Virada - Capítulo 146

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- Casal, conversa pra vocês teres sozinhos no quartinho de vocês! - Branca se meteu antes de Sophia responder. A loira assentiu e viu Micael se levantar.

- Eu vou pra casa. - Ela ficou de pé também.

- Mas eu não quero ir agora! - Ele suspirou e enfiou a mão no bolso pegando a chave do carro. - Toma, eu vou de táxi. - Lhe deu um beijo na testa e balbuciou um tchau pras pessoas ali. Sophia ficou olhando um tempo, mas logo depois se sentou.

- O que eu falei de tão absurdo? - Encarou a mãe e as irmãs.

- Você deu um susto no cara. - Jhenny riu. - Vamos combinar que foi meio do nada. De onde que saiu essa ideia?

- Eu não sei... - Bufou. - Eu só queria outro bebê. Eu vou fazer trinta e sete anos, isso não é tão impossível assim.

- Não é, ele só foi surpreendido. - Fabiana concordou com a irmã. - Da um tempo pra ele assimilar.

- Sabe o que eu acho engraçado? - Jhenny falou já rindo da cara de Sophia. - Vocês estavam aí quase que brigando aí do nada você soltou essa de ter um bebê. Até eu fiquei surpresa.

- Ei, pensei que fosse dar uma volta. - Micael chegou em casa e viu a filha deitada no sofá lendo um livro. O livro que Thiago tinha dado a ela de presente de natal há quase três meses.

- E eu ia, mas as meninas estão todas ocupadas hoje, aí eu vim pra casa ler. Peguei esse aqui já que todos os outros que estão no meu quarto eu já li. Preciso comprar livros novos - Ela disse rindo.

- Vou comprar a Saraiva pra você, vou sair no lucro.

- Que exagero. - Ela fechou o livro e se sentou. - Cadê a mãe do ano? - Micael fez uma careta.

- Será que dá pra não debochar tanto assim? Pode não ser a melhor mãe do mundo, mas é a única que você tem.

- Eu sei. - Soltou um suspiro pesado. - Mas é que esse jeito dela me irrita tanto. Ela tem duas filhas, mas ela mesmo se esquece disso, o tempo todo atrás da Cléo.

- Você sabia que antes da Cléo nascer você também era insuportavelmente mimada? - Ela ergueu uma sobrancelha e novamente arrancou uma risada do pai. - Chata que nem a Cléo, senão pior.

- Eu não lembro disso aí não. - Fez uma careta.

- Claro que não, você era uma criancinha. Linda, com esse cabelo loiro escorrido balançando enquanto corria, mas era insuportável. Eu não aguentava ficar perto de você não. - Se sentou ao lado dela. - Sua mãe tentava compensar o fato de estar sempre trabalhando mimando você e fazendo tudo o que você queria.

- Viu só, péssima mãe desde sempre. - Ele riu de novo da cara da menina. - Quando foi que isso mudou? E porque mudou? Eu não queria ser mimada, eu queria que a minha mãe desse a minha importância pra mim e pro que eu faço da minha vida.

- Isso mudou quando aconteceu aquele lance com o Thiago. - Ela instantaneamente olhou pro livro. - Que ele te manipulou pra falar que eu te bati.

- É, o senhor me contou isso. Ela me deu umas chineladas.

- Pois é, aí ela ficou mais esperta. Mas também, eu disse a ela que só voltaria quando você tivesse grande. - Olhou o relógio rindo. - Era pra gente voltar agora.

- Então porque voltou antes?

- Ah, por que eu não consigo ficar longe dela por muito tempo, ainda mais trabalhando na mesma sala. O jeito que sua mãe fala, como se veste, a forma como anda... A sua mãe é incrível, cada detalhe dela faz com que eu fique mais apaixonado a cada dia. - Júlia viu os olhos do pai brilhando enquanto falava da mãe. - Eu sou apaixonado por ela desde meus dezesseis anos, eu não sei explicar direito como eu me sinto, é muito complicado.

- Eu espero que um dia alguém me ame tanto assim. - Micael fez carinho no rosto da filha. - A ponto de eu ser manipuladora e fazer ele de pau mandado e ele continuar com esse brilho no olhar.

- Eu não sou um pau mandado. - Foi a vez dela rir com a careta.

- Ah, fala sério! - Ele Franziu a testa. - Quantas vezes o senhor deixou de fazer alguma coisa porque ela não queria? Porque eu já vi isso acontecer muitas vezes.

- Eu evito o conflito. - Falou rindo também. - Você não tem noção do que é entrar em guerra com Sophia Abrahão. Toda vez que eu tentei, sai perdendo.

- Viu só, uma manipuladora. - Gargalhou.

- Sabe que não vai poder ter raiva dela pra sempre né? - Deitou no colo da menina. - Você vai sentir falta dela quando não estiver mais aqui, você devia aproveitar mais ela.

- Eu não. - Bufou. - Eu já fui muito atrás dela por migalha, já estou velha pra isso. E por que ela não veio com você?

- A sua mãe surtou. - Ele deu de ombros. - Preferi vir pra casa do que fazer uma cena na casa dos seus avós.

- Como assim? - Olhou desconfiada.

- Ela me pediu pra ter um bebê. - Arregalou os olhos e fez com que Julia caísse na risada novamente. - A essa altura do campeonato, com vocês duas grandes ela teve a cara de pau de olhar na minha cara e dizer "a gente podia ter um bebê".

- Daqui a pouco ela consegue o que quer. - Prendeu o riso diante da cara de assustado de Micael. - Vai ser bom ver a Cléo abandonada pelos cantos.

- Ela não vai conseguir o que quer, essa fábrica aqui já fechou. - Apontou pro próprio corpo. - Ela podia ter falado disso há uns anos.

- Ué, você não ama tanto ela? O que vai mudar mais um bebê? - Júlia era debochada o tempo todo.

- Primeiro que eu gosto de dormir, segundo que um bebê requer muita atenção, tá vendo isso aqui. - Gesticulou para os dois no sofá. - Com um bebê é impossível.

- Parece até que um bebê é um monstro. - Ela Gargalhou. - Eu quero ver até onde que o senhor vai aguentar negar.

- Pra sempre. - Continuava rindo. - Você não está entendendo, eu não quero um bebê, eu realmente não quero um bebê.

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora