Virada - Capítulo 34

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- Bom dia! - Micael disse a Sophia que tinha chegado na cozinha onde ele preparava o café. - Sua cara está péssima. 

- Eu me sinto péssima. - Fez uma careta de leve. - Meu nariz está doendo mais do que ontem. 

- Ontem a senhora estava sob efeito dos analgésicos que tomou no hospital, nós devíamos ter passado na farmácia para comprar o que o medico receitou. - Colocou café em uma caneca e entregou a ela. - Seu nariz parece que está ainda mais inchado. 

- Não vou aguentar isso. - Adoçou seu café. - Que ódio que eu estou daquele infeliz. 

- Se tivesse me escutado, nada disso tinha acontecido. - Micael riu e depois se escorou na pia cruzando os braços. - Odeio dizer, mas eu te avisei. 

- Odeia nada, estava louco para que isso acontecesse. - Mandou língua e partiu o pão, colocando uma fatia de peito de peru. 

- Ei, eu não queria que você  levasse um soco no meio da cara, eu queria que você se tocasse que aquele cara é um tremendo idiota. - Pegou uma fatia e colocou na boca sem pão nem nada. 

- Tão sutil. - Sorriu. - Agora eu tenho que pensar no que fazer da minha vida. Já que você apareceu e bagunçou tudo. - Ela tinha tom de brincadeira na voz. 

- Eu estraguei tudo? A ideia de ter um amante foi sua. - Ele riu. - E nós nos beijamos o que, umas duas vezes? 

- E isso quase me matou. - Mordeu seu pão. - Agora eu vou ter que ir morar na casa da minha mãe que vai me encher de perguntas e eu não quero responder nenhuma. 

- Mas vai ter. - Puxou uma cadeira e se sentou ao seu lado. - Sua familia vai querer saber o que aconteceu.  Alias, eu fiquei de dar noticias ontem e acabei nem dando, eles devem estar preocupados. - O telefone fixo da casa de Micael tocou, seu celular estava descarregado e o de Sophia não estava ali. - Ai viu, foi só falar. - Foi atender rindo. 

- Oi, Branca. - Olhou pra Sophia e franziu a testa, não sabia como a mulher tinha seu número. - Sophia está aqui sim, por quê? - Sophia se levantou e foi até ele estendendo a mão para o aparelho. 

- Oi, mãe. - O suspiro de Branca do outro lado da linha fez Sophia rir de leve. 

- Que bom que você está bem. Eu liguei para o seu celular e quem atendeu foi o Thiago, ele disse que você ainda estava dormindo. - Ela falava muito rápido, estava esbaforida. - Eu não conseguia falar com o celular do Micael, estava preocupada. 

- Meu celular ficou lá em casa depois de toda confusão de ontem. - Tudo tinha ficado lá, estava vestindo uma camisa e uma cueca de Micael. - Daqui a pouco eu vou ai. Como está Júlia?

- Thiago veio depois que eu liguei e a levou pra creche. - Sophia suspirou, era de se imaginar que ele tivesse pegado a menina. - Está tudo bem? Por que você está na casa do Micael. 

- Mãe, eu prometo que vou explicar tudo, mas primeiro vou lá na empresa conversar com o Osvaldo, depois eu passo ai. 

- Vou ficar te esperando, meu amor. - Elas se despediram e Sophia encarou Micael. 

-  Tem como me dar uma carona até a minha casa? - Micael levantou as sobrancelhas. Já tinha ido no quarto colocar o celular pra carregar. - Eu tenho que pegar algumas coisas naquela casa. 

- E se o Thiago estiver lá? - Fez uma careta não querendo deixar a Sophia sozinha com aquele cara de novo. - Eu não vou esperar no carro. 

- Tudo bem, você pode subir comigo. - Ela foi correndo e colocou seu vestido de volta, Micael negou com a cabeça. - Que isso, ninguém vai ver essa mancha, o vestido é preto então nem parece sangue. 

- Você que sabe, vou vestir uma roupa também. - Logo depois eles saíram em direção a casa de Sophia, quando chegaram o porteiro arregalou os olhos e foi falar com Sophia. 

- A senhora está bem depois de tudo? - Ela tentou sorrir. - Me desculpe por ter demorado tanto. 

- Está tudo bem, me restou esse nariz quebrado e essa marca roxa no pescoço, mas eu estou viva. - O porteiro riu sem graça. - Thiago está no apartamento? - Ele negou com a cabeça. - Será que você pode abrir pra mim? Sai sem nada ontem, estou sem chave. - O senhor pró ativo pediu licença e voltou com um molho de muitas chaves. Sophia e Micael seguiram ele e facilmente abriu a porta. - Vou ser bem rápida. 

Micael e o porteiro ficaram na sala esperando Sophia que começou a colocar algumas roupas e sapatos em malas. Ela colocou tudo que cabia em três malas e Micael teve ajuda do senhor para leva-las ao carro. Sophia também levou sua maquiagens e joias. Não podia deixar aquilo para trás. Infelizmente não conseguiu levar todos seus objetos preferidos, seus livros, sua vida era ali naquele apartamento. Ela trocou de roupa, colocou uma calça jeans e uma camisa preta, pegou o celular e a bolsa e saiu junto com Micael. Não achou a chave de seu carro e constatou que Thiago a tivesse escondido, já que o carro estava na garagem do prédio. 

- Obrigada pela ajuda. - Sorriu de leve para o porteiro. 

- De nada, dona Sophia. - Esse tinha um sorriso também. - Sentiremos sua falta nesse prédio.  - Ela apenas assentiu e eles entraram no carro rumo a empresa. 

- Sabe que vai dar de cara com ele né? - Micael falou já estacionando o carro. Ela suspirou e logo se arrependeu. 

- Eu sei, mas preciso conversar com Osvaldo, saber como que vai ficar a minha situação aqui na empresa. 

- Ele te adora, duvido que vai mudar algo em relação a você. Capaz de demitir o filho dele. - Micael riu e eles saíram do carro. 

- Vamos descobrir isso é agora. - Ela subiu junto com Micael, estava nervosa e não tinha como negar. Ainda era cedo demais para olhar nos olhos de Thiago, não ia conseguir encara-lo do jeito que devia. 

Estava feliz de não ter encontrado com ele no caminho até a sala de Osvaldo. As pessoas a olhavam machucada e ficavam cochichando uma com as outras, isso a incomodava. Estava quase chegando quando ouviu aquela voz. 

- Sophia? - ela se virou e encarou os olhos de Thiago, ele a media de cima abaixo e estava estranho. Micael agindo como guarda costas passou na frente de Sophia, já pronto pra encher a cara de Thiago de porrada. - Será que a gente pode conversar?

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora