Virada - Capítulo 51

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- O que você está fazendo com a minha filha, Micael? – Sophia perguntou brava. Ela sabia que a menina era terrível, mas ninguém tinha direito de maltrata-la. Micael estava sem reação, ele olhava o rosto de Sophia com raiva e não conseguia articular algo para se defender.

A menina estava encolhida nos braços da mãe, fingindo-se de assustada. Branca e Jhenifer estavam paradas no pé da escada, não pareciam entender muito da situação.

- Eu não fiz nada. – Ele finalmente conseguiu falar algo.

- Eu vi você apertando o braço da minha filha, Micael. – Apontou o dedo.

- Ela pulou em cima de mim, eu não entendi nada. Só a segurei para parar. – Seus pensamentos estavam voltando para o lugar. – Eu não fiz nada com ela.

- Eu não sou idiota, Micael. – Ele suspirou. – A instantes você me disse que eu deveria bater na minha filha, agora quer me dizer que você não fez nada? Não fez nada porque eu cheguei né?

- Sophia, acredita em mim. – Pediu mais uma vez. – Eu não faria nada com a sua filha, mesmo ela sendo mal-educada.

- Filha, o que aconteceu? – Soph olhou a menina que tinha lagrimas nos olhos e aquele maldito biquinho. – Conta para mamãe.

- Eu estava sentada ali. – Apontou para o sofá. – Eu falei do meu papai, aí ele ficou bravo e começou a me machucar e a falar mal do meu papai.

- Sophia, isso aí é mentira. – Passou as mãos pelo cabelo. – Você me conhece muito bem.

- Micael, eu acho melhor você ir embora. – Seus olhos estavam cheios de lagrimas também. Fazer aquilo doía.

- Você está me mandando ir embora por uma coisa que eu não fiz... – Sua voz estava carregada de emoção. – A sua filha queria, está mentindo. – Debochou. – Mas quer saber? – Deu um passo para perto das duas. – Fica aí com esse monstrinho, porque com certeza eu não ia aguentar muito tempo. Tchau. – Saiu daquele apartamento pisando duro.

- Pronto filha, ninguém vai te fazer mal. – Abraçou a menina e depois foi para o quarto com ela, onde ficou um tempo brincando.

Depois de algum tempo, foi para seu quarto e se jogou na cama, abraçou um travesseiro e se permitiu chorar. Não aguentava aquela situação, amava demais o Micael. Pegou seu celular e ficou olhando a foto de capa, como era possível que tinha acabado tão rápido.

Ela ouviu a porta do quarto abrir e rapidamente passou as mãos no rosto para disfarçar as lagrimas, não queria que ninguém a visse assim, principalmente Júlia. Quando ergueu a cabeça e viu sua mãe, se permitiu continuar chorando. Branca sentou em sua cama e Soph pôs a cabeça em seu colo e começou a receber um cafuné.

- Está péssima? – Ela apenas mexeu a cabeça e Branca respirou fundo. – Você foi dura demais com o Micael.

- Vai ficar do lado dele?

- Eu estava de fora, filha. – Parou o cafuné. – Sua filha não é nem um pouco fácil de lidar.

- Mas ela não mente, mãe. – Deu de ombros. – Ela fala a verdade.

- Sophia, eu não consigo acreditar que o Micael tenha agredido ela, aquilo tudo foi tão superficial. – Soph se sentou e encarou a mãe. – Ele te ama filha, não ia arriscar a relação de vocês fazendo isso.

- Mas mãe... – Hesitou. – Por que a Júlia ia fingir uma coisa dessa? Eu não consigo entender.

- Porque ela viu vocês juntos... – Deu de ombros. – Porque ela tem ciúme de um cara que não é o pai dela. Porque ela quer vocês três juntos. Tem tantos motivos, sua filha é muito pequena, está confusa, e o Thiago manipularia ela fácil.

- Mãe... Eu estou tão perdida. – Desabafou. – Não sei o que estou fazendo da minha vida.

- Soph, você tem que se achar e infelizmente eu não posso te ajudar com isso. – Deu um beijo na testa da filha. – Mas você vai conseguir. – Se levantou e deixou Sophia sozinha pensando na vida.

Assim que Micael saiu da casa de Sophia ele estava transtornado, com raiva e mataria o primeiro que cruzasse seu caminho. Ele entrou em seu carro e dirigiu como um maluco. Se viu parado em frente ao antigo apartamento de Sophia, sabia que o que ia fazer traria consequências, mas não estava tão preocupado com aquilo.

Desceu do carro e caminhou até o prédio. O porteiro o reconheceu e sorriu, abrindo o portão.

- Boa tarde, ficou algo da dona Sophia aqui? – Perguntou simpático.

- Ficou sim, ela pediu pra eu vir buscar e falar com o Thiago. – Deu de ombros. – Ele está em casa né?

- Está sim, só um minutinho que eu vou interfonar. – Disse pegando o telefone na mão.

- Não precisa, ele sabe que eu vinha. – Sorriu para o senhor e o mesmo assentiu. – Vai ser rápido. 

Micael entrou no elevador e apertou o botão desejado, estava agoniado, tudo parecia em camera lenta, queria acabar com aquilo logo, quando as portas finalmente se abriram, ele bateu algumas vezes, esperou pacientemente que Thiago abrisse aquela porta e quando abriu, não esperou nem que ele falasse nada, só lhe deu um soco tão bem dado que até sua mão doeu. O nariz dele começou a sangrar imediatamente. 

- Você ficou maluco de vez? - Disse Thiago com a mão no nariz tentando escoar o sangue. - Quem você pensa que é pra entrar na minha casa e me agredir? 

- Eu sempre vou ser o seu pior pesadelo. - Se aproximou dele novamente, mas Thiago recuou. - Vem aqui e me encara, seu imbecil.

- Eu não estou entendendo o que você está fazendo na minha casa. - Tirou a mão do nariz e lá estava sua cara de deboche. 

- Você não tem vergonha na sua cara não? - Gritou e os vizinhos novamente podiam ouvir. - Manipular uma criança? - Então Thiago sorriu, percebeu que Júlia tinha feito o que ele pediu. - Você não foi homem pra segurar a Sophia, ai agora quer apelar usando a filha de vocês.

- Eu não sei do que você está falando. - Isso fez Micael voar pra cima dele novamente. Não aguentava aquela cara estupida de sonso. 

Micael o derrubou no chão e deu vários socos em Thiago antes que os seguranças chamados pelos vizinhos chegassem. Ele descarregou toda a raiva que tinha dele desde que tinha voltado para o Rio e por um instante se sentiu extremamente aliviado ao ver Thiago no chão sangrando. 

- Me larga. - Ele disse aos dois brutamontes que o segurava. 

- Eu vou chamar a policia e uma ambulância. - Um terceiro segurança falou e discou o numero. Nem a policia vindo tirou o sentimento de êxtase que o Micael sentia. 


Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora