Virada - Capítulo 133

278 18 9
                                    

Dois dias depois da visita a casa de Sophia e amparada por Osvaldo, Fabiana foi a delegacia não aguentando mais agressões recorrentes do marido. Só quando a queixa foi registrada ela descobriu que o juiz teria até 48 horas para analisar a concessão de medida protetiva a ela. Só então Thiago seria afastado do apartamento e proibido de chegar perto dela. 

Quando questionou sobre a prisão, ela se surpreendeu ao descobrir que pelo fato de não haver flagrante, não teria prisão preventiva, ele só seria preso se quebrasse a medida protetiva. 

- Eu não estou acreditando nisso. - Sophia disse indignada. - Esse cara quase me mata, te bate até dizer chega e a unica coisa que a gente consegue é um papel pra dizer que ele não pode chegar perto? - Sua voz alterada atraia atenção indesejada por Fabiana. As duas estavam numa lanchonete perto da delegacia conversando sobre a denuncia. 

- Eu também achei um absurdo. - Seu olhar era apreensivo. - Quando ele souber que eu o denunciei ele vai vir atrás de mim e essa droga de medida não vai adiantar nada se ele me matar. Eu não devia ter feito isso. 

- Ei, você não pode dar pra trás agora. - Segurou a mão da mulher. - Vai fazer o exame de corpo de delito pra finalizar a queixa, faz tudo direitinho, esse cara vai ser condenado. 

- A pena máxima é de três anos, você sabia disso? - Encarou Sophia. - Mesmo se for condenado e pegar pena máxima, esse maldito vai estar de novo as ruas em três anos. - A mulher já tinha lagrima nos olhos. - Se ele quiser se vingar de mim? Ou do meu filho? 

- Thiago nunca faria algo contra os filhos. - Ela deu de ombros. - Acho que nunca vou entender como a cabeça dele funciona. - Suspirou. - Nós vamos pra sua casa e você vai pegar as suas coisas. Em seguida, você vai passar uns dias na minha casa até essa situação se resolver e o Thiago ser preso. 

- Isso se ele for. - Disse desacreditada. 

- Ele vai ser. - Sorriu. - Lá em casa tem o quarto de hospedes e você pode ficar com seu filho. Júlia vai adorar ficar perto do irmão. 

- E seu marido? - Micael nem sempre tinha sido simpático com a mulher porque não queria Sophia metida em confusão com Thiago de novo. 

- Agora está no trabalho, nós vamos lá buscar vou te deixar lá em casa e depois eu converso com ele. - Se levantaram. - Vai dar tudo certo. 

- Obrigada por tudo, Soph.

- Eu quero fazer por você o que deveria ter feito por mim há anos atrás. - Sorriram e caminharam até o carro, dispensando a companhia de policiais pra ir até o apartamento. 


Sophia tinha instalado Fabiana e Nathan no quarto de hospedes e os deixado com Júlia antes de pegar o carro e ir pra empresa. Já passava de duas da tarde quando chegou e pediu que a secretaria chamasse Micael. O moreno não demorou a chegar e entrar na sala da esposa, que parecia mais branca do que o normal. 

- E como foi lá? - Deu a volta na mesa e lhe deu um beijo no rosto, depois voltou e se sentou de frente á mulher. - Deu tudo certo. 

- Ela fez a denuncia, mas temos que aguardar, eles não podem prendê-lo assim porque não houve o flagrante. Além do que, a pena máxima pra agressão é de três anos. Dá pra acreditar?

- Aquele canalha fez tudo o que fez e se condenado, vai ficar três anos? - Bufou. - O Brasil deixa muito a desejar, é por isso que tem tanta morte de mulher por ai, as estatísticas só sobem. 

- Fabiana e Nathan estão lá em casa... - Falou apreensiva com medo do marido reclamar. - Não briga comigo, eu não podia deixar ela ficar em casa, quando o Thiago for avisado da denuncia ele vai surtar. 

- Tudo bem. - Foi só o que ele disse. - Eu não queria que você se envolvesse em confusão, mas já tá envolvida até a raiz dos cabelos, só nos resta não deixar que ele faça mais mal a ela. 

- Eu amo você. - Se levantou e sentou no colo do marido. - Muito. 

- Eu sei disso. - Deu um beijo calmo e depois soltou um suspiro pesado. - Tá muito bom, mas eu tenho que trabalhar. 

- A sua chefe perdoa mais 10 minutinhos. 


Três dias depois foi quando começou o verdadeiro tormento. Após Thiago ter sido notificado e expulso do apartamento depois da medida protetiva ter sido aprovada pelo juiz, ele ficou desesperado e mais uma vez ameaçou Sophia e Micael por terem acabado com sua vida. Nenhum dos dois o levou a sério, nenhum dos dois deu atenção as coisas que ele falava. Até que então, as sete da noite, foi quando Micael deu falta e ligou a primeira vez. 

Não foi atendido, presumiu que Sophia estaria dirigindo. Ás sete e meia ligou mais uma vez e nada de ser atendido. Ás oito ele já andava de um lado para o outro despertando atenção de quem estava na casa. Fabiana, Nathan e Júlia. 

- O que foi pai? 

- Sua mãe saiu da empresa as cinco. - Encarou a filha. - Foi buscar sua irmã na casa da sua avó e eu fui ao mercado comprar umas coisas que ela colocou na lista. Cadê sua mãe e a Cléo? 

- Ué, devem ter parado em algum lugar. - A menina deu de ombros nada preocupada. 

- Sua mãe não atende a porcaria do celular. - Rangeu os dentes.

- Minha mãe pode estar conversando com a minha vó e meu vô. - Arranjou outra solução. - Podem ter perdido a hora. Liga pra lá. - O moreno assentiu algumas vezes e fez a ligação. 

- Alô, Branca? - Se aliviou quando o telefone foi atendido. 

- Oi, Mica. - A voz de sua sogra era agradável. - Aconteceu alguma coisa?

- Sophia e Cléo ainda estão ai? - Forçou sua voz a permanecer calma, mas o que Branca disse em seguida o desestruturou por completo. 

- Não, Sophia nem demorou. Ela subiu, pegou a Cléo e saiu quase que correndo, disse que estava cansada e queria chegar logo em casa. - E o coração de Micael batia mais rápido do que era humanamente possível. Onde será que Sophia tinha se enfiado com Cléo?

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora