Virada - Capítulo 17

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Aquele beijo demorou mais tempo do que devia durar. Sophia pareceu perder todos os movimentos assim que seu amado a agarrou. Quando finalmente voltou a si, ela se afastou. 

- Você é idiota ou doente mental mesmo? - Perguntou irritada. 

- Eu sei que você gostou. - Tinha um sorriso irritante nos lábios. 

- Eu pensei que você tivesse namorada. - Ele apenas deu de ombros, nem um pouco preocupado. 

- E eu tenho, mas fazer o que... - Sophia ficou ainda mais furiosa, deu um belo tapa em Micael e saiu correndo. Foi direto para o quarto. Micael sorriu com a mão no rosto, no fundo ele sabia que mexia com a garota, ela ainda gostava dele. 


Depois daquele dia, Sophia e Micael só se encontraram na festa, mas ela fez questão de evitar ele, e ficou junto de Lua. O fim das ferias infelizmente tinha chegado e ela nunca desejou tanto faltar a aula. Meu Deus, se tivesse dito não e focado em seu objetivo, nada disso estaria acontecendo, era só o que conseguia pensar. 

Naquela manhã, levantou da cama e se arrastou até a escola. Lua a esperava na entrada, como sempre. Estava com um mau humor terrível. 

- Que cara horrorosa é essa, Sophia? - Lua perguntou com um sorriso. - Você sempre vem feliz pra aula. 

- Essa escola me desanima. - Deu de ombros, as duas caminhando em direção a sala de aula. 

- A escola não, apenas um aluno. - Lua riu, estava bem humorada. 

- Ah, Lua. Da um tempinho. - Ela continuou rindo e quando as duas chegaram a sala de aula, o único aluno na sala era Micael. - Só pode ser brincadeira. - Soph rolou os olhos quando viu Micael caminhar em sua direção. 

- Sophia, será que eu posso falar com você em particular? - Micael tinha a voz baixa, quase inaudível. 

- Não. - Sophia disse olhando em seus olhos. - Eu não tenho assunto nenhum pra falar. 

- Eu preciso falar com você! - Ele suplicou, mas ela se mantinha decidida. 

- Eu não tenho nada pra falar com você. Por favor, me erra. - Lua tinha a impressão que Micael ia chorar a qualquer momento. O rapaz assentiu, caminhou até o fundo da sala, pegou sua mochila e foi embora. 

- Sei não, Sophia. - Lua disse olhando a porta. - Pareceu bem sério. 

- Não quero saber de nada dele, Lua. NADA. - Suspirou, mas no fundo queria saber o que ele diria. 

- Não está mais aqui quem falou. - A menina mudou de assunto e começou a falar de matemática. 

Micael não voltou para aula aquele dia e nem na semana seguinte, muito menos na outra. Como Sophia tinha proibido os amigos de falar no nome do Micael perto dela, ela não sabia o que estava acontecendo. Via Letícia todos os dias Sophia e depois de uns dias até via a menina na mesa de uns outros carinhas da escola. Mais de duas semanas de ausência nas aulas, Sophia não se aguentou e perguntou aos amigos na mesa do refeitório. 

- Algum de vocês sabe o que aconteceu com o Micael? - Remexia na comida, mas não comia. - Antônia também não vai mais lá em casa. 

- Ué, você não soube? - Arthur franziu a testa. - Pensei que tivesse escutado por ai, nos corredores. 

- O que aconteceu? - Estava preocupada, mas tentava disfarçar. - Ele está doente? 

- Micael se mudou. - Chay respondeu. Com a ausência de Micael, não tinha como fugir e Chay se juntou a turma. - Está morando em São Paulo. 

- Como assim se mudou? No meio do ano? - Tinha os olhos arregalados. 

- Pois é, ninguém sabe direito. - Foi a vez de Lua falar, até ela sabia da historia. - Parece que nas férias o pai dele arrumou uns negócios lá e eles tiveram que se mudar correndo. Aquele dia, foi o ultimo dia dele aqui. - Lua falou se lembrando. 

- Então ele queria... - Ela tinha os olhos cheios de lagrimas. 

- Ele adiou o máximo de tempo a ida pra conseguir no primeiro dia de aula se despedir de você. - Mel falou com sua voz leve. - Pelo menos é o que achamos, já que ele não falou com mais ninguém. 

- E a namorada dele? - Sophia agora se sentia culpada. 

- Ela disse que ele terminou com ela pelo telefone, já lá de São Paulo. - Sophia estava boquiaberta. Tá certa que não suportava olhar a cara de Micael, mas ter a certeza que nunca mais o veria, fez com que ficasse triste. Como diabos era possivel uma coisa dessa?  Era a unica coisa que ela conseguia pensar. 

- Bom, pelo menos eu me livrei dele. - Tentou disfarçar, mas seu rosto logo a entregou. 

- Você não precisa disfarçar pra gente. - Lua disse e segurou sua mão. - Sabemos que você gosta dele. 

- Eu não gosto dele, eu tenho raiva dele. - Bufou, mas infelizmente não conseguiu mais segurar as lagrimas. - Droga. 

- Relaxa, Sô. - Arthur sorriu pra ela. - A gente nem fala mais com ele, achamos que ele mudou de numero. Então, ele não vai saber que você chorou. - A menina assentiu. De certa forma era reconfortante. O sinal do intervalo tocou e ela engoliu o choro, teria que superar aquele menino de vez. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora