Virada [EM REVISÃO]

Virada - Capítulo 18

O tempo foi passando e Micael não voltou. Sophia e os outros terminaram a escola e festejaram demais no baile de formatura. Depois disso, Sophia conseguiu manter contato com Lua, as duas foram pra mesma faculdade no  ano seguinte e tinham algumas aulas juntas. 

Sophia conseguiu a bolsa para cursar administração e Lua ciências contábeis. A vida seguia e em um certo momento Sophia conseguiu finalmente superar Micael, ele não fazia falta. 

Foi na faculdade que Sophia viveu seus melhores momentos. Ela conheceu um carinha que a tratava bem e a respeitava, Thiago. Fez algumas amizades, ela sentia que a vida estava indo bem, por um caminho que ela sempre sonhou. 

Sophia terminou a faculdade após quatro anos, estava linda na melhor formatura de todos os tempos. Lua se formou com ela, as duas realmente não se desgrudavam. Na festa, ela conseguiu reunir seus amigos do ensino médio, até Chay estava lá. Depois desses anos, ela não o achava mais tão babaca quanto na escola. 

O único que não estava presente era Micael, mas também, não tinha motivo para estar, ele não era seu amigo ou de Lua, mas ver todos ali, a lembrou dele. Ela respirou fundo e espantou o moreno de sua mente, ela tinha Thiago agora, não precisava de mais ninguém. 

Outro evento que reuniu todo mundo foi o casamento de Sophia. Sim, ela casou dois anos após se formar. E foi um festão, ela não amava tanto assim Thiago, mas tinha descoberto estar gravida e na hora lhe parecia a unica opção. Julia nasceu e Thiago deixou de ser a pessoa bacana que sempre foi, em alguns momentos Sophia até tinha medo dele, ela vivia em um relacionamento abusivo e não tinha nenhuma coragem de enfrentar aquilo. 

No total, dez anos se passaram depois que Micael se fora. Sophia, agora com vinte e seis e mamãe da Julia de quatro, Já tinha conseguido bastante coisa em sua carreira. Ela atualmente era diretora executiva em uma grande empresa, tinha lutado muito para chegar até ali e pelo menos com seu trabalho, Thiago não implicava, a empresa era de seu pai.

- Desculpem o atraso. - Sophia respirou fundo assim que entrou na sala de reuniões e viu cada diretor em sua cadeira. Ela se apressou e foi para a dela. - Me comunicaram sobre essa reunião em cima da hora. 

- A nós também. -  Carlos respondeu e Sophia olhou para ele. - Ninguém sabe ainda para que essa reunião. 

- Eu hein, que doideira. Vamos apenas esperar. - Deu de ombros e engatou uma conversa com Carlos, ele era um senhor simpático. Então, a porta finalmente se abriu e o CEO da empresa, Osvaldo apareceu e acompanhado de alguém que fez Sophia arregalar os olhos e meio que esconder a cara. 

- Olá, meus pupilos. - Estava estranhamente bem humorado. - Trago novidades. - Caminhou para se sentar á ponta da mesa. O moreno o acompanhou e parou ao lado de sua cadeira. - A partir de hoje, Micael Borges está integrando o nosso time. - Sophia não estava acreditando que aquilo estava acontecendo. - Ele foi recomendado por uma pessoa de minha confiança e eu resolvi acatar o conselho. Micael vai trabalhar com Sophia, já que todos aqui já tem companhia e ela está sempre sozinha. 

Ao ouvir o nome de Sophia, o rapaz vasculhou a sala com o olhar de forma discreta, mas não conseguiu manter a discrição ao encontrar o olhar de Sophia. Ela estava deslumbrante, os anos só a fizeram bem. Era inacreditável que aquilo estava acontecendo. 

- Ei, eu estou sempre sozinha porque eu trabalho melhor sozinha. - Sophia ficou de pé, revoltada. Aquilo não podia estar acontecendo. 

- Sophia, você sempre quis uma companhia. Nós dois sabemos porque você esta sozinha. - Olhou em seus olhos, sabia que estava falando de Thiago e do ciume doente dele. - Agora isso mudou. 

- Mudou? - Estava ficando com raiva e Osvaldo decidiu pedir para todos saírem da sala. Ficaram somente Sophia e Micael, junto com ele. - Agora me diga, Osvaldo. - Tinha as mãos na cintura. - O que mudou?

- Eu vou conversar com meu filho, Soph. - O sogro sempre foi extremamente gentil com Sophia. 

- Ah, você ainda vai conversar? - Micael tinha uma sobrancelha levantada, prestava atenção em tudo. - Você sabe que o Thiago vai surtar. E além disso, eu não quero trabalhar com ele. - Fez uma careta e Micael riu. 

- Ai meu Deus, Sophia. - Micael finalmente se pronunciou. - Já se passaram dez anos, cara. Esquece aquilo. 

-  Eu não vou esquecer aquilo. - Olhou para ele. - Você sumiu, podia ter continuado sumido. 

- Eu estava levando uma vida muito boa em São Paulo, mas meu velho quer que eu finalmente trabalhe. 

- Você não tem nem conhecimento de cargo? Micael, você entrou nessa empresa porque seu pai pagou né? - Ele apenas riu e ela se virou para o sogro. - Eu não acredito que você vai colocar um incompetente pra trabalhar comigo. 

- Ei, calma Sophia. 

- Calma nada, eu estudei muito para estar onde eu estou. - Disse com raiva. - É incrível como só dinheiro resolve tudo. 

- De onde vocês se conhecem? - Finalmente ele perguntou. 

- Da escola. - Micael respondeu e Osvaldo balançou a cabeça. 

- Olha Soph, eu sinto muito, mas vai ter que ser assim. Vou deixar vocês conversarem, vocês tem que se entender. - Deu um beijo na testa da nora e saiu. 

- Será que da pra parar de brigar comigo? - Micael perguntou sorrindo e Sophia suspirou. - Eu senti sua falta quando fui embora. Na outra escola não tinha ninguém que brigasse comigo. 

- Ai, que ridículo. - Ela soltou um sorriso seguido de suspiro. - Eu também senti sua falta quando você foi embora. 

- Ah, não. - Micael se levantou e colocou a mão no ouvido. - Pode repetir, não ouvi direito. 

- Para de palhaçada. - Deu um tapinha em seu braço. 

- Vamos fazer uma trégua? Pelo menos agora que vamos ter que trabalhar juntos. - Sophia assentiu. - Então me diga, quem é Thiago? 

- É meu marido. - Ela disse sem graça e Micael riu. - Filho do Osvaldo. 

- Você casou com o filho do CEO? - Perguntou debochado. - Depois fala que meu pai comprou meu cargo.

- Ei, eu não comprei meu cargo casando com o filho dele. Eu mereço meu cargo. - Ele ergueu as mãos na defensiva, mas rindo. - E você? Casado também? 

- Não. - Deu de ombros. - Eu tinha uma noiva, mas terminamos tem alguns meses. 

- Sinto muito. - Ela sorria. No fundo era bom revê-lo. 

- Sente nada, deve estar ai feliz porque eu levei um chifre. - Ela falou emburrado e Sophia gargalhou. - Ei, não tem graça. 

- Ah, é engraçado sim. - Ela não conseguia parar de rir. - Até me sinto um pouco vingada. 

- Sophia você é má. - Ele falou prendendo o riso. Os dois ficaram ali na sala de reuniões conversando por bastante tempo, como se fossem dois grandes amigos.