Virada - Capítulo 121

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- Será que a gente pode parar com esse assunto constrangedor? - Júlia saiu do sofá num pulo. Seu rosto agora estava mais vermelho do que um tomate. - Eu não quero conversar sobre sexo com vocês e muito menos saber como que foi a primeira vez de vocês. - Sophia continuava achando graça daquela situação. 

- Filha, eu sou sua mãe, nós podemos falar sobre tudo. - Ela disse séria. - Se já  aconteceu ou se vai acontecer, você precisa me contar pra irmos ao médico e fazer tudo direitinho. 

- MÃÃÃE! - Arrancou risos de Sophia. - Quando tiver o que falar, pode deixar que eu vou falar. Agora chega. - Saiu correndo escada acima e se trancou no quarto. 

Micael se sentou no sofá ao lado da esposa com as mãos no rosto. Continuava preocupado com a sua menininha. Sophia puxou uma mão e deu um beijo na bochecha. 

- Você acha que ela tem algum namoradinho? - Perguntou preocupado. - Será que ela está mentindo e já fez? 

-  Micael, eu falei isso só pra implicar com você, não precisa levar isso tão a sério assim. - Prendia o riso. - Ela não mente, se tivesse algo ia falar, mesmo com vergonha. 

- Talvez não... - Suspirou. - Acho que vou ficar de tocaia na frente do curso dela quando voltar as aulas. Eu vou descobrir quem é esse maluco ai. 

- Micael você tá doido. - Dessa vez não conseguiu prender. - Deixa a menina namorar e ser feliz. Isso faz parte da vida, você não vai acabar com a privacidade da menina. 

- Mas eu não quero ninguém violando a minha filha. - Cruzou os braços. - Ela é meu bebê ainda. 

- Ai meu Deus homem. - Agarrou Micael e encheu ele de beijos. - Deixa de ser ciumento. - Ele segurou sua cabeça e lhe deu um beijo. Os dois ficaram namorando no sofá, fazia algum tempo que não namoravam assim. 

Mais tarde os três lanchavam á mesa. Micael preparou um prato á parte e um copo de suco para levar pra Cléo no quarto. Terminou de comer e foi rumo ao quarto da filha caçula. Bateu na porta três vezes e ela não respondeu, pensou que estivesse dormindo, mas teve surpresa ao ver a menina jogando videogame. A TV no mudo mostrava porque ninguém tinha percebido. 

- Você sabe o que significa castigo? - Ele disse com a voz grossa ao pegar a menina no flagra. Ela deu um pulo da cama e escondeu o controle atrás das costas, como se adiantasse alguma coisa. - Significa que você não pode ficar jogando nada, nem vendo TV e muito menos no celular. Você tem que ficar aqui e repensar as suas atitudes. - Colocou o lanche no criado mudo. 

- Mas pai, eu vou enlouquecer aqui sozinha e no tédio. - Cruzou os braços. 

- Então lê um livro. - Ele deu um sorrisinho, sabia que a menina detestava ler. - Vou pedir a Júlia que traga um pra você.

- Eu não quero ler as chatices da Júlia. - Bufou e se sentou na cama de novo. - Eu quero meu video game, quero a minha vida de volta. 

- Cléo... - Ele suspirou ao se sentar na cama. - Eu quero que você entenda que as coisas não vão ser sempre do seu jeito e você não vai poder gritar, fazer pirraça e tratar mal as pessoas. Isso não existe. 

- Eu nem faço isso. 

- Ah, não? - Ergueu uma sobrancelha. - Você me desrespeita na frente de todo mundo, não sabe acatar uma ordem. Garota, você tem muito o que rever desse seu comportamento. E se você quiser um dia sair desse castigo, você vai ter que pedir desculpas sinceras a sua irmã e prometer se comportar. - Saiu do quarto carregando o controle do video game. 

- Sua filha tava jogando video game com a TV no mudo pra ninguém desconfiar. - Micael disse sério ao colocar o controle na mesinha de centro. - Ela é uma trapaceira. 

- Eu também faria isso. - Deu de ombros. - Ela é uma pré-adolescente, era obvio que ela ia fazer isso.

- Vai ajudar muito você ficar dando razão a ela. - Disse ainda com raiva. 

- Vocês não vão brigar né? - Júlia perguntou olhando os dois. - Ela sempre faz vocês brigarem. 

- Isso é porque ela faz merda e a sua mãe passa a mão na cabeça dela, por isso que tá assim. - Apontou o dedo e Sophia levantou. 

- A culpa não é minha se seu castigo não está dando certo!

- É claro que a culpa é sua! - Rebateu. 

- Gente, pelo amor de Deus. - Júlia gritou. - Ela já ta de castigo, não adianta nada brigar. Será que dá pra ter paz? Vocês estavam só no amor agora mais cedo. - Rolou os olhos. - Ficar culpando um ao outro não vai levar a lugar nenhum. 

- Tá certa, filha. - Sophia suspirou. - Me desculpa, amor. - Se aproximou e Micael lhe deu um abraço carinhoso. 

- Desculpa também. - Beijou o topo da cabeça. - Eu amo você. 

- Viu, só? Muito melhor assim. - Micael largou Sophia e agarrou a filha. 

- Essa menina tá metida demais. 


A semana e o ano novo passaram tão rápido que nem fotos eles tiraram. Cléo continuava em seu castigo interminável, mas pelo menos no ano novo Micael deixou que jantasse á mesa com toda a familia. A menina estava mais maleável do que antes. A primeira semana de janeiro começou com Sophia e Micael voltando ao trabalho e Cléo aproveitando pra fugir do seu castigo. 

- Ei, onde que você pensa que vai? - Júlia disse ao ver a irmã descendo as escadas. - Meu pai voltou a trabalhar, mas o seu castigo continua. 

- Irmã, já tem duas semanas que eu estou presa naquele quarto olhando para o teto. Por favor, não conta pra ele que eu saí. - Juntou as mãos implorando. 

- Me desculpa, Cléo, mas se você não voltar pra lá, eu vou contar sim. Quem vai te tirar do castigo é ele, não eu. 

- Ele nunca vai me tirar desse castigo. - Balançou a cabeça. - Eu odeio todos vocês, espera só eu ter dezoito anos, eu vou embora dessa casa e não volto nunca mais. - Subiu as escadas pisando forte. Júlia riu da irmã, era mimada demais. Voltou a se sentar no sofá e ler seu livro, precisava estudar. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora