Virada - Capítulo 76

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- Ah, pelo visto o casal mais complicado do momento já se acertou! - Branca falou assim que viu Sophia e Micael entrarem em casa de mãos dadas. Ela estava com um coque e uma vassoura na mão. Os moveis estavam todos fora de lugar, pelo visto era uma faxina daquelas. 

- Ninguém estava brigado aqui, sogra! - O moreno se pronunciou. - A Sophia que complica tudo! 

- Ei, não complico nada. - Rebateu. 

- Ah, minha linda. - Abraçou ela e lhe deu um beijo na cabeça. - Vai lá fazer o que você ia fazer, a corretora já está esperando a gente. 

- Sim. - Disse empolgada e saiu correndo escada acima. 

- Onde está a Júlia? - Micael perguntou e Branca sorriu novamente, adorava a aproximação de Micael com a neta. 

- Está com a Jhenny arrumando o quarto dela. Aquilo lá estava uma bagunça. - Micael riu e negou com a cabeça. 

- Eu vou lá falar com ela, tá bem? - A mulher assentiu e voltou a varrer a sala. Micael subiu os degraus e chegou  ao quarto da pequena que estava sentada na cama com os braços cruzados e um bico imenso. - Eu acho que alguém tá com raiva. - Se sentou ao lado da menina que sorriu ao vê-lo. 

- Tio! - Sentou em sua perna. - Me ajuda, a minha tia tá jogando tudo fora! - Micael esticou a cabeça para ver o que Jhenny estava fazendo. Ela limpava o armario da menina.

- Para de drama, Júlia. - A adolescente bufou. - Um milhão de roupa e de brinquedos que você nem usa mais. 

- Mas são meus, é tudo meu! - Parecia que seu bico tinha ficado maior. - Você não pode jogar isso fora. - Se levantou e foi correndo pegar uma boneca que Jhenny estava a ponto de jogar dentro do saco. - Eu gosto dela. 

- Júlia, você nem brinca mais com isso, você nem olha mais pra esses brinquedos. - Tomou da mão da menina e colocou na sacola. - E não vou jogar fora, nós vamos doar para o orfanato, lá tem um monte de criancinha que não tem nenhum brinquedo. 

- Eles não tem e ai tem que usar o meu? - Cruzou os braços parecendo gente grande. 

- Eles vivem de doações e você vai aprender desde pequena a ajudar quem precisa. Nem adianta fazer bico. Eu mandei você escolher qual não queria mais, e você não quis escolher, então eu escolho por você. 

- Mas são meus... - Abriu o berreiro e voltou pro colo de Micael. - Eu gosto de todos eles. 

- Ju, eu sei que você gosta deles. - Micael começou a falar. - Mas no orfanato, as crianças que tão lá não tem nenhum, se você pode ajudar, porque não ajuda? 

- Por que os pais deles não compram brinquedos pra eles? - Ela encarou Micael com os olhos vermelhos. - Essa boneca ai foi meu papai que me deu! - Se levantou novamente pra pegar a mais recente boneca que a tia tinha arremessado no saco de doações. - Foi o ultimo presente que ele me deu titia. - A jovem mulher olhou pra Micael que assentiu, pedindo que deixasse aquele com ela. 

- Tudo bem, Júlia. - Suspirou. - Guarda ela. - A menina sorriu em meio as lagrimas e voltou para o colo de Micael acariciando os cabelos de sua boneca de pano. 

- As crianças que estão no orfanato. - Micael continuou a falar, ganhando a atenção da criança. - Elas não tem pais pra comprarem brinquedos, roupas... 

- Não tem pais? - Franziu a testa. - Todo mundo tem. 

- Nem todo mundo. - Sorriu. - Quando a gente for lá levar, você vai junto. - A criança fez uma careta. 

- Não acho uma boa ideia. - Jhenifer falou do canto. - Ela vai fazer um escândalo quando ver as outras crianças com os brinquedos dela. 

- Ela já está bem grandinha e precisa aprender a dividir e ajudar. - Deu um beijo na testa dela. - Eu sei que ela vai se comportar, num vai? 

- Mas eu não quero ir. - Fechou a cara. 

- Você vai gostar! - Sorriu e colocou a menina no chão, em seguida ficou de pé. - Agora eu tenho que ir. 

- Mas já? Pensei que fosse ficar até mais tarde aqui. - O bico que se formou na cara de Júlia era a coisa mais fofa do mundo pra Micael. Gostava de saber que era importante pra menina a ponto dela o querer sempre por perto. 

- Eu vou sair com a sua mãe. - Passou o dedo na ponta do nariz dela. - Nós vamos dar uma olhada na nossa nova casa. 

- Nossa casa? - Arregalou os olhos. - Vamos morar todos juntos?

- Eu, você, sua mãe e seu irmãozinho. - Sorriu. - Se tudo der certo muito em breve. 

- Eu posso ir junto olhar a casa? - largou a boneca e juntou as mãozinhas como se tivesse implorando. - Eu juro que me comporto. 

- Vai deixar sua tia fazer a limpa no seu quarto sozinha é? - Ele perguntou já rindo da confusão que se formou no rosto da menina. 

- Ela não vai jogar tudo fora? - Olhou pra cara da tia. - Né titia? 

- Não, Ju. - Suspirou. - Já até acabei. 

- Então vamos lá falar com a sua mãe! - Ela deu a mão para Micael e os dois foram para o quarto de Sophia. Ela estava calçando um tênis e sorriu quando viu os dois adentarem seu quarto. 

- O que os amores da minha vida estão aprontando? - Sorriu desconfiada ao encarar os dois. 

- Arrumei companhia pra gente. - Se sentou ao lado da namorada. -  Ju vai também. 

- Ah, ela vai? - Ergueu uma sobrancelha. - Eu quero saber quem foi que deixou. 

- Mamãe, por favor! - Juntou as mãos novamente. - Por favorzinhooooo

- Por favooor - Micael imitou a pequena. - Deixa mamãe. 

- Ah pronto, os dois agora que são amiguinhos vão ficar unidos contra mim. - Se levantou e colocou as mãos na cintura. 

- Claro que não, a gente te ama. - Julia disse fazendo com que eles rissem. 

- Dessa vez tudo bem, mas não vão achando que isso aqui. - Gesticulou entre eles. - Vai sempre dar certo não. 

- Oba! - A menina deu uns pulinhos. Sophia examinou a roupa que ela estava vestindo e chegou a conclusão que estava boa para sair. Foi até o quarto dela e pegou uma sandália, calçando no pé da menina. - Vamos, logo. A mulher não deve mais aguentar esperar. 

- É uma boa venda, com certeza ela aguenta. - Micael riu e deu um selinho na namorada. - Eu amo você. 

- Eu também amo você.  - Disseram já dentro do elevador do prédio. 

- E eu amo vocês também. - Julia disse chamando atenção dos dois que sorriram. 

Virada [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora