Virada - Capítulo 52

290 19 16
                                    

Micael foi levado algemado para a delegacia enquanto Thiago foi encaminhado para o hospital mais próximo ainda desacordado.

Já sentado em uma cadeira enquanto aguardava o delegado falar com ele, ele refletiu sobre o que fez e o que aquilo causaria na sua vida, certamente seria demitido, Osvaldo não perdoaria o que ele fez ao filho dele. Sem duvida que não teria Sophia de volta, mas isso não importava muito, já que estava extremamente chateado com a falta de confiança dela para com ele. 

- Bora rapaz -  Um dos policiais o levantou da cadeira e praticamente o arrastou até a sala do delegado antes de os deixar a sós. 

- Então quer dizer que você é um valentão? - O delegado debochou. Micael o olhou com atenção, parecia novo demais para o cargo. - Invadiu um condomínio fechado e um apartamento, pra agredir uma pessoa que nem se defendeu. - Estava lendo um papel que estava a sua frente. 

- Eu não invadi condomínio nenhum, o porteiro me deixou entrar. - Encarava o delegado. - E eu bati na porta, Thiago que abriu. - Deu de ombros. - Eu não tenho culpa se ele não revidou. 

- Será que você pode explicar o motivo? - Henrique, o delegado, perguntou. - Eu ainda não entendi. 

- Ele é pai da filha da minha namorada. - Fez uma pausa. - Ex namorada. - Suspirou. - Manipula a criança como se fosse um objeto e eu me irritei. 

- Então temos aqui um crime passional. - Deu de ombros. - Você pode ser indiciado por tentativa de homicídio. 

- Ah, pelo amor de Deus, eu não tentei matar aquele cidadão, eu só queria que ele aprendesse que não pode fazer aquilo com a criança, ficar mandando ela fazer as coisas. A menina fingiu que eu bati nela, Delegado. - O Henrique riu. - Isso não é engraçado. 

- Essa parte da historia é sim. - Deu de ombros. - Ai a vitima pediu pra que a filha fingisse que você bateu nela para que você brigasse com a sua namorada? 

- E funcionou, Sophia é cega. - Suspirou. - Ai eu quebrei a cara dele pra largar de ser imbecil. - Disse com raiva. - E não me arrependo nem um pouco. Ele já fez coisa muito pior. 

- Bom, Micael Borges. Eu não posso te liberar por protocolos, você tem direito a chamar um advogado, mas por enquanto vai ficar aqui por que foi pego em flagrante. - Micael suspirou. - Tudo bem, onde eu faço a ligação? 

O delegado chamou um outro policial, levou Micael até o telefone. Ele ligou para seu pai que enviou um advogado sem nem perguntar o que aconteceu. Micael foi jogado em uma pequena cela com um bêbado que não conseguia nem falar uma frase coerente. Sentou no canto e ficou olhando suas mãos machucadas, será que realmente tinha valido a pena?

- Como assim Thiago esta em um hospital? - Sophia falou um tom mais alto ao telefone e chamou atenção de sua familia. - Osvaldo o que aconteceu com ele? - De certa forma estava preocupada. 

- Parece que o Micael foi até o apartamento e bateu nele. - A voz de Osvaldo era pesada, com certeza não perdoaria aquilo. - Eu não sei o que aconteceu, ele não acordou ainda. 

- E onde o Micael está? - Não conseguia negar a preocupação. 

- Até onde eu sei, a policia levou ele. - Deu de ombros. - Estou bastante desapontado com Micael. 

- Certeza que Micael tem motivos, você conhece o filho que tem. - Sophia não conseguia defender Thiago, mesmo chateada com Micael. 

- Thiago deve ter feito alguma gracinha pra tirar Micael do sério dessa forma. - Ele suspirou. - Mas por mais que eu saiba que o Thiago é péssimo, ele continua sendo meu filho, Soph. 

- Eu sei. - Ficaram em silêncio. - Vou procurar saber o que aconteceu e mais tarde eu passo ai pra visitar, tá bem? 

- Tá bom, filha. Até mais. - Desligaram a ligação. 

- O que aconteceu filha? - Branca estava curiosa e Sophia soltou um longo suspiro. 

- Parece que o Micael invadiu o apartamento do Thiago e bateu nele. Agora um está preso e o outro numa cama de hospital. - As duas arregalaram os olhos. - Eu vou ir á delegacia saber do Micael. - Deu um beijo na mãe e na irmã, pegou sua bolsa e saiu. 

Dentro do carro, Sophia não conseguiu não chorar, era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Queria que sua vida não fosse tão complicada do jeito que é. Respirou fundo antes de sair do carro e entrar na 63º DP.

- Boa tarde? - Perguntou ao homem que estava de costas, enchendo um copo de água. - Onde consigo uma informação. 

- Está falando com a pessoa certa. - Sorriu sedutoramente. - Sou Henrique Barcellos, delegado e ao seu dispor! - Beijou a mãe de Sophia e a deixou sem graça. - Em que posso ajuda-la. 

- Eu quero saber se chegou alguém chamado Micael hoje aqui? - Ela sorriu em resposta a simpatia do delegado. 

- Deve ser Sophia então, não é? - Ela concordou com a cabeça, já tendo certeza que ele estava ali. - Está aqui sim, o valentão. 

- Será que eu posso vê-lo? - Estava sem graça de perguntar. - Preciso entender o que aconteceu. 

- Olha, vendo você, até eu varia o que ele fez. - Ela corou. 

- Você costuma dar em cima de todo mundo que entra aqui? - Ergueu uma sobrancelha, um galanteador barato, porém bem bonito. 

-  Só das bonitas. - Piscou o olho e arrancou mais um sorriso de Sophia. - Eu te levo até ele. - Foi andando na frente e Sophia o seguiu. Ela viu o namorado sentado no chão, com a cabeça entre os joelhos. - Você tem vinte minutos. - Ela assentiu. 

- Mica... - Sua voz doce fez com que ele levantasse a cabeça e chegasse perto da grade. - O que você fez...

- Eu bati no idiota do Thiago. - Deu de ombros, sua voz áspera fez com que Sophia se retraísse. - Ele mereceu cada soco que levou. - Ela olhou suas mãos em carne viva. 

- Você cometeu um crime...

- O que diabos você está fazendo aqui hein? - Cruzou os braços. - Você me mandou embora da sua casa, eu não entendi porque veio atrás de mim. 

- Eu fiquei preocupada com você ué! - Segurou nas barras de ferro. - Você aqui...

- Não precisa se preocupar comigo não, pode ir embora. - Foi grosso e Sophia secou uma lagrima, mas nem isso fez com que Micael amolecesse. - Vai lá ver como tá aquele imbecil no hospital, eu sei que você vai. 

- Micael eu... 

- Sophia, me esquece. Isso não vai dar certo nunca. - Ele deu de ombros, com os olhos cheios de lagrimas também. - Você não confia em mim e tudo que a Júlia disser ou fizer, a culpa sempre vai ser minha, então é melhor deixar pra lá. Vai embora. - Ela não respondeu e saiu, conversaria com ele depois, quando os ânimos já tivessem se acalmado. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora