Virada - Capítulo 73

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- Micael, ela traiu você, ela não gosta mais de você! - Rolou os olhos e empurrou a cadeira de volta á sua mesa. - Deixa de ser convencido. 

- Sophia, eu peguei a Vanessa na cama com um idiota, dentro do nosso apartamento. - Ela arregalou os olhos. - E não foi na cama deitada não, ela estava sentado pra caralho, igual a vadia que é. 

- Micael eu não sabia... 

- Eu sei que você não sabia, eu não contei porque eu não gosto de falar disso. - Fez uma careta. - Quando ela olhou pra mim naquele dia, a cara de arrependimento que ela fez, eu não vou esquecer nunca. Eu julguei o Thiago, mas a vontade que eu tive de esganar aquela vagabunda foi bem parecida. 

- Que horror, Micael. - Se assustou. 

- É verdade ué. - Deu de ombros. - Ela estava na minha casa, eu aluguei aquele apartamento, eu comprei aquela cama, aquele colchão. Eu cheguei mais cedo do trabalho pra fazer uma surpresa e quem teve a surpresa fui eu. 

- Eu pensei que vocês iam casar ainda. - Agora estava curiosa. 

- A gente ia casar, mas a gente já morava junto. - Encarou o computador, ainda desligado. - Eu trabalhava pra dar tudo de bom pra ela e fui retribuído dessa maneira. Ai eu larguei o emprego, voltei pra casa dos meus pais e fiquei coçando o saco o dia todo. 

- Amor... 

- Foi quando meu pai decidiu voltar pra cá e eu vim junto, pouco tempo depois ele "comprou" a minha vaga de trabalho aqui na empresa porque o Osvaldo era muito amigo dele... Daí o resto você sabe, nunca mais tive contato com ela. 

 - Que história péssima! - Se sentiu um pouco culpada. 

- Eu sei que é, por isso que não gosto de falar sobre ela. - Deu de ombros e ouviu o celular de Sophia tocar, a mesma olhou e depois voltou a encarar Micael. - É ela não é? - Assentiu. - Atende. 

- Acho melhor não. - Suspirou deixando o celular em cima da mesa. 

- Agora sou eu que faço questão dessa amizade maravilhosa. - Sorriu, completamente falso e Sophia atendeu o telefone com um suspiro. 

- Alô! - Ouviu a voz da amiga completamente animada á linha. 

- Oi, Vanessa. - Encarou Micael e o viu rolar os olhos. - Achei que não ligaria mais. 

- Pra falar a verdade eu esqueci ontem. - Riu sem graça. - Mas hoje eu estou de folga, o que acha de tomarmos alguma coisa mais tarde. 

- Você trabalhou ontem e está de folga hoje? Que trabalho doido é esse?

- Na verdade, eu trabalhei ontem porque quis, mas isso me dá direito de escolher um outro dia pra folgar e eu amo ficar atoa na segunda feira. Mas e ai, vamos?

- Eu não sei se é uma boa ideia... - Hesitou e isso irritou um pouco a mulher ao outro lado da linha

- Eu sabia que o Micael ia fazer a sua cabeça de ontem pra hoje. - Suspirou. - Ele é bem convincente. 

- Ninguém fez a minha cabeça. - Respondeu seca. 

- Aham, ontem você estava doida pra gente conversar, hoje você está hesitando. Ele deve ter falado coisas horríveis de mim. 

- Vanessa, não é nada disso! - Tentou se defender. 

- Tudo bem, Soph. - Sua voz tinha mudado drasticamente. - Foi bom encontrar você, até mais. 

- Não, espera! - Quase gritou ao telefone. - Eu vou. 

- Vai? - Perguntou empolgada de novo. - Que ótimo. 

- Só me manda uma mensagem com o endereço do lugar e eu vou. - Se despediu da amiga e encarou Micael que tinha um sorriso enigmático no rosto. - O que foi? 

- Nada, só toma cuidado. - Deu de ombros. - O que acha de trabalharmos? 

- Acho ótimo. 

Micael e Sophia mergulharam de cabeça nos papeis e planilhas que tinham diante de si, quando não conversaram sobre outro assunto que não fosse trabalho. O dia praticamente voou quando eles se concentraram. 

- Você quer que eu te leve? - Micael perguntou quando percebeu que Sophia estava sem carro. 

- Você sabe que eu não vou para casa. - Deu de ombros. - Vou pra algum lugar que eu nem sei onde fica. - Olhou a tela do celular com o endereço. 

- Eu sei. - Suspirou. - Mas eu levo você até lá. Deixa eu ver. - Estendeu a mão e Sophia lhe entregou o celular. 

- Isso é um barzinho aqui perto. Como você não conhece? - Ergueu uma sobrancelha. - Vamos, eu te deixo lá e depois vou pra casa. 

- Tá bom, amor. - Sorriu e eles entraram no carro. Conversaram de coisas aleatórias no caminho e quando chegaram Micael lhe deu um beijo e ela saiu do carro. - Eu te amo! 

- Eu também te amo! - A loira fechou a porta e entrou no estabelecimento á procura de sua antiga amiga. E a encontrou em uma mesa para dois, com uma cerveja na mesa. 

- Ei, finalmente! - Ficou de pé para abraçar Sophia. - Pensei que não viria mais. 

- Eu vim assim que sai do trabalho, eu saio as cinco. - Deu de ombros. 

- Ah, entendi. Quer um copo? - Perguntou já erguendo a mão para chamar o garçom. 

- Na verdade eu não posso. - Sorriu. - Vou pedir um suco mesmo. 

- Ué, por que não pode? - Ergueu uma sobrancelha. - Não vai me dizer que...

- Eu estou gravida. - Sorriu empolgada! - Gravidissima! 

- Meu Deus! - Arregalou os olhos com surpresa ao perceber que Micael seria pai, mas logo se levantou e abraçou Sophia. - Que ótimo! 

- Sim! - Colocou as mãos na barriga como fazia toda vez que pensava em seu bebê. - Tem pouco tempo, mas nós estamos tão felizes com a chegada dele. 

- Eu achei que você e o Micael só namoravam, mas pelo visto já estão bem adiantados. - Ela falou sem graça. - Fico feliz por vocês. 

- Fica é? - Sophia fez uma careta. - Pela sua cara não parece. 

- Não é isso, é que eu lembro do que eu fiz todo dia. - Deu um sorriso sem graça. - E saber que ele está feliz, me deixa um pouquinho menos culpada! 


Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora