Virada - Capítulo 126

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- Nossa, eu estou exausta hoje! - Sophia se jogou no sofá assim que chegou do trabalho. - Parece até que eu trabalhei virando cimento. 

- Mas como ela é exagerada. - Micael chegou por trás e começou a apertar os ombros da esposa. - Se está precisando de uma massagem eu posso fazer na banheira mais tarde. - Cochichou em seu ouvido e fez a loira se arrepiar. 

- Com certeza eu vou querer. - Virou a cabeça para lhe dar um beijo. 

- Urggh - Ouviram o som de nojo e se afastaram. - Esse amor de vocês não acaba não? - Júlia falou brincando. - Vocês moram juntos, vão trabalhar juntos, ficam o dia todo na mesma empresa e ainda tem esse grude todo. - Micael jogou uma das almofadas na filha. 

- Eu espero que você ame alguém como eu amo seu pai e seja retribuída, meu amor. - Sophia disse e fez carinho na bochecha do Micael. - Se você soubesse o quão difícil isso é! 

- Eu imagino que seja. - Ela disse um pouco mais baixo e Sophia franziu a testa. 

- Ai meu Deus, você gosta de alguém! - Afirmou e a menina deu um pulo pega de surpresa. 

- Esse papo de novo não, mãe. - Juntou as mãos. - Eu não quero conversar sobre isso. 

- Tudo bem, tudo bem. - Ergueu as mãos em rendição. - Mas depois a gente vai conversar sobre essas coisas, só nós duas. - A menina assentiu. - Mudando de assunto rapidão. - Micael se sentou ao seu lado no sofá. - Eu falei com o Thiago e ele vai marcar com a mulher dele lá. Acho que amanhã eu te levo até lá. 

- Onde que ele mora mesmo? - Micael perguntou um tanto curioso. 

- No mesmo apartamento. - Sophia deu de ombros. - Vai ser super estranho voltar lá. 

- Então não vai, marca em outro lugar. - Ele sugeriu. - Aquela casa deve ter umas vibrações pesadíssimas de tudo o que aquele cara te fez. 

- Micael! - Sophia repreendeu e olhou pra filha que só balançou a cabeça. - Na frente dela não né?!

- Eu já tenho dezesseis anos, mãe. - Deu de ombro. - Aguento algumas verdades agora. - Sorriu forçado. - Não precisa se importar com isso, se não quiser ir lá a gente não vai. 

- A gente vai sim! - Afirmou. - Tudo aconteceu há muitos anos e ele não vai estar lá. Agora por gentileza podemos mudar de assunto? - Eles assentiram. - Como a Cléo está? 

- Ela não quis almoçar hoje. - Júlia informou e Sophia franziu a testa. 

- Por que ela não almoçou? - Indagou. - Se tem uma coisa que ela gosta é de comer. 

- Ela disse que ninguém ama ela então ela pode se matar. - Júlia soltou um sorrisinho. - Um drama sem fim, por causa da sua bronca de ontem. 

- Você deu bronca nela? - Micael arregalou os olhos. - Eu não acredito que eu perdi isso!

- Deu sim, pai! - Jú dava risada. - Mandou ir pro castigo e tudo, nunca a vi falando desse jeito. 

- É isso ai, mozão. - Micael ergueu uma mão, mas a mulher não completou o high five. 

- Isso não tem graça gente. - Brigou com os dois. - A menina não quer comer. 

- Ela está fazendo drama, minha vida. - Deu um beijo na bochecha de Sophia. - Igual quando disse que ia embora. Se você for lá e pedir desculpas não vai ter adiantado nada. Mais dois dias e ela vai pedir desculpas pra todo mundo. 

- Mas e se ela não comer por dois dias? - Perguntou preocupada. 

- Ela já deve estar morrendo de fome, eu vou lá levar um sanduíche pra ela. - Ficou de pé e caminhou pra cozinha. 

- Eu espero que o seu pai não leve esse castigo a sério demais e acabe fazendo mal pra minha filha. - Sophia falou baixo, Júlia saiu de seu sofá e foi sentar-se ao lado da mãe. 

- Ela também é filha dele, ele não vai fazer nada de mal. - A menina deu de ombros e abraçou a mãe. - Fica tranquila e confia no meu pai. - Sophia respirou fundo e assentiu algumas vezes. 


- Ei, Cléo! - O moreno disse ao entrar no quarto da filha depois de mundo bater e ela não abrir. - Será que você está surda? - A menina estava deitada de bruços, apenas virou a cabeça pra encarar o pai. 

- O que você quer aqui? - Foi grossa e Micael franziu a testa. - Eu já disse a Júlia que eu não quero comer nada. 

- Cléo, você não pode ficar sem comer. - Colocou o prato com sanduíche no criado mudo. - Não importa se sua mãe brigou com você ontem, essas coisas acontecem. 

- Não acontecem não. - Se sentou. - A minha mãe nunca falou daquele jeito comigo. Você com esse castigo conseguiu até deixar a minha mãe com raiva de mim. 

- Eu? - Ergueu uma sobrancelha. - Você acha que o problema fui eu? Você não consegue enxergar como você é? - A voz de Micael era baixa e controlada. 

- Eu me enxergo muito bem. - A menina prendia o choro, era notável que estava desesperada. 

- Cléo, você é mal criada e cruel. - Ela fez uma careta. - Além de desrespeitar todo mundo que está a sua volta, você é cruel. 

- Eu não sou cruel, nunca machuquei ninguém. - Micael suspirou, desabotoou o paletó e o tirou antes de se sentar na cama. 

- Sabia que palavras machucam? - Ela ficou em silencio. - Depois de toda confusão que teve com a sua irmã no natal, com aquele cara aparecendo, você viu ela chorando e mesmo assim começou a caçoar da sua irmã chamando-a de adotada. - Ela desviou o olhar. - Você não precisa de nada físico pra machucar as pessoas, você debocha, você maltrata e isso só vai fazer com que as pessoas se afastem de você. 

- Mas eu não quero que ninguém se afaste de mim. - Ela começou a chorar. - Eu só estava implicando com ela, mas não achei que fosse tão ruim assim, achei engraçado.

- Cléo, sua irmã estava abalada, estava chorando. Não é engraçado quando só você ri, não é brincadeira daquele jeito. Aquilo foi cruel. 



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