Virada [EM REVISÃO]

Virada - Capítulo 80

- Ei, galera! - Micael falou assim que entrou no apartamento de seus amigos. Eles estavam sentados em rodinha no chão da sala.

Uma garrafa do que parecia ser suco com vodca estava pela metade assim como o cento de salgadinho que eles tinham comprado. Não tinha nenhum estranho e Micael se sentiu aliviado por isso, não estava com a cabeça boa para ser simpático com desconhecidos. 

Ele observou bem o apartamento que os amigos estavam morando, era bem aconchegando apesar das infiltrações que desciam do teto pela parede. Parecia ser bem grande e nem precisava ser um gênio para imaginar aquilo, afinal, quatro pessoas moravam ali. 

Ficou parado com uma careta enquanto Sophia abraçava Vanessa com força. Elas realmente se davam bem. A ex de Micael segurou na mão da loira e a puxou para que sentasse ao lado dela e Micael deu um longo suspiro. 

- O que vamos fazer hoje? - Perguntou ao se sentar no tapete ao lado de Felipe. 

- Só estamos conversando, colocando o papo em dia. 

- Vocês moram juntos, não tem papo pra colocar em dia. - Rolou os olhos e Sophia, do outro lado da sala fez uma careta pra ele. 

- Micael anda muito mal humorado. - Duda comentou. - Você já foi mais simpático. 

- É tanto problema acontecendo ao mesmo tempo que eu não sei nem o que estou fazendo aqui. - Cruzou os braços e retirou o celular do bolso, olhou a hora e logo em seguida o guardou novamente. 

- Tá com problemas bebezão? - Lucas debochou. - Bebe então. - Encheu um copo descartável com a bebida laranja. - Bebe que você esquece os problemas. 

- Eu vou dirigir, cuzão. - Negou com a cabeça. - Não vou botar a vida da Sophia e do bebê em risco. Eu sou um homem responsável. 

- É um fofo. - Felipe afinou a voz pra falar. - Se não fosse comprometido eu ia ter você pra mim! - Esticou um dedo e passou  pelo peito de Micael que o empurrou rindo. 

- Para de ser viado. - Pelo menos ele já parecia mais descontraído. Do outro lado da sala, Sophia arremessou uma bolinha de queijo em Micael, atraindo sua atenção. 

- Deixa que eu dirijo. - Lhe deu um sorriso enigmático. - Eu já não posso beber mesmo. 

- Você vai se arrepender dessas palavras. - Sorriu de volta a namorada já com o copo de vodca com suco na mão. - Isso está horroroso. - Fez uma careta daquelas. - Igual antigamente. - Gargalhou. 

- Eu tenho um talento pra fazer gummy, você sabe. - A voz simpática de Vanessa cortou o ambiente e o moreno bufou. 

- Eu ainda não estou suficiente bêbado para manter uma conversa com você, criatura. - Ela soltou um suspiro e se levantou, saiu da sala e poucos segundos depois Eduarda foi também e Sophia não ficou ali sentada. 

- Você pega tão pesado com a Vanessa. - Ele rolou os olhos sem o minimo de arrependimento. 

- Pesado foi o chifre que ela colocou na minha testa. - Encheu o copo novamente. - Essa convivência nunca vai ser boa, acho melhor vocês desistirem. 

Na cozinha apertada, as três estavam de pé ao lado da mesa de jantar com seis cadeira e tampo de vidro. Vanessa arrastou uma cadeira para que pudesse se sentar e as duas mulheres ficaram pé a observando. 

- Eduarda, você vai deixar o Micael te abalar o tempo todo e toda vez? - Cruzou os braços, Sophia podia ver a lagrima se formando nos olhos da amiga. - Ele sempre vai falar coisas desagradáveis pra você e sempre vai te acusar, você também não pode ficar assim a cada frase dele. 

- Eu tento deixar as coisas normais. - Suspirou ainda prendendo as lagrimas, seus olhos já estavam ficando vermelhos. - Nós passamos anos juntos, eu sei que é difícil de esquecer, mas devíamos ser capazes de estar na mesma sala sem trocar ofensas. 

- O Micael é uma pessoa difícil de lidar, mas ele vai superar isso. - A loira deu de ombros enquanto encarava o rosto de sua amiga de infância. - Só que é tão complicado, eu acredito que quando ele te vê, fica revivendo a cena na cabeça dele. 

- Ajudou bastante. - Fez uma careta leve e Sophia reagiu ao deboche com um suspiro. 

- Eu não pretendo ajudar. - As duas agora olhavam para ela tentando decifrar a expressão em seu rosto. - Eu não vou ajudar o Micael a não ter raiva de você né Vanessa. 

- Eu não estou te entendendo, Sophia. - Se pôs de pé. O fundo de tristeza ainda presente em seus olhos. - Eu pensei que fossemos amigas. 

- E nós somos. - Sorriu de leve. - Mas eu não vou ajudar o meu namorado a ficar de boa com a ex. Nós somos amigas, mas sem botar o Micael no meio disso, porque a partir do momento em que ele entrar, a amizade acaba. 

- Por que você está falando disso agora? - A loira encarou a bochecha molhada da amiga sem nenhuma comoção. As lagrimas escorriam mesmo com o esforço que a mulher fazia. 

- Porque da pra ver nos seus olhos como você se arrependeu do que fez, você ainda gosta dele, não é? - Acusou e Vanessa fez uma cara de surpresa, parecida com a de Eduarda. 

- Não, eu não quero nada com ele. Eu queria que nós aguentássemos ficar no mesmo ambiente por mais de cinco minutos, que pudêssemos ter uma conversa normal sem xingamentos. 

- Eu acredito em você. - Soltou um longo suspiro e encarou as duas mulheres a frente. - Eu não sei o que acontece comigo de vez em quando, me desculpa. 

- Tudo bem, mas não pense, nem por um segundo que eu faria algo para acabar com a sua relação. - Sophia esticou a mão e Vanessa segurou alguns segundos antes de dar um abraço. 

- Me desculpa mesmo, acho que é a gravidez que me deixa ciumenta desse jeito. Quando eu vi você quase chorando, no fundo dos seus olhos eu pensei... - Balançou a cabeça. - Deixa tudo isso pra lá.