- Bom dia! - Micael disse a Sophia que tinha chegado na cozinha onde ele preparava o café. - Sua cara está péssima.
- Eu me sinto péssima. - Fez uma careta de leve. - Meu nariz está doendo mais do que ontem.
- Ontem a senhora estava sob efeito dos analgésicos que tomou no hospital, nós devíamos ter passado na farmácia para comprar o que o medico receitou. - Colocou café em uma caneca e entregou a ela. - Seu nariz parece que está ainda mais inchado.
- Não vou aguentar isso. - Adoçou seu café. - Que ódio que eu estou daquele infeliz.
- Se tivesse me escutado, nada disso tinha acontecido. - Micael riu e depois se escorou na pia cruzando os braços. - Odeio dizer, mas eu te avisei.
- Odeia nada, estava louco para que isso acontecesse. - Mandou língua e partiu o pão, colocando uma fatia de peito de peru.
- Ei, eu não queria que você levasse um soco no meio da cara, eu queria que você se tocasse que aquele cara é um tremendo idiota. - Pegou uma fatia e colocou na boca sem pão nem nada.
- Tão sutil. - Sorriu. - Agora eu tenho que pensar no que fazer da minha vida. Já que você apareceu e bagunçou tudo. - Ela tinha tom de brincadeira na voz.
- Eu estraguei tudo? A ideia de ter um amante foi sua. - Ele riu. - E nós nos beijamos o que, umas duas vezes?
- E isso quase me matou. - Mordeu seu pão. - Agora eu vou ter que ir morar na casa da minha mãe que vai me encher de perguntas e eu não quero responder nenhuma.
- Mas vai ter. - Puxou uma cadeira e se sentou ao seu lado. - Sua familia vai querer saber o que aconteceu. Alias, eu fiquei de dar noticias ontem e acabei nem dando, eles devem estar preocupados. - O telefone fixo da casa de Micael tocou, seu celular estava descarregado e o de Sophia não estava ali. - Ai viu, foi só falar. - Foi atender rindo.
- Oi, Branca. - Olhou pra Sophia e franziu a testa, não sabia como a mulher tinha seu número. - Sophia está aqui sim, por quê? - Sophia se levantou e foi até ele estendendo a mão para o aparelho.
- Oi, mãe. - O suspiro de Branca do outro lado da linha fez Sophia rir de leve.
- Que bom que você está bem. Eu liguei para o seu celular e quem atendeu foi o Thiago, ele disse que você ainda estava dormindo. - Ela falava muito rápido, estava esbaforida. - Eu não conseguia falar com o celular do Micael, estava preocupada.
- Meu celular ficou lá em casa depois de toda confusão de ontem. - Tudo tinha ficado lá, estava vestindo uma camisa e uma cueca de Micael. - Daqui a pouco eu vou ai. Como está Júlia?
- Thiago veio depois que eu liguei e a levou pra creche. - Sophia suspirou, era de se imaginar que ele tivesse pegado a menina. - Está tudo bem? Por que você está na casa do Micael.
- Mãe, eu prometo que vou explicar tudo, mas primeiro vou lá na empresa conversar com o Osvaldo, depois eu passo ai.
- Vou ficar te esperando, meu amor. - Elas se despediram e Sophia encarou Micael.
- Tem como me dar uma carona até a minha casa? - Micael levantou as sobrancelhas. Já tinha ido no quarto colocar o celular pra carregar. - Eu tenho que pegar algumas coisas naquela casa.
- E se o Thiago estiver lá? - Fez uma careta não querendo deixar a Sophia sozinha com aquele cara de novo. - Eu não vou esperar no carro.
- Tudo bem, você pode subir comigo. - Ela foi correndo e colocou seu vestido de volta, Micael negou com a cabeça. - Que isso, ninguém vai ver essa mancha, o vestido é preto então nem parece sangue.
- Você que sabe, vou vestir uma roupa também. - Logo depois eles saíram em direção a casa de Sophia, quando chegaram o porteiro arregalou os olhos e foi falar com Sophia.
- A senhora está bem depois de tudo? - Ela tentou sorrir. - Me desculpe por ter demorado tanto.
- Está tudo bem, me restou esse nariz quebrado e essa marca roxa no pescoço, mas eu estou viva. - O porteiro riu sem graça. - Thiago está no apartamento? - Ele negou com a cabeça. - Será que você pode abrir pra mim? Sai sem nada ontem, estou sem chave. - O senhor pró ativo pediu licença e voltou com um molho de muitas chaves. Sophia e Micael seguiram ele e facilmente abriu a porta. - Vou ser bem rápida.
Micael e o porteiro ficaram na sala esperando Sophia que começou a colocar algumas roupas e sapatos em malas. Ela colocou tudo que cabia em três malas e Micael teve ajuda do senhor para leva-las ao carro. Sophia também levou sua maquiagens e joias. Não podia deixar aquilo para trás. Infelizmente não conseguiu levar todos seus objetos preferidos, seus livros, sua vida era ali naquele apartamento. Ela trocou de roupa, colocou uma calça jeans e uma camisa preta, pegou o celular e a bolsa e saiu junto com Micael. Não achou a chave de seu carro e constatou que Thiago a tivesse escondido, já que o carro estava na garagem do prédio.
- Obrigada pela ajuda. - Sorriu de leve para o porteiro.
- De nada, dona Sophia. - Esse tinha um sorriso também. - Sentiremos sua falta nesse prédio. - Ela apenas assentiu e eles entraram no carro rumo a empresa.
- Sabe que vai dar de cara com ele né? - Micael falou já estacionando o carro. Ela suspirou e logo se arrependeu.
- Eu sei, mas preciso conversar com Osvaldo, saber como que vai ficar a minha situação aqui na empresa.
- Ele te adora, duvido que vai mudar algo em relação a você. Capaz de demitir o filho dele. - Micael riu e eles saíram do carro.
- Vamos descobrir isso é agora. - Ela subiu junto com Micael, estava nervosa e não tinha como negar. Ainda era cedo demais para olhar nos olhos de Thiago, não ia conseguir encara-lo do jeito que devia.
Estava feliz de não ter encontrado com ele no caminho até a sala de Osvaldo. As pessoas a olhavam machucada e ficavam cochichando uma com as outras, isso a incomodava. Estava quase chegando quando ouviu aquela voz.
- Sophia? - ela se virou e encarou os olhos de Thiago, ele a media de cima abaixo e estava estranho. Micael agindo como guarda costas passou na frente de Sophia, já pronto pra encher a cara de Thiago de porrada. - Será que a gente pode conversar?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Virada [EM REVISÃO]
RomanceQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...