- Chay, agora não é um bom momento! - Micael disse por entredentes e Chay franziu a testa.
- Ué, o que foi? - Perguntou sem entender. Sophia já chorava mais que tudo.
- Cem reais, você me enganou por cem reais? - Ela disse no meio dos soluços.
-Sophia, eu posso te explicar. - Ele deu um passo para perto de Sophia e ela recuou.
- Não tem o que explicar. Pelo visto eu já sei de tudo. - Passou as mãos nas bochechas tentando secar as lagrimas, mas não adiantou, outras as seguiam. - Você é um monstro, Micael.
- Soph, conversa comigo. - Ele parecia estar a ponto de chorar também, ninguém nunca tinha visto Micael transtornado daquela forma. - Olha é tudo verdade, eu admito.
- Parabéns para você, agora que não tinha mais como mentir. - Bateu palmas debochada.
- Sophia é verdade que eu me aproximei de você pelos motivos errados, mas eu gosto de você. Eu não menti quando disse que você era diferente. - Sophia não estava mais aguentando aquela situação.
- Olha, me faz um favor. - Micael a olhou atentamente. - Não chega mais perto de mim. - Ela entrou na escola meio sem rumo, acabou indo para o banheiro, se trancou e então deixou as lagrimas rolaram livremente, sem vergonha.
- Eu vou atrás dela, Arthur. - Ele assentiu. - Obrigada. - Deu um sorriso e saiu correndo atrás da amiga.
Micael andou até um banco ali perto e se sentou. Ele tinha a cabeça abaixada nas mãos. Os amigos perto não estavam entendendo a reação dele. Micael nunca se apaixonava por ninguém.
- Mica, tá tudo bem, cara? - Chay se sentou ao seu lado. Mel observava a cena ao lado de Arthur. - Eu não acredito que você tá triste por causa da nerdzinha.
- Sophia, Chay. - Levantou a cabeça e encarou o amigo. - O nome dela é Sophia.
- Micael, eu não acredito que você tava gostando daquela menina. - Ele rebateu. - Era só pra comer, lembra?
- A Sophia é uma pessoa diferente. - Deu de ombros, seus olhos vermelhos de prender as lagrimas era notável pelos amigos. - Por que você foi abrir a sua boca, Arthur? - Foi pra cima do amigo.
- Porque eu não ia deixar você expor a menina assim. - Embora fosse menor, o respondeu com coragem. - Até onde eu sei, você só a estava usando.
- Você não sabe nada da minha vida. - Apontou um dedo na cara de Arthur. - Você não tinha que se meter. Eu estava confuso, dividido, por isso fiz o vídeo.
- Você não fala com a gente, como que eu ia adivinhar que você gosta dela? - Micael só ficou em silencio. - E querendo ou não você fez o vídeo. Então eu falei mesmo, pode ficar com raiva, mas eu falei. - A ira de Micael foi ao máximo quando ele acertou um soco em Arthur, que caiu.
- Você está louco, Micael? - Chay se levantou para ajudar Arthur. - A gente não tem culpa se você se aproximou da menina pelos motivos errados não. Se vira, eu hein. Ficar brigando com a gente não vai fazer ela querer ficar contigo.
- Deixa ele, Chay. - Arthur respondeu e se levantou. - Vou para a aula. - Arthur deu as costas e ficou parado na frente da sala esperando que aquela aula terminasse para entrar no segundo tempo. Tinha a mão na sobrancelha, aquilo estava doendo.
- Micael, nós temos que ir também. - Chay disse a Micael que estava sentado com as mãos na cabeça de novo. - Daqui a pouco começa o segundo tempo.
- Mel, você podia falar com elas né? - Mel arregalou os olhos. - Você é mulher, você está vendo como eu estou, ela vai acreditar.
- Ih, sei não, Micael. - Mel deu de ombros. - Eu não a conheço.
- Por favor, Mel. - Ela suspirou.
- Espera a poeira abaixar que eu falo, tá tudo muito recente, ela ainda está com muita raiva. - Micael assentiu.
- Tudo bem, agora vamos para a sala. - Os três foram andando devagar para dar tempo de chegar na hora certa.
- Sophia? - Lua chegou ao banheiro gritando, mas ninguém respondeu, ela já ia saindo, mas ouviu alguém fungando. - Soph, responde! - Bateu na porta do banheiro de onde ouviu o som.
- O que é? Tá aqui pra dizer que me avisou? - Sua voz embargada partia o coração de Lua.
- Logico que não, você é minha melhor amiga, eu quero te ajudar. - Esperou um tempo e Soph destravou a porta. Lua foi lhe dar um abraço. - Amiga, eu quero que você fique bem.
- Eu vou ficar bem, eu só preciso chorar todo o ódio que tem aqui dentro. - Colocou a mão no peito. - Como eu fui tão cega, Lua?
- Ah, quando a gente gosta a gente fica cego mesmo. - Deu de ombros.
- Lua, ele falou tanta coisa bonita pra mim, ele foi tão paciente, tão atencioso. - Chorou mais ainda ao lembrar. - Não consigo acreditar que era tudo mentira.
- Amiga, a culpa não é sua. - A abraçou de novo. - Você vai ficar bem!
- Eu sei, no final tudo vai dar certo. - Deu de ombros. - Vamos para a aula Lua. Eu não vou ficar chorando por causa dele.
- Isso ai, mostra que você tá bem. Não deixa ele ver que te abalou. - Sophia se levantou e foi lavar o rosto, ai saíram do banheiro.
- Pronto, vamos. - Ela disse depois que secou. - As duas caminharam para a sala de aula. Ainda não tinha acabado o primeiro tempo, ao se aproximarem viram Chay, Mel e Micael de um lado e Arthur sozinho do outro. - Lua, não quero ir para lá não.
- Amiga, não deixa te abalar, vamos lá sim. - Tentou encorajar. - Vamos falar com o Arthur, parece que ele foi excluído do bonde. - Soltou uma risadinha. - Ei, Arthur. - Lua disse ao se aproximar.
- Oi meninas! - Ele sorriu para elas.
- Ai meu Deus, o que aconteceu com você? - Lua perguntou preocupada quando conseguiu ver o corte sobre sua sobrancelha.
- O valentão ali me acertou depois que vocês saíram. - Ele falou rindo e deixou as meninas horrorizadas. - Mas está tudo bem.
- Ah, agora entendi porque estão separados. - Sophia disse ainda sem encarar o lado onde Micael estava.
- Como eu disse a Lua mais cedo, eu já estava um pouco cansado da idiotice daqueles dois. - Arthur deu de ombros.
- Que ótimo, junte-se as nerds. - Sophia falou rindo.
- Isso vai ser um prazer. - Sorriu as duas, ouviram o sinal batendo, o professor saiu da sala e eles entraram. Arthur sentou perto delas e os outros três foram para o fundo da sala.
- Pronto, agora ele virou amiguinho delas. - Micael disse com desprezo. - Só o que me faltava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Virada [EM REVISÃO]
RomansaQue o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Mas você vai esperar que isso aconteça justo com você? Que todo o mal que foi feito com brincadeiras estupidas no ensino médio fosse atrapalhar a sua vida anos depois? Que fosse se apaixonar pela maior vitim...