Virada - Capítulo 153

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- Cadê as meninas? - Micael perguntou á mesa do café da manhã com Sophia. - Não as vejo desde ontem de manhã.

- Elas pediram pra dormir na casa da Sandrinha, eu deixei. - Deu de ombros. - Jura que é só agora que você está dando falta das suas filhas? - Soltou uma risadinha enquanto comia um potinho com damascos secos que sua nutricionista tinha receitado.

- Eu estava um pouco ocupado ontem. - Deu um sorriso malicioso pra loira. - Pode falar que sou um péssimo pai.

- Não é tão ruim assim. - Manteve a risadinha. - Mas estou surpreso que a Júlia não falou com você, ela te conta tudo. - Fez uma careta.

- Ih, tá com ciúme! - Brincou. - Ciumenta.

- Não tem ciúme nenhum, é a verdade.

- É verdade, claro. - Debochou e pegou o celular. - Ih, adivinha só, tem mensagem da Júlia aqui sim, de ontem as 15:49. - Ele disse rindo da careta de Sophia que sussurrou um "viu". - Essas meninas não valem é nada.

- Por que? - Perguntou curiosa e o marido estendeu o telefone. - Bem que podia mesmo ter trazido flores pra mim.

- Sophia, eu saí que nem um maluco pra arrancar seu fígado por ter saído daquele jeito, sem me avisar. Acha mesmo que eu ia parar numa floricultura?

- Eu não tinha nada. - Rolou os olhos. - Você que exagerou.

- A Mari disse que você estava passando mal. - Deu de ombros. - Você não pode brigar comigo por me preocupar com você!

- Não estou brigando não. - Passou geleia na torrada. - Mariana que aumenta tudo, devia ter demitido essa falsa há anos.

- Deixa ela em paz. - Sophia bufou. - Vamos nos preocupar com algo mais importante, o que faremos do nosso dia?

- Nada. - Passou sua geleia de sempre na torrada. - Não é um dia especial.

- Precisa ser um dia especial pra gente fazer algo? - Franziu a testa. - Podemos fazer um piquenique na quinta da boa vista, podemos ir á praia, não precisa ser um dia especial pra gente andar de pedalinho naquela água nojenta da quinta. - Os dois riram.

- Não quero andar de pedalinho lá não, aquela lagoa fede. - Fez uma careta. - Imagina se vira o pedalinho e a gente cai naquela nojeira.

- Ah, vai! - Mordeu seu sanduíche. - Hoje é sábado e faz tanto tempo que a gente não sai junto pra se divertir. Eu não lembro nem da última vez, a gente só briga e briga.

- A culpa é sempre sua. - Ele a encarou sério.

- Valeu, dona perfeita, isenta de vacilação. - Se olharam por um tempo antes de começarem a rir. O clima estava leve.

- Tudo bem, vamos lá andar de pedalinho no lago da sujeira. - Franziu o nariz. - Vou levar uma máscara de oxigênio. E as meninas?

- Não estão aqui, perderam. - Ele deu de ombros.

- Cruzes! - Soltou um risinho, mas antes de responder as meninas abriram a porta da frente e Sophia riu mais alto ainda da cara que Micael fez.

- Porque estão aqui tão cedo? - O moreno perguntou e Sophia não parava de rir.

- Ih, Júlia, o casalzinho tá de bem de novo e ele não quer a gente na nossa própria casa! - Cléo cruzou os braços e foi se sentar à mesa do café. - Lamento informar que estou com fome.

- O casalzinho. - Sophia repetiu ainda rindo. - Que debochada.

- Depois eu chamo de monstrinho e você briga comigo. - Ela apertou a bochecha de Micael.

- Depois desse deboche aí eu até deixo você chamar! - Ela brincou surpreendendo a todos na mesa.

- Meu Deus, o que rolou nessa casa de ontem pra hoje? - Júlia perguntou ainda rindo. - Essa pessoa bem humorada aí não é a minha mãe.

- Ei, eu sou bem humorada! - Bufou. - Seu pai que me tira do sério sempre, aí fica difícil.

- Olha que abusada! - Pegou um pouco de cereal da caixa e jogou em Sophia. - Isso aí é pra você aprender a não falar calúnias sobre mim.

- Que absurdo! - Enfiou a mão para tirar uns cereais que caíram dentro do decote. - Você só pode estar de brincadeira. - Pegou o copo de leite que não tinha bebido e jogou em Micael. Ele ficou parado por um tempo.

- Ei, eu joguei em você um negócio seco. - Ele disse passando a mão no rosto. - Isso é covardia.

- Você começou, não pode reclamar! - Ela se contorcia de rir junto com as filhas.

- Então você aguenta também. - Jogou suco nela. Aquilo estava ficando pessoal. - Agora você também está molhada. - Ele riu.

- Gente, vamos parar de brincar com a comida?! - Cléo falou olhando a mesa. Micael e Sophia se encararam um pouco antes de jogarem suco e leite na filha do meio. - Deus é mais! - Ela disse e arrancou ainda mais risada deles.

Foi o que bastou pra cozinha virar uma zona de guerra, bolo, iogurte, pão, biscoito, suco, leite, tudo que estava em cima da mesa voou um no outro. Estavam se divertindo como não rolava há um tempo. Era bom não ter briga, aquele sentimento de paz e de família unida, era raro.

- Eu quero ver quem é que vai limpar essa zona aqui! - Sophia disse deitada no chão em cima de toda bagunça. - Minha cozinha tá horrivel.

- Eu nem queria brincar, vocês que me obrigaram jogando as coisas em mim. - Cléo protestou, mas estava rindo, deitada em outra parte da cozinha.

- Não foge não, pirralha. - Júlia brigou. - Vai ter que limpar também.

- Larga de ser chata, Júlia! - Rangeu os dentes.

- Eiiiii - Sophia chamou atenção das duas. - Vamos parar com isso aí. Vão tomar banho logo, todos nós vamos limpar a cozinha. - Cléo levantou bufando e Julia foi rindo atrás. - Cléo é quase um monstrinho mesmo!

- Ah, a senhora está com febre? - Sorriu de lado. - Me dando razão numa coisa dessa?

- Só um pouco de razão, não muita. - Ela riu. O moreno se aproximou, também deitado em meio a bagunça.

- Eu amo nossa família do jeitinho complicado que ela é. - Deu um selinho na loira. - Obrigada por ter me dado tudo isso, por estar do meu lado esse tempo todo, mesmo que com tantas dificuldades que as vezes nós mesmos colocamos. - Pousou uma mão sobre a barriga de Sophia. - Você me faz o homem mais feliz do mundo.

- E você vai me fazer chorar falando desse jeito! - Ela fungou. - Eu amo você também e por mais que você me irrite, eu não consigo me imaginar sem você, não existe mais Sophia sem Micael.

- E não existe Micael sem Sophia... - Ele respondeu antes de lhe dar um beijão.

Quando nascemos, ninguém diz que a vida vai ser fácil, mas ninguém diz também que vai ser tão difícil. Os obstáculos do dia a dia estão aí para serem superados e quando se encontra alguém, um amor verdadeiro, tudo fica mais fácil de ser superado, mesmo que com alguns tropeços no meio do caminho, porque ninguém é perfeito.
Mas é por isso que existe o perdão e a empatia, nenhuma vida a dois é possível sem esses dois pilares e Sophia e Micael provaram bem isso ao longo de todos os capítulos!

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Agradeço a todos que leram até aqui, a todos os votos e comentários que me impulsionaram a escrever cada vez mais e mais. ❤️

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