Sophia estava desaparecida há uma semana.
Uma semana que Micael vasculhava a cidade sem parar, uma semana que ele buscava informações sobre imóveis que Thiago tinha que eram afastados, ou que ele teve interesse em comprar, mas aquilo não estava dando em nada.
Toda policia do rio de janeiro e a anti-sequestro estavam no caso. Sophia era uma empresaria importante, aquilo implicava em urgência pra eles. Mas nada adiantava, parecia que nada ia adiantar até que Thiago quisesse ser encontrado, e Micael duvidava bastante que em algum momento ele ia querer.
- Pai, você precisa comer. - Júlia disse ao colocar o prato na mesa. - Já faz dias.
- A sua mãe está precisando de mim em algum canto dessa cidade. - Ele bateu as mãos na mesa e a sopa chacoalhou no prato, derramando sobre a mesa. - O que será que aquele maluco tá fazendo com ela? Será que ele...
- Ei, para de pensar essas coisas. - Se sentou ao lado do pai. - Você não é nenhum super herói, não tem como ajudar nesse momento.
- Mas se eu tivesse ido com ela, ele não tinha pegado as duas... - Ele estrava transtornado.
- Pai, a culpa não é sua. - Olhou nos olhos dele. - Não é! Agora come, porque quando a mamãe e a Cléo voltarem pra casa, ela vai ficar irritada se o senhor tiver pesando dez quilos a menos. - Sorriu e deu um beijo na testa dele.
- Comida já está pronta, minha linda? - Thiago perguntou sentado á velha mesa de madeira que tinha naquela cozinha simples. Sophia negou com a cabeça. - Eu estou adorando esse tempo que estamos passando juntos.
- Thiago, você precisa deixar a Cléo ir embora. - Ela se virou e olhou nos olhos do psicopata do ex marido. - Essa menina não tem nada a ver com a gente.
- É tão bom ver que você concorda comigo. - Sophia forçou um sorriso. - Nós podemos dar um jeito nela se você quiser. - Respirou fundo e foi até onde ele estava sentado, sentou-se em seu colo.
- Deixa a menina ir. - Deu de ombros como se aquilo não importasse. - É uma criança, ela não pode atrapalhar a gente aqui. Nosso amor. - Passou a mão pelo rosto dele. - E é capaz dela se perder e nem saber pra onde ir. Não precisamos sujar nossas mãos.
- Acho que você tem razão. - Pareceu pensar. - Eu vou deixar ela ir e vou trazer a Júlia, só falta isso pra nossa familia ficar completa. - Forçou outro sorriso, sabia que a essa altura Micael não deixaria que Júlia ficasse desprotegida. - Eu te amo tanto.
- Eu também te amo. - Virou a cara e foi mexer a comida que estava no fogo.
Thiago puxava vários assuntos durante o jantar, o mais bizarro para Sophia era perceber que ele realmente acreditada naquilo que falava. Realmente acredita naquela historia toda absurda que tinha inventado.
- Eu vou levar janta pra menina. - Fingiu desinteresse e Thiago assentiu. Sophia colocou um pouco de comida no prato e foi até onde sua filha ficava presa o dia todo. Teve vontade de chorar ao ver sua filha daquele jeito, imunda, dormindo em papelões, aquilo tinha que acabar.
- Mãe! - Ela disse com os olhos cheios de lagrimas, Sophia fez uma careta para que falasse baixo. - Desculpa.
- Eu trouxe um pouco de comida pra você. - Passou a mão pelo rosto da menina.
- Eu não aguento mais ficar aqui mãe. - Começou a chorar. - Eu escuto o que ele faz com você todo dia, as coisas que ele fala...
- Meu amor, a mamãe aguenta qualquer coisa para que ele não venha atrás de você aqui. - Secou as lagrimas da menina. - Eu estou tentando convencer ele a te soltar. Quando isso acontecer, você vai sair correndo até chegar em algum lugar com pessoas. Não importa qual direção, só corre.
- Mas e você? - Abraçou a mãe. - Eu não quero perder você.
- Você vai correr até achar alguém, pedir um celular emprestado, mas não vai ligar pro seu pai, liga pra policia primeiro. Entendeu? - A menina assentiu. - Eu vou ficar esperando. Te amo demais, filha. - Deu um beijo na testa da filha e saiu daquele quarto, trancando a porta atrás de si.
- Que demora! - Thiago estava na cama, nu. Sophia o olhou com repulsa. - Eu já estava quase indo lá te buscar.
- Não precisou, já estou aqui. - Aproximou-se da cama. Ao primeiro toque de Thiago, seu corpo reagiu instantaneamente e ela acabou vomitando no chão do quarto.
- Você está passando mal? - Ele pareceu preocupado. - O que aconteceu?
- Não sei. - Ela parou e pensou um pouco, ele era tão ligado a Júlia, talvez uma gravidez o deixaria com os pés no chão novamente. - Talvez eu esteja gravida. - Ela sabia que aquilo era decorrente do nojo que sentia dele, de seu toque, mas não deixaria transparecer.
- Ai, meu Deus! - Ele pulou da cama e foi buscar um pano. - Eu não acredito que vamos ter um bebê, outro bebê. Júlia vai ficar tão feliz.
- Com certeza vai. - Ela tentou sorrir.
- Pode deixar que eu limpo isso aqui, descansa. - Ele sorriu e vestiu uma cueca antes de limpar a sujeira que Sophia tinha feito. Naquela noite, ele não abusou de Sophia, não a forçou a nada. Pelo visto o plano de Sophia tinha dado certo...
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Virada [EM REVISÃO]
RomanceQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...