Virada - Capítulo 125

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- E ai, como foi a conversa? - Sophia perguntou ao marido assim que ele passou pela porta. Sua expressão era melhor do que o esperado. Ele tirou a bermuda e se jogou na cama de cueca, ao lado da mulher. 

- Foi boa. - Foi apenas o que respondeu antes de se aconchegar em Sophia. - Ela disse que não sente vontade de falar e nem de conhecer aquele cara. 

- Viu, agora vocês conversaram, ela escolheu e com certeza ela vai dormir tranquila sabendo que não está magoando ninguém. - Sophia deu de ombros. - Você é a pessoa mais importante do mundo pra ela, até mais do que eu, já que fui uma péssima mãe. 

- Para de falar besteira. - Levantou a cabeça. - Não foi a melhor mãe do mundo, mas uma péssima mãe é demais. 

- Eu errei com a Júlia e eu errei com a Cléo. - Soltou um suspiro pesado. - A Júlia só é essa menina doce e gentil por causa de você.  

- Vamos parar com esse assunto? - Apertou a loira em um abraço. - Nós dois temos erros e acertos, é só a gente aprender com eles e não repetir. 

- Não é tão fácil. - Deu de ombros. 

- Claro que é. - Beijou sua testa. - Você sabe que mimou a Cléo mais do que devia, você tá me ajudando a deixa-la de castigo por todo esse tempo, você está aprendendo com seus erros, só demorou muito tempo né. - Ele riu. - Mas antes tarde do que nunca. 

- Bobo. - Finalizou aquele assunto com um beijo. 


Na manhã seguinte, os três sentados a mesa do café já que Júlia sempre acordava cedo para ir ao cursinho. Os três conversaram animadamente na mesa do café, até que Júlia parou de rir. 

- Pai, o senhor contou pra minha mãe sobre ontem? - Ergueu uma sobrancelha, ele já imaginava que ela estava falando do seu irmão. 

- Eu não, é assunto seu. - Deu um gole em seu café preto. 

- O que vocês estão me escondendo hein? - Seu olhar desconfiado era dado diretamente a filha. 

- É que eu disse ao meu pai ontem que a unica coisa que eu queria era conhecer o meu irmão. - Ela sorriu e Sophia suspirou. - Ele disse que era pra falar com você. 

- Tudo bem, eu falo com o Thiago hoje. - A adolescente sorriu. 

- Com o Thiago? - Micael fez uma careta. - Você não está pretendendo marcar nada com ele né? - Sophia revirou os olhos diante da expressão de Micael. 

- Eu não, já te disse que não quero ver a cara dele mais do que você. - Respirou fundo. - Vou marcar com a mulher dele, ai eu levo a Júlia enquanto ele está na empresa. 

- Tudo bem, se é assim. - Concordou, mas a careta continuava. - Eu só espero que ele não saia antes, como sempre fez. 

- Não é mais o Osvaldo o presidente da empresa, meu amor. - Deu um sorrisinho. - Ai dele se não me respeitar. 

- Nunca respeitou, não sei porque ia começar agora. - Sussurrou, mas as duas ouviram. 

- Chega, Micael. - Disse brava. - Isso não é assunto para o café da manhã. 

- Você não vão brigar por isso, né? - Júlia ganhou a atenção dos dois. - Eu falei isso porque disseram que estava tudo bem, se não tiver a gente deixa isso pra lá. 

- Está tudo bem sim. - Micael suavizou a expressão ao falar. - Você pode ir lá conhecer o moleque sim. 

- Então chega de briga por hoje. - Intimou a menina e os três tomaram café em silêncio. 

Sophia e Micael decidiram chamar uma mulher pra ficar com Cléo em casa até que Júlia chegasse, pouco antes do almoço. Suzana faria o almoço e estaria disponível se a menina precisasse de algo. 

Os três saíram de casa juntos e Micael deixou a filha no cursinho e seguiu rumo a empresa com a esposa. Saíram do elevador e se despediram com um selinho. Ambos seguiram para suas salas. 

Micael se sentou com raiva na cadeira e assuntou Natália que estava concentrada em alguma coisa que estava lendo. A mulher colocou a mão no peito e olhou para Micael com olhos arregalados. 

- Que porra foi essa? - Disse alto. Com os anos de convivência, ela já não era formal como no começo. - Tá atravessado é? 

- A minha filha tá querendo conhecer o filho do Thiago e eu não estou gostando nada dessa historia. 

- Deixa de ser ciumento. - A mulher rolou os olhos. - É só o meio irmão dela. Uma criança não vai fazer mal a ela. 

- Eu não duvido nada que ele vai tentar se aproximar dela por meio do garoto. - Cruzou os braços. 

- Sua filha já vai fazer dezessete anos, ela pode tomar algumas decisões. - Deu de ombros. - Não adianta ficar nervoso desse jeito. 

- É que em casa eu tenho q fingir que sou uma pessoa calma. - Bufou. - Que não me importo, quando eu queria mesmo é dar um sumiço nesse cara. 

- Relaxa que vai dar tudo certo. - Sorriu. - E trabalha que você distrai os pensamentos. 


- Mariana, eu quero o Thiago na minha sala o mais rápido possivel. - Sophia disse á secretaria quando passou por ela. A mulher apenas assentiu e se levantou, procurando pelo ex namorado que tinha voltado naquele dia para a empresa. Sophia colocou a bolsa presa a cadeira e em seguida se sentou, respirando fundo. Não demorou para que batessem na porta. - Entra. - Gritou e a figura de Thiago atravessou o batente. Sophia se arrepiava só de ficar no mesmo ambiente sozinha com ele. Os anos podem ter passado, mas as lembranças daquele dia eram bem reais. 

- Mandou me chamar? - Falou baixo e caminhou para sentar na cadeira a sua frente. Tinha um sorriso no rosto. 

- Mandei, preciso falar com você sobre alguns assuntos. - Cruzou os braços, a postura de Sophia na empresa tinha mudado bastante conforme os anos. 

- Sou todo ouvidos. - Seu sorriso se ampliou. 

- Primeiro de tudo, eu não quero você voando por ai como fazia antigamente e não vem dizer pra mim que não fazia porque eu sei, vivia na minha sala, vivia saindo cedo. Isso acabou, ouviu? 

- Eu mal voltei e já estou levando bronca? - Parecia que nada era capaz de tirar o sorrisinho idiota da cara de Thiago. - Pode deixar chefe, vou me dedicar ao trabalho. Afinal, agora eu não tenho mais uma esposa que trabalha aqui para eu ir visitar e muito menos uma filha pequena pra eu sair cedo pra cuidar. 

- Ótimo. - Organizou um papéis na mesa. - Segundo... - Precisou de um tempo pra falar. - A Júlia quer conhecer o irmão dela.

- Ela quer? - Seu sorriso se iluminou bastante. - Que ótimo, eu posso levar ela lá em casa e depois levo de volta. - Sophia gargalhou. 

- Só sobre o meu cadáver. - E agora finalmente ela conseguiu afetar seu sorriso. - Você não vai levar minha filha pra lugar nenhum. 

- Pelo amor de Deus, eu nunca encostei um dedo na minha filha e não faria agora! - Bateu as mãos na mesa e Sophia deu um pulo. 

- Eu tenho mil e um motivos pra não confiar em você. - Se recompôs. - Você vai falar com a sua esposa para esperar a gente, e eu levo minha filha até a sua casa. Você vai estar aqui trabalhando, bem longe da gente. 

- Eu quero poder conversar com a Júlia. - Falou baixo. - Vai ficar impossível eu me reaproximar da minha filha se você não deixar nem eu ver a menina. 

- Ela não é mais uma menina, Thiago. - Ficou de pé. - Você sumiu por doze anos e agora ela já é uma mulher, ela decide se quer ou não falar com você e ela escolheu não falar. 

- Ela está sendo manipulada por vocês. - Ficou de pé em seguida. - Mas tudo bem, eu vou avisar a Fabiana e dizer que vocês vão lá amanhã, tá bom? 

- Ótimo. - Ele se virou pra sair da sala, mas Sophia o chamou mais uma vez e ele se virou. - Eu espero que você nunca mais apareça na minha casa sem ser convidado. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora