

Allan e Adriano se revezavam levando comida e roupas para Benício e Fatinha. Allan questionava se todo aquele sacrifício de Benício era mesmo necessário, não fazia isso por ciúme, mas por preocupação com a saúde do rapaz e da mãe. Adriano também passava algum tempo ali, mas logo voltava pra casa, pra ficar com Julinho e resolver pendências do seu restaurante na França.

O que Ben acabou percebendo é que uma terceira pessoa também fazia vigília naquele lugar. O médico Patrick também seguia fazendo um plantão em tempo recorde, tudo isso para não ficar longe nenhum minuto do seu paciente tão especial.

Patrick também esperava impacientemente uma resposta de Alex, mas isso aparentemente não aconteceria tão cedo. O médico temia que o paciente carregasse sequelas irreparáveis após o acidente, por conta disso queria acompanhar qualquer tipo de reação. Mas a espera aquela altura demonstrava que seria longa, o homem ainda tinha diversos ferimentos e fraturas espalhados pelo corpo, respirava com o ajuda de aparelhos, e não esboçava nenhum tipo de melhora.

O jovem médico ainda tinha que encarar por diversas vezes a família do homem para liberar informações sobre o quadro do paciente, na maioria das vezes não lhe trazia nenhuma novidade. Geralmente falava com a mãe e o belo rapaz que demonstrava um apreço muito grande pelo policial.

Patrick olhava a Benício tentando decifrar o tipo de relação que o rapaz poderia ter desenvolvido com Alex, sabia que ele não era da família, segundo a mãe do policial, ela tinha apenas três filhos, um era o seu paciente, e os outros dois, eram o tal de Allan e o mais velho Adriano, homens tão bonitos como o primeiro. Já para um amigo Benício se mostrava muito íntimo, ninguém ficaria tantas horas ali esperando por notícias. Talvez os dois fossem namorados ou coisa do tipo, o que acabou gerando um sentimento estranho no médico.

Passou a criar um certo carinho ainda maior por Alex, e procurou um certo distanciamento de Ben. Se suas impressões pudessem ter um pingo de sentido, seria algo interessante demais, Alex não era um homem de se jogar fora, era um homem e tanto na verdade.

Procurava então organizar os seus pensamentos, o seu foco deveria estar na recuperação do paciente, e não ficar fantasiando bobagens com Alex.

Entrou novamente no quarto do policial e identificou uma alteração em seu estado, não uma reação daquelas que tanto aguardava, mas uma forte febre que aquela altura do campeonato poderia ser fatal.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora