- Você tem razão, me desculpa. - Disse num suspiro.
- Não acha que vai ser tão fácil assim, acha? - Ergueu uma sobrancelha.
- Micael, eu sou a mãe do seu filho!
- Você não pode me esculhambar sempre que quiser e depois ficar tudo bem. - Deu de ombros e raspou o potinho.
- Você não me ama mais? - Estava quase chorando e Micael arregalou os olhou.
- Eu amo você mais que tudo no mundo, você é minha família. - Ela sorriu, mas as lágrimas rolaram da mesma forma. - Não tem como te aguentar sem te amar.
- Se você me ama, por que estava marcando encontro com outra? - Ele sorriu e se sentou ao seu lado, passando um de seus dedões em sua bochecha, secando aquelas lágrimas insistentes.
- Ela não é uma peguete, amor. - Seu tom de voz calmo quase convencia Sophia. - Duda é uma amiga minha lá de São Paulo.
- Você nunca teve amigas... - Deu de ombros. - E nunca falou dela.
- É porque é um assunto que eu não gosto de falar. - Ela o encarou com a visão turva. - Tudo bem, eu conto pra você.
- Volteeeeei! - Julia gritou sentando na cadeira que antes Micael estava sentado. - Está chorando mamãe?
- Não amor, eu tô com uma alergia chata, mas já vai passar. - Sorriu. - Já tomou seu sorvete?
- Já sim, eu escolhi duas bolas de chocolate. - Ela contou empolgada. - Comi ali na mesa das crianças, conheci o Davi e a Letícia. Será que eu posso ficar mais um pouquinho lá?
- Pode sim, filha! Já já a mãe vai te chamar. - Mandou um beijinho e voltou sua atenção a Micael. - Prossiga. - Ele rolou os olhos.
- Eu conheci a galera por causa da Vanessa, eles são bem legais. - Deu de ombros. - De todos eles, os que eu mais me aproximei foi a Duda e o Lucas.
- Quem é Vanessa? - Ele respirou fundo.
- Vanessa foi a minha noiva. - Sophia abriu a boca, mas não falou nada. - Aquela que eu te contei que me traiu. Todos eles são amigos que eu fiz por causa dela.
- Essa mulher voltou também? - Perguntou num cochicho.
- Aparentemente sim. - Mexeu em sua orelha. - Mas eu não quero vê-la, eu quero ver os meus amigos.
- São os amigos dela. - Disse bravo.
- São meus amigos também, eu convivi com eles por três anos. Eu gosto deles.
- Gosta tanto que nunca vi você ligando. - Debochou e Micael a encarou.
- Eu vim embora pro Rio junto com o meu pai pra esquecer de tudo o que eu sofri lá. - Falou sério. - Ligar pra eles não ia me fazer bem, agora é diferente, eu não ligo pra existência da Vanessa, ela não é capaz de me magoar mais, porque eu tenho você e eu amo você.
- Me desculpa, amor. - As lágrimas voltaram a cair. Sophia não estava conseguindo segurar as emoções, seja estresse ou choro. - Me desculpa por tudo que eu falei e como agi com a sua amiga. Eu também amo você.
- Olha, eu gostei muito mais desse pedido de desculpas do que do outro. - Sorriu e lhe deu um selinho. - Eu sei que você vai se controlar, a partir de agora.
- Eu prometo tentar, agora vamos embora logo, porque estamos aqui há um tempão. - Ele concordou com a cabeça e se levantou para pagar a conta. Saiu de dentro com a enteada que ficou entre os dois, segurando suas mãos.
- Onde que nós vamos agora? - Tirou os pés do chão e foi carregada pelos dois.
- Bota o pé no chão, menina. - Sophia brigou e ela voltou a andar, rindo. - Nós vamos pra casa.
- Mas eu não quero ir pra casa agora. - Fez um bico e Micael foi a vez de Micael rir.
- A gente pode brincar em casa! - Ele tentou anima-la. - Do que você quiser.
- A gente pode brincar de restaurante. - Deu gritinhos empolgada. - Mamãe tem que brincar também.
- Ah, ela vai sim. - Cutucou Sophia que lhe deu um olhar mortal. - Ela adora brincar com a gente!
- É, adoro sim! - Sorriu. Micael não respondeu, ele olhou pra frente e viu seus amigos, acompanhados de sua ex.
- Ah, é o nosso garanhão! - Lucas disse quando se aproximou. - Quanto tempo mané.
- Nem tem tanto tempo assim, só alguns meses! - Rolou os olhos. - Duda falou com vocês é?
- Ela mandou uma mensagem dizendo que você estava por aqui, a gente saiu cedo pra ver se te encontrava. - Foi a vez de Felipe falar. - Como tu tá viadão?
- Eu estou ótimo. - Em todo momento ele não encarava Vanessa, ao contrário de Sophia, que a encarava porque via algo estranhamente familiar na mulher a sua frente. - Essa aqui é minha namorada. - Sorriu pra Soph. - Sophia!
- Prazer, você é linda! - Lucas se aproximou e lhe deu dois beijinhos. - Eu sou Lucas.
- E eu sou Felipe! - Se aproximou para cumprimenta-la.
- Tá bom, tá bom. Já chega de beijinhos. - Ele puxou Soph pra perto de si. - Essa aqui é a filhinha dela. - Júlia só sorriu por detrás das pernas da mãe.
- Que trabalho é esse de vocês que trabalham aos domingos? - Perguntou curiosa.
- Na verdade o Domingo é opcional, a gente vem pra ganhar um extra. - Lucas respondeu a Sophia.
- Será que a gente pode ir? - A baixinha com cabelos extremamente preto na altura do ombro finalmente disse alguma coisa.
- Relaxa ai, Vanessa. - Felipe disse. - Faz meses que a gente não vê o Mica.
- Grandes coisas. - Rolou os olhos.
- Espera ai... - Sophia forçou a memória. - Eu tenho certeza que eu te conheço!
- Me conhece de onde, garota? - Foi grossa, mas isso não impediu Sophia de falar.
- Você morava em São João quando era criança? - A mulher fez que sim com a cabeça. - Eu sabia. Como que você não lembra de mim, nós não nos desgrudávamos!
- Ah, não. Deus não pode ter feito uma coisa dessa comigo! - Micael olhou para o céu e reclamou.
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Virada [EM REVISÃO]
RomanceQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...