Micael voltou para a sua sala bem antes do horário de almoço terminar e se surpreendeu ao ver Sophia lá, mexendo no celular. Ela erguei a cabeça, mas não falou nada. Só voltou a mexer no celular.
Ele se sentou e colocou o rosto nas mãos. Precisava resolver aquilo logo, não aguentava mais aquela situação ridícula. Respirou fundo duas vezes antes de arrastar sua cadeira até bem perto de Sophia.
- Ei, o que está fazendo? - Ela perguntou se afastando levemente.
- Eu estou tentando resolver isso de uma vez por todas. - Ela estreitou os olhos.
- Não tem nada pra resolver.
- Sophia, eu amo você, você me ama e a gente vai ficar separado até quando? - Ela vacilou na expressão dura e Micael conseguiu perceber a incerteza em seus olhos.
- Quem é que disse que eu amo você? - Tentou manter a fachada.
- Ninguém deixa de amar ninguém em duas semanas. - Suspirou. - Eu só quero que fiquemos bem.
- Se você quer tanto que fiquemos bem, porque foi almoçar com aquela ridícula? Você sabia que isso ia me magoar, você tinha plena consciência disso e mesmo assim fez, Micael. Você praticamente me humilhou.
- Ei, eu não te humilhei coisíssima nenhuma, você estava a manhã inteira emburrada sem falar comigo. E foi fazer fofoca ontem na casa da Eduarda, eu devia isso a ela. Foi você que me colocou nessa situação.
- Ah, coitadinho dele, não sabe dizer um "não". - Debochou. - Estou morrendo de pena.
- Sophia... - Arrastou a cadeira e dessa vez ela não recuou. Ele colocou a mão no joelho dela, estava encurvado para a frente. - Eu não acho que ela vai me procurar mais daqui pra frente. Nós até brigamos, ela disse que ia se afastar e pronto.
- Só que eu não queria que ela se afastasse, eu queria que você se afastasse. - Se levantou bufando. - É pedir demais que você faça algo por mim? Se tivesse alguém que fizesse você se sentir mal, eu com certeza eu me afastaria. Mas você foi incapaz de fazer isso por mim.
- Sophia, eu já te pedi um milhão de desculpas e vou passar o resto da vida pedindo. - Também ficou de pé. - A questão é que eu não aguento mais brigar com você por causa dela ou de quem quer que seja. Eu amo você e não tenho olhos pra mais ninguém. Quero que você e a Júlia venham pra nossa casa, quero que a gente termine de decorar o quarto da nossa bebêzinha que daqui a pouco nasce e eu não quero perder um instante se quer longe de vocês.
- Cléo. - Foi só o que Sophia respondeu e Micael franziu a testa sem entender.
- Quem é Cléo?
- É a nossa bebêzinha. - Sophia alisou a barriga e observou o sorriso crescer nos lábios de Micael.
- Você escolheu o nome dela já. - Se aproximou um pouco e colocou a mão por cima da dela.
- Na verdade não, foi a Júlia que escolheu. Eu achei bonitinho. - Deu de ombros.
- É lindo, assim como ela vai ser, assim como a nossa familia é. - Sophia então liberou o sorriso. Micael colou suas testas. - Me desculpa por ter sido um idiota desde que a Eduarda apareceu. Eu nunca mais vou deixar ninguém ficar entre a gente. - A mulher assentiu e fechou os olhos, curtindo o momento antes do beijo.
Micael colocou uma mão em sua nuca e a puxou levemente, aquele beijo era esperado pelos dois, e nenhum deles queria que acabasse. Era uma momento mágico.
- Eu amo você demais. - Sophia sussurrou entre o beijo, mas Micael não respondeu, se ocupou de beijar seus lábios mais uma vez, estava com saudades demais. - Acho que agora a gente tem que trabalhar.
- Não corta o clima. Faz tanto tempo que a gente não fica bem. - Deu beijos em seu pescoço, fazendo com que ela se arrepiasse por inteira. - Vai dizer que não está gostoso?
- Está maravilhoso, mas aqui é nosso local de trabalho. - Olhava para os lados com medo de alguém estar assistindo aquela cena. - Não podemos fazer isso aqui.
- Nós estamos em horário de almoço. - Deu um mordida em sua orelha. - A gente pode fazer o que quiser. - Uma mão subiu pela sua perna e roçou o elástico da calcinha. Sophia já estava completamente rendida aos encantos de Micael. Até ouvirem um pigarro e se separarem as pressas. Micael se sentou com as mãos no colo tentando disfarçar seu volume por detrás da mesa.
- Bom ver que já fizeram as pazes. - Osvaldo estava muito sério, parecia preocupado enquanto os dois não poderiam estar mais envergonhados. - Mas eu queria pedir que não fizessem isso aqui, é um ambiente sério e além do mais, a porta não tranca.
- Desculpa, isso não vai se repetir. - A loira se apressou a dizer. - Nunca mais. - Encarou Micael que assentiu diversas vezes.
- Nunca mais. - Micael reforçou.
- Sophia, eu vim até aqui por um assunto um pouco mais delicado. - Suspirou. - A professora da Júlia ligou pra mim e pediu para que fosse a escola.
- O que a Júlia fez agora? - Disse brava. - Essa menina era um amor, mas agora está demais. Toda hora na direção.
- Dessa vez ela não fez nada, aparentemente estava brincando no recreio com as crianças e caiu.
- Minha filha está bem? - A preocupação assolava seus olhos.
- A professora pediu para ir busca-la. - Deu de ombros. - Eu acho que só deu uma raladinha.
- Nossa, eu vou agora mesmo. - Ela já começou a juntar as coisas na bolsa.
- Eu vou com você! - Micael se levantou, agora já não precisando disfarçar mais nada.
- Não, você fica. Eu preciso de um de vocês aqui na empresa. - Osvaldo falou e Micael não contrariou, apenas assentiu, com um pouco de raiva. - Acho que você vai até trabalhar melhor sem distrações. - Ele riu, mas Micael não achou a menor graça.
- Aparece lá em casa depois. - Sophia disse ao dar um beijinho nele, que apenas assentiu e olhou a namorada sair correndo.
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Virada [EM REVISÃO]
RomanceQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...